Lembro bem que uma das reações de nosso editor, Geraldo Tite Simões, foi em me cobrar a grande quantidade de imagens e pouco texto. Na ocasião tentei justificar que o antigomobilismo é muito mais contemplativo que dissertativo … e agora sei que novamente serei cobrado. Diferente da profusão de dados que um teste ou um comparativo gera, tenho que as clássicas alem de fazer o seu papel histórico, é um exercício de transporte às nossas raízes, fazendo o encontro visual com as lembranças que povoam nossa mente.
Em outra matéria ainda, falei sobre o colecionador, que antes de se especializar em algum segmento, acabava se tornando um colecionador de amigos antes de tudo.
Linhas de pensamento colocadas imaginem que, dentro das 5 horas que lá fiquei, passei umas 4 apenas revendo e conversando com meus bons e velhos amigos … só por isso, poderia findar este transpirando a satisfação que foi, mas acho que vocês querem um pouco mais que isso … e falar também que quem não foi perdeu é uma bobagem, pois seria apenas a constatação do obvio !
Este ano, em particular, representei o MOTONLINE na qualidade de expositor, com direito a voto para a melhor motocicleta, que realmente foi uma tarefa estressante; pois em cada moto temos uma história, em cada moto um sacrifício, e em cada moto uma alegria. Pensando assim, vou me privar das frias considerações técnicas, e tentar resgatar esses valores, aliados a minha história de vida.
Meu primeiro destaque vai para o Sr. Jayme Szyflinger que brindou o evento com uma raríssima DKW Auto Union Militar com side car, modelo SB350 de 1938. Uma peça que fora todo o levantamento possível dentro dos padrões de um concurso, esconde uma história única, que lhe confere um valor incalculável.
O Sr. Jayme é o quarto dono, sendo que o primeiro foi o exercito alemão, o segundo foi o exercito inglês, o terceiro foi o Sr. Leyzor, que se alistou no exercito inglês aqui mesmo do Brasil por volta de 1943, onde já se encontrava fugido da perseguição alemã, e que no final da guerra foi agraciado com a moto pelo reconhecimento do comando inglês, a qual usou na procura de seus pais e parentes perseguidos na Alemanha, tanto nas cidades quanto nos campos de concentração. Retornando ao Brasil, trouxe na bagagem essa moto, que hoje é mantida pelo seu filho Jayme, que tem a mesma como pano de fundo de toda a sua vida !
MOTOGUZZI AIRONE 250 de 1956
HONDA CB450 de 1967
YAMAHA 350 de 1968
YAMAHA XT500 de 1979
e as saudosas TZ de PISTA
O interessante ainda é que do lado de fora da área de exposição também tínhamos algumas peças significativas, como são os casos dessa Yamaha TT e da Honda SABRE V45 :
Fecho esta, parabenizando a todos os expositores pelo show ofertado, todos os visitantes (que esse ano realmente foram muitos); agradecendo ainda a organização do evento pela qualidade; e lembrando que já estou me preparando para o próximo ano …
” Antes de DESTRUIR, PRESERVE ”