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Comuns tanto no calorão do trânsito urbano quanto em rodovias intermináveis, os capacetes modulares conquistam pela sua praticidade, afinal, oferecem de uma só vez a flexibilidade de um modelo aberto e a segurança de um fechado. Mas, vez ou outra levantam a dúvida: afinal, capacete articulado é seguro? Mas se ele foi feito para abrir, é confiável sob qualquer tipo de impacto?

Vale a pena comprar um capacete articulado? Buscamos as repostas sobre capacetes escamoteáveis (modulares, Robocop) com um especialista em desenvolvimento de produtos, Lucas Acevedo

Vale a pena comprar um capacete articulado? Buscamos as repostas sobre capacetes escamoteáveis (modulares, Robocop) com um especialista em desenvolvimento de produtos, Lucas Acevedo

Para sanar as dúvidas de quem está se perguntando se vale a pena comprar um capacete escamoteável (articulado, modular, flip up ou, na linguagem popular, Robocop) conversamos com um especialista. Lucas Acevedo é formado em Design Industrial pela Faculdade de Bogotá Jorge Tadeo Lozano e mestrado em Design de Produto, pela FAAP, em São Paulo.

Capacete articulado é seguro?

Atualmente, Lucas é o coordenador de desenvolvimento de produtos da BR Motorsport, empresa parceira do Motonline e que representa no Brasil marcas como AGV, LS2 e Norisk, reconhecidas internacionalmente na produção de capacetes. Tire suas dúvidas na entrevista:

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  • Além da versatilidade, quais são os outros diferenciais dos capacetes escamoteáveis?

Como podem abrir são mais práticos, até mesmo na hora de conversar sem precisar tirar o capacete, por exemplo. Além disso, o desenho de seu casco facilita o uso de óculos (de correção ou sol), gerando mais conforto sem comprometer a capacidade visual. Ainda, o campo de visão dos modulares costuma ser maior que o de um capacete padrão.

Diferentes modelos, versões e preços não faltam

Diferentes modelos, versões e preços não faltam

  • Esses modelos têm construção mais complexa, com um número maior de peças e encaixes. Afinal, são realmente seguros?

Quando fechados, eles apresentam índices máximos de proteção, semelhantes aos capacetes integrais. Não é porque são modulares e por possuir mais peças que são menos seguros. Uma prova disso pode ser observada nas ruas, afinal diversas forças policiais e militares no mundo inteiro usam capacetes articulados. Tenha a certeza de que se eles não fossem suficientemente seguros esses profissionais não os usariam.

Todos os capacetes modulares excedem testes de segurança dos diferentes tipos de certificação. Porém, independente do tipo de acidente, os capacetes modulares apresentam um “ponto fraco” na dobradiça e no botão de trava. É uma questão física e mecânica, que não podemos negar. Entretanto, no desenvolvimento e no design dos produtos este “ponto fraco” é repensado e reavaliado através dos materiais e seus encaixes.

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Capacetes articulados fazem sucesso com forças policiais, o que, para Lucas, é uma amostra de sua segurança

Capacetes articulados fazem sucesso com forças policiais, o que, para Lucas, é uma amostra de sua segurança

  • Falando no ponto de encaixe, em alguns modelos a parte frontal parece ser bem fina, com poucos milímetros de espessura. É algo a se ficar atento na hora da compra?

Não. A espessura da queixeira e das laterais são da mesma medida do casco externo do capacete, isso é uma questão de impressão. Normalmente você acha que o capacete tem uma espessura maior na região superior da cabeça, porque ali encontra-se o casco interno de EPS (poliestireno expandido, comumente conhecido pela marca Isopor), que permite gerenciar e diminuir a energia do impacto em caso de acidente.

  • Considerando dois capacetes de uma mesma marca e confeccionados com os mesmos materiais, mas sendo um fechado e outro articulado, ambos apresentam o mesmo nível de segurança?

O capacete modular, enquanto estiver fechado, apresenta os mesmos níveis de proteção do capacete integral. Vale ressaltar que nos últimos anos os capacetes articulados têm melhorado muito, em todas as faixas de preços. Assim consideramos que eles oferecem uma segurança similar ao um capacete integral.

Na Europa já há a certificação 'P/J', que valida o capacete para ser usado tanto aberto (J, de “Jet”) quanto fechado (P, de “protective full face”). Na foto, o modelo LS2 Valiant.

Na Europa já há a certificação ‘P/J’, que valida o capacete para ser usado tanto aberto (J, de “Jet”) quanto fechado (P, de “protective full face”). Na foto, o modelo LS2 Valiant.

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  • E o que deve ser observado na hora de comprar um capacete articulado?

Essa resposta é grande. Eu recomendo capacetes modulares para os seguintes tipos de pilotagem: mobilidade urbana (Commuting) e nos passeios de estrada e aventura (Touring), pelas características de praticidade e segurança sobre as quais já falamos. Os fatores para ter em conta na hora da escolha são:

  • A) O tamanho e formato da cabeça: A estrutura corporal difere de pessoa para pessoa e é bem importante que todo piloto esteja ciente disso. Existem três tipos de formato da cabeça: oval redonda, oval intermediaria e oval alongada. Observe sua cabeça e tente enquadrá-la em um desses. Se o capacete que estiver provando está pressionando pontos errados na sua cabeça, como por exemplo a têmpora, certamente esse não é o seu tipo de capacete. Um capacete do tamanho certo se encaixa exatamente à cabeça, pressionando as bochechas. Não deve ficar frouxo, mas também não pode machucar a pele na remoção.

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  • B) A retenção: Eis um fator muito importante ao escolher um capacete articulado. Ele precisa ficar na sua cabeça e resistir as condições de força contrária. Prove, ajuste a cinta jugular e abra o capacete, force-o para trás e veja se ele sai da sua cabeça. Depois, faça o mesmo com ele fechado. Se o capacete ameaçar escapar ajuste a cinta de novo e se mesmo depois  ele não estiver onde deveria, esse não é o tamanho ou modelo ideal para você.
  • C) A viseira: Este é um fator crucial na escolha. A viseira deve ser cristalina e sem distorções. É importante experimentar o capacete, abrir a viseira e olhar para cima, para abaixo e para os lados. Depois faça o mesmo com a viseira fechada. Também compare cores, continuidade das formas e os contrastes. A visão com viseira deve ser igual a sua visão sem ela.
Apesar de mais complexos. com mais peças e encaixes, modelos articulados buscam transmitir os mesmos níveis de segurança dos fechados

Apesar de mais complexos. com mais peças e encaixes, modelos articulados buscam transmitir os mesmos níveis de segurança dos fechados

  • Quais outras informações devemos ter em mente quando o assunto é capacete articulado?

Primeiro, é importante frisar o avanço destes produtos. Inclusive, na Europa já existe a certificação P/J, que valida o capacete para pilotar tanto aberto (J, de “Jet”) quanto fechado (P, de “protective full face”). Mas, lembre-se, no Brasil, por lei, enquanto você estiver pilotando com um capacete modular é preciso sempre mantê-lo fechado.

Bom, além disso vale lembrar a importância de buscar por produtos de qualidade. As marcas com as quais trabalhamos, por exemplo, LS2, AGV e Norisk, têm capacetes modulares em ABS e KPA, fibra de vidro, fibra de carbono e os tri-compostos, materiais iguais aos empregados na produção de modelos fechados. Vale lembrar os modelos de 180º, que são uma tendência para o futuro. Além de distribuir melhor o peso da queixeira, permitem serem usados das duas formas (Homologação P/J).

Por fim, nunca cansa lembrar: todos os capacetes articulados são submetidos a diferentes tipos de certificação. Quero frisar que todos os capacetes foram projetados para aumentar suas chances de sobreviver a um possível acidente, sejam abertos, integrais ou modulares. Então sempre use capacete!

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