Você domina mais forró ou valsa? Pode não parecer, mas essa é uma questão pertinente do assunto de hoje. Aqui está o quarto episódio da série 5 Segredos das Curvas, que ensina técnicas de pilotagem defensiva para aplicar em sua moto, seja ela um scooter ou representante de qualquer outro estilo.
- 5 segredos das curvas pt.1: as três partes da curva
- 5 segredos das curvas pt.2: olhar que atrai ou distrai
- Parte 3: como perder o medo para inclinar
Assim, a dica aqui é: dance no ritmo das curvas. Entretanto, antes de começar preciso fazer uma observação. Na Série falamos estritamente de pilotagem defensiva, em uso estradeiro e urbano, onde usamos nossas motos dentro de velocidades permitidas e seguras. Ou seja, deslocamento do corpo para fora da moto, joelhos ou cotovelos raspando no chão, pêndulo ou outros movimentos corporais – todos necessários em altas velocidades -, neste artigo, esquece!
Dicas para fazer curvas de moto e scooter: hora de dançar
Em minhas palestras incentivo os participantes a dançar comigo, ops, com a moto. Nesta dancinha das curvas, como muitos alunos carinhosamente denominam, chamo a atenção em dois principais movimentos corporais do piloto: corpo inclinando no mesmo ângulo da moto em curvas abertas de médias e altas velocidades e corpo reto, com menos inclinação do que a moto em curvas fechadas de baixa velocidade ou, ainda, desvios repentinos.
Forró ou Valsa?
Em alguns cursos de pilotagem defensiva já ouvi que ‘o correto para contornar uma curva com segurança é encostar as pernas no tanque e movimentar o corpo conforme a velocidade de entrada, cabeça e saída da curva’. Mas e no caso das scooter, que o tanque não fica próximo das pernas? Pensando em casos assim preferi ser mais lúdico e adotar uma analogia com ritmos que todos já ouviram falar: forró e valsa.
Forró: curvas fechadas e de baixa velocidade
O forró acontece com o corpo reto e a moto inclinada. Desse modo, aqui o movimento está em mexer mais o
quadril e o resto do corpo vem depois, de forma harmoniosa. Assim, caso necessite desviar de um espelho retrovisor, de um buraco ou uma fechada de algum veículo, o piloto deve deixar o corpo reto “empurrando com o quadril” a moto para inclinação.
Para decorar esse passo de dança (e a posição corporal a manter sobre a moto) tenha em mente a imagem de um piloto de motocross fazendo curvas. Moto lá embaixo, bem inclinada, com corpo ‘quase’ a 90 graus. Pensou? Lembre dela.
Entretanto, uma observação antes de seguirmos com nossas dicas para fazer curvas de moto e scooter. Na verdade, não é o quadril que empurra a moto para a inclinação, mas a mudança de posição corporal incentiva flexionar os braços e, consequentemente, esterçar o guidão, mesmo que este esterçamento seja muito sutil. Veremos esse tipo
de ação com mais detalhes no 5º segredo da curva: o contra esterço.
Valsa: curvas abertas de médias e altas velocidades
Já a valsa rola com o corpo inclinado junto com a moto. Quando esse ritmo musical surgiu na Áustria e Alemanha era considerada uma dança nobre, na qual o casal bailava com os corpos juntos, movimentando-se de forma conjunta. Já entendeu, né?
Assim, com o corpo inclinado junto da moto essa dança é indicada para contornar curvas abertas, com maiores velocidades, aproveitando a inércia, o torque nas reacelerações em saídas de curvas e a segurança que os pneus têm ao solo – o que foi assunto do nosso terceiro segredo.
Sempre lembrando: não é o corpo o principal agente para inclinar a moto, mas sim o movimento do guidão. O posicionamento corporal auxilia no esterçamento do guidão.
O punta taco das motos
Simples, né? Aqui, trago outras dicas de exercícios que vão ajudar a realizar curvas fechadas com a moto sem tombá-la. Inclinar até o limite e não deixar a moto cair por falta da velocidade de rotação das rodas (efeito giroscópio) é uma tarefa que muitos suam em fazer. Assim, vejam o que eu chamo de “punta taco” das motos.
Motos com embreagem: deixe em uma marcha forte (a segunda marcha é a ideal) e com auxílio do freio traseiro e meia força na embreagem em conjunto com aceleração suficiente para que o motor não apague incline a moto e contorne a curva aproveitando a inércia. Assim, não deixará o motor morrer e evitará que a moto dê aqueles “socos” ao enviar a força do motor para a roda traseira. Cuidado! Não use o manete da embreagem até o final, pois se assim o fizer a moto perde força e o tombo será inevitável.
Scooter e outros modelos sem embreagem: use o freio traseiro com leves toques no manete acelerando ao mesmo tempo . Mas cuidado! É necessário muita coordenação motora para esta técnica. Frenar demasiadamente e não acelerar o suficiente não dará a força necessária para equilibrar a scooter.
A harmonia em equilibrar a força de frenagem com a reaceleração é o ponto chave para a sucesso desta técnica. Por este motivo, insisto que é extremamente necessário um curso de pilotagem específico para scooteristas.
Não seja um robô
Então, agora já sabemos como encarar curvas (de forma defensiva, claro), em diferentes situações. Entretanto, lembre-se: há situações em que precisamos de diferentes posicionamentos corporais para a mesma trajetória da curva.
Ou seja, não permaneça imutável. Esteja atento, concentrado e sempre em busca de pilotar da melhor forma naquela situação. Por exemplo: você está em uma rodovia no meio de uma longa curva e, de repente, surge um animal ou buraco na sua frente, lhe obrigando a fazer um desvio rápido. Em casos assim, a mudança do posicionamento do piloto se faz necessária.
Dica 5 para curvas de moto e scooter: contra esterço
Na próxima semana vamos falar sobre o último dos 5 segredos das curvas: o contra esterço. Até lá, sugiro que você lembre e pratique o que vemos até aqui, passos fundamentais para encararmos nossa lição conclusiva: as três partes da curva; olhar que atrai ou distrai?; os dois limites de inclinação; e, agora, dançando sobre a moto. Até a próxima!