A Africa Twin é uma das mais conhecidas bigtrail do mundo. Sua versatilidade e bom desempenho em qualquer terreno lhe garantiram fama que atravessou décadas, unindo a primeira geração, dos anos 1980, a mais recente CRF 1100L – que está prestes a desembarcar no Brasil… Mas espere, estamos falando da moto errada!
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Africa Twin chinesa… ou quase isto
Engana, né? A Hengjian se inspirou tanto no modelo da Honda ao conceber a sua aventureira de 500 cilindradas que os desatentos podem facilmente confundir os dois produtos. Sequer detalhes como protetores de motor e sub-chassi aparente foram poupados. Assim, a Haidao 500 GS é praticamente uma ‘cópia chinesa’ da Africa Twin.
Aliás, não é raro ver motos e carros chineses que, digamos, exageraram ao se inspirar em cases de sucesso. Há alguns meses apresentamos aqui no Motonline a S 450, uma esportiva fabricada pela Shanyang Moying que é a cara (o banco, a rabeta, a carenagem, os espelhos, as cores… e até o logotipo!) da BMW S 1000 RR – relembre.
Uma bigtrail ‘baratinha’
O design da Haidao é descaradamente baseado na Africa Twin 1100. Desde o conceito, as linhas da dianteira e concepção da traseira, a detalhes como os faróis duplos, o para-brisa preso por 4 parafusos, o banco quase plano, o subchassi parcialmente exposto e, até, o protetor da correia. A mecânica seguiu a mesma inspiração, como veremos abaixo.
Entre as diferenças, claro, o preço. Enquanto a Africa Twin 1100L custa a partir de 14.400 Dólares nos Estados Unidos, a chinesa tem preço equivalente a 4.250 Dólares – ou R$ 23.150, daí a cifra que ilustra o título desta reportagem. Ou seja, menos de 1/3 do valor. No Brasil a Africa Twin 1000L tem preço sugerido de R$ 61.214 e a 1100, prevista para chegar em 2021, ainda não teve seu valor divulgado.
Como é a Africa Twin chinesa
Assim como sua musa inspiradora japonesa, a Haidao também possui motor de 2 cilindros em linha e com arrefecimento a líquido. Fabricado pela Loncin Motor – e igualmente ‘inspirado’ nos corações da família CB 500, o propulsor entrega 44 cv a 8.500 rpm e 4,0 kgf.m a 7.000 rpm. Na Africa legítima são 90,2 cv e 9,3 kgf.m, a respectivos 7.500 e 6.000 rpm.
A eletrônica está presente no ABS comutável, suspensão dianteira invertida, assento com altura ajustável e, entre outros recursos, painel digital. Como era de se esperar, a tela TFT de 7 polegadas, sensível ao toque, é inspirada no display da Honda e, por isso, tem um pequeno LCD logo abaixo da tela principal. A chinesa ainda possui duas câmeras, sob os farois e lanterna traseira, que podem ser gerenciadas pela central colorida.
A versão ADV, ao melhor estilo ‘Adventure Sports’, possui rodas raiadas de 21 e 18 polegadas e protetores de carenagem, de cárter e mãos. Também há uma variante, com rodas 19 e 17, voltada ao uso menos aventureiro.
Pronta para rodar mais de 1.000 quilômetros
Para finalizar a apresentação da caricata oriental, o tanque de combustível. Ou melhor, os tanques. O modelo possui dois compartimentos, com o segundo localizado sob o banco (como ocorre em algumas BMW GS), com 23 litros no espaço principal e 17 no secundário.
Ou seja, tem a invejável capacidade de levar 40 litros de combustível – número digno de motos de rali ou carros de entrada, quase alcançando os 44 litros do Chevrolet Onix. Com todo este fôlego é possível rodar mais de 1.000 quilômetros sem reabestecer, segundo a própria fabricante – apontando para uma média de consumo de 25 km/litro.
Venda no Brasil
Sem representação oficial ou parceira de importações por aqui, não há qualquer probabilidade da ‘Africa Twin chinesa’ vir ao Brasil. Mas, caso viesse, certamente encontraria uma boa base de fãs. Qual fã de aventura não toparia uma moto com ABS comutável, painel TFT, altura do assento ajustável e mais de 40 cv por um preço na casa dos R$ 30 mil? E você ainda faria inveja ao vizinho, aparentando estar de Honda 1100.