Publicidade

Testamos o ADV, novo scooter de 150 cilindradas da Honda no Brasil. Com visual inspirado no ousado X-ADV e mecânica herdada do sucesso de vendas PCX, ele quer persuadir fãs do crescente segmento de scooter (o que mais ascende no Brasil, aliás) de que é uma opção para ir além do asfalto, mas será que convence?

 

No nosso teste com o ADV, o modelo surpreendeu pelo baixo consumo e eficiência na sua proposta de uso misto – ou quase isso

O teste ride aconteceu na região de São José dos Campos (SP), num misto de perímetro urbano e rodoviário que totalizou cerca de 130 quilômetros. O ADV também encarou uma terrinha para por à prova suas suspensões exclusivas e pneus de uso misto. De antemão, um spoiler: a economia surpreendeu positivamente.

Publicidade

Teste do Honda ADV, um ‘PCX aventureiro’ ?

Nós já falamos bastante sobre ele, mas não custa lembrar. Em 2019 a Honda apresentou o ADV no Salão Duas Rodas como uma possível novidade ao nosso mercado e oficializou sua vinda no final ano seguinte . Com uma proposta inédita no segmento, desde o início o scooter chamou nossa atenção.

Modelo tem linhas bem mercadas, inspiradas no X-ADV. Nota azul para o bom nível de acabamento e qualidade dos plásticos

O ADV tem como base o PCX, sucesso de vendas da categoria no Brasil. Aliás, líder isolado no ranking dos scooter mais vendidos do país. Em 2020 o modelo emplacou 26.659 unidades, quase o dobro do Elite 125, segundo colocado, e seus 14.024 registros. O terceiro foi o Yamaha NMax, com 12.488.

X-ADV inspirou o ADV de 150 cilindridas. Aqui a brincadeira é bem mais séria e movida pelo motor de dois cilindros e quase 55 cv – mas custa mais de R$ 70 mil, infelizmente

Publicidade

 

As principais diferenças entre o PCX e o ADV estão no design e no potencial de uso (leve) no fora de estrada do segundo. Assim, ele se destaca por itens como os pneus de uso misto e o para-brisa, ajustável em duas posições. Merece destaque a suspensão, já que tem curso alongado tanto na dianteira quanto atrás. São 130 mm de curso na frente e 120 mm na traseira, onde há sistema assinado pela Showa e mola de três estágios. No PCX, são 100 mm em ambas as rodas.

PCX, líder isolado entre os scooter do Brasil, empresta o motor e base mecânica ao novo e aventureiro ADV

Motor e tecnologia

O novo scooter da Honda conta com painel digital e completo. Numa tela de LCD, também inspirada no X-ADV, há informações sobre consumo instantâneo e médio, temperatura externa, nível de carga da bateria, indicador de troca de óleo, relógio e um pequeno calendário com dia e mês. Como há trip A e trip B é possível fazer diferentes medições de consumo médio simultaneamente.

Publicidade

Painel digital também deriva do X-ADV, que por sua vez é inspirado nas planilhas das motos de rali. Destaque ao marcador de nível de carga da bateria e termômetro ambiente

A tecnologia ainda está representada pela iluminação full LED, sistema idling stop (aquele que desliga o motor ao ficar mais de três segundos inativo), smart key para partida sem chave, abertura do tanque e banco na ignição e tomada USB. Tudo como há nas versões mais caras do PCX, com quem o ADV também compartilha os compartimentos na carenagem e sob o assento.

Há tomada USB no compartimento atrás da carenagem, assim como no PCX. Mas aqui o guidão é diferente e similar aos das motos, repare na mesa no canto superior da imagem

O motor é o mesmo monocilíndrico, de 149,3 cm³ e arrefecido a líquido que já conhecemos do PCX, mas com uma pequena mudança no duto de admissão do ar. Assim, a potência é idêntica nos dois modelos, com 13,2 cv a 8.500 rpm, assim como o pico de torque. Entretanto, no PCX os 1,38 kg.m chegam um pouco antes, aos 5.000 rpm, ante os 6.500 rpm do ‘irmão’.

Altura do ADV

O chassi também é praticamente igual entre os dois, mas recebeu pequenos ajustes para poder alocar o tanque de combustível perto dos pés do piloto no novo modelo, e não sob o assento. Sua capacidade é de 8 litros, boa para um scooter pequeno.

O assento do ADV é 3 cm mais alto do que o do PCX e 1 cm mais baixo que o do SH 300i. Graças ao formato do banco, passa segurança mesmo para pilotos com cerca de 1,65 m

Com as suspensões mais altas o ADV também tem maior altura do chão e do banco, certo? Certo. O vão livre em relação ao solo cresceu 3 centímetros, de 137 mm para 165 mm, assim como a distância do bumbum do piloto até o chão, que no novo modelo é de 795 mm. Para se ter uma noção, ele é mais baixo que o SH 300i e seus 805 mm. Assim, não é probitivo nem mesmo para quem tem cerca de 1,60m de altura.

Consumo do Honda ADV

Segundo o Instituto Mauá de Tecnologia, o modelo faz uma média de 50,9 km/litro em perímetro urbano e 34,2 km/litro em uso rodoviário, a uma velocidade constante de 80 km/h. Os números retratam o que encontramos no nosso teste, em que ele chegou à marca de 54,4 km/litro ao rodar na cidade. Nada mau.

Com praticamente os mesmos números do ‘irmão’ PCX, motor surpreende pela economia: médias acima dos 50 km/litro

Hora do teste: como é rodar com o novo ADV

Feitas as devidas apresentações vamos ao teste. Nosso percurso começou pela área central de São José, onde o ADV mostrou a já esperada agilidade entre os carros, assim como o suave funcionamento do motor. Ali suas suspensões também exibiram bom funcionamento, especialmente em impactos maiores, como tampas metálicas no asfalto e lombadas, em que os demais scooter pequenos costumam dar fim de curso.

Rodamos cerca de 130 quilômetros com o novo scooter da Honda, passando pela cidade, rodovia e estradas de terra

Apesar de confortável e estável, é nítido que o ADV não está em casa ao rodar em rodovias. O consumo sobe e, por mais que seja progressivo e suave, o motor precisava gerar mais potência para encarar aclives sem diminuir a velocidade. Por falar nela, a velocidade máxima é de aproximadamente 115 km/h – no painel.

Como é rodar com o ADV na terra

Aqui estava nossa maior curiosidade, que foi recebida com uma surpresa positiva. O modelo encara bem estradas de chão, nem de longe remetendo à tradicional experiência trepidante oferecida fora do asfalto pelos scooter.

ADV encara estradas de terra como nenhum outro scooter da categoria. Suas suspensões suavizam a passagem por locais acidentados e os pneus garantem boa aderência com o solo – mas lembre-se: você não está numa trail

Pequenos desníveis são absorvidas com tranquilidade, assim como pedras. Mesmo em obstáculos maiores não há fim de curso. Tudo fruto do bom trabalho realizado pela dobradinha suspensões exclusivas e pneus de uso misto, que, aliás, passaram bastante segurança mesmo ao rodar sobre um fino cascalho solto.

Ah, então o ADV é conforável como uma trail? É claro que não podemos comparar seu nível de conforto com uma XRE 300, por exemplo, assim como não podemos colocá-lo ao lado de uma CBR 1000RR por falar que tem um ‘bom desempenho’ ou de uma Gold Wing ao dizer que faz ‘bom uso da tecnologia’.

Pilotar de pé é pedir demais, né? Posição é prejudicada pelo guidão e assento ‘baixos’, que esticam os braços e não passam firmeza para as pernas

Cada produto tem seu nível de exigência nas características que lhe encaixam em determinado segmento. Obviamente o conforto e segurança do ADV na terra estão muito aquém do proporcionado por modelos como a XRE, mas estão visivelmente acima do que é encontrado em qualquer outro scooter pequeno. Outra diferença entre os dois modelos: a trail não faz mais de 50 km/litro rodando na cidade. Ou seja, são motos diferentes.

Preço

Certamente o assunto mais polêmico envolvendo o Honda ADV é seu preço. Afinal, o valor sugerido de R$ 17.490 é tratado como competitivo pela marca mas parece ter surpreendido negativamente o mercado, despertando críticas.

Suave, confiável e progressivo, o motor do ADV/PCX está longe de ser ruim. Mas a proposta aventureira pedia uns cavalos a mais. Falta fôlego para aclives íngremes ou manter velocidade elevada em rodovia

O valor significa que o ADV custa 21,4% a mais que o PCX e 16,7% acima do preço sugerido do Yamaha NMax, seus principais concorrentes. Isso não é um absurdo se pensarmos que o novo scooter da Honda ‘entrega mais’ em alguns aspectos por oferecer melhor conforto, bem como a inédita proposta de uso misto para o segmento de scooter pequenos.

Porém, precisamos considerar todos os fatores nesta equação. Infelizmente, o preço sugerido não costuma ser adotado pelas concessionárias, fazendo com que os R$ 17.490 fiquem apenas no papel. A própria FIPE afirma que o preço médio praticado pelo mercado é de R$ 18.686 e já recebemos relatos de lojas oferecendo o lançamento a exorbitantes R$ 20 mil. Aí toda aquela conversa de ‘custa, mas vale’ vai por água abaixo.

Sob o banco, espaço para um capacete integral e mais objetos

O escape passa por baixo do motor, ficando vulnerável a atritos ou pedras

Assento poderia ser menos denso, mas seu bom encaixe para as pernas permite que 'baixinhos' também fiquem à vontade no modelo

Suspensão traseira Showa com molas de 3 estágios: mais conforto em qualquer situação

Scooter tem smart key (para partida sem chave) e sistema idling stop

Abertura do tanque e assento é junto do botão de ignição

Pneus de uso misto passam segurança mesmo ao rodar em cascalho escorregadio

Vá com calma na terra: pedras podem danificar os plásticos que ficam perto das rodas

Bom nível de acabamento é marca registrada do modelo

Conclusão: então, o ADV vale a pena?

O ADV tem a qualidade mais desejada por todos os produtos, de quaisquer categorias. Ele cumpre o que promete. Como quase todos os scooter é um veículo iminentemente urbano, onde mostra agilidade, um funcionamento suave e praticidade, fruto da sua tecnologia, tradicional câmbio automático e porta objetos.

Prós e contras do ADV

GOSTAMOS
PODERIA MELHORAR
Economia
Freio ABS na traseira
Nível de acabamento
Motor mais potente, condizente com a proposta aventureira
Conforto e segurança da dobradinha suspensões + pneus
Redução do excesso de plásticos e posição do filtro de ar, que limitam seu uso na terra
Tecnologia
Densidade do banco

 

Além disto, manda bem num fora de estrada leve. Numa estrada de interior, na fazenda ou aquela via com terra e alguns cascalhos que leva até uma cachoeira ele mostra um nível de conforto não encontrado nos demais scooter da categoria e faixa de preço. De quebra, o conjunto também torna seu rodar na cidade mais confortável, fazendo os desníveis do asfalto menos perceptíveis.

 

É, portanto, um produto fiel à sua proposta, com bom desmpenho na cidade e fora dela. Porém, merecia alguns upgrades como freio ABS na roda traseira, para maior segurança, e um motor mais potente, já que convida seus proprietários a conhecerem novos destinos.

Ficha Técnica Honda ADV

Motor
Tipo OHC, um cilindro, 4 tempos, arrefecimento a líquido
Cilindrada 149,3 cm³
Diâmetro x curso 57,3 x 57,9 mm
Potência máxima 13,2 cv a 8.500 rpm
Torque máximo 1,38 kgf.m a 6.500 rpm
Alimentação Injeção Eletrônica, PGM-FI
Taxa de compressão 10,6:1
Lubrificação Forçada, por bomba trocoidal
Transmissão CVT – Tipo V-Matic
Embreagem Automática centrífuga (tipo seco)
Sistema de partida Elétrica
Combustível Gasolina
Ignição Eletrônica
Chassi e suspensões
Tipo Berço duplo
Suspensão dianteira Garfo telescópico / 130 mm de curso
Suspensão traseira Dois amortecedores Twin Subtank Showa, com mola de três estágios / 120 mm de curso
Freio dianteiro Disco simples / 240 mm / com ABS
Freio traseiro Disco simples / 220 mm
Pneu dianteiro 110/80 – 14
Pneu traseiro 130/70 – 13
Dimensões
Comp x Larg x Alt 1950 x 763 x 1153 mm
Distância entre eixos 1324 mm
Distância mínima do solo
165 mm
Altura do assento 795 mm
Capacidade do tanque 8 litros
Peso 127 kg a seco
Sistema elétrico
Bateria 12 V – 5 Ah
Farol LED
Preço público sugerido R$ 17.490
Tecnologia
Idling Stop, Smart Key, iluminação full LED, tomada USB, painel digital. Funções: relógio, data, indicador de troca de óleo, indicador de nível de gasolina, velocímetro, hodômetro total e parcial, registro de consumo médio e instantâneo de combustível, temperatura ambiente e nível de carga da bateria.

 

Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza