Mercado Por Sidney Levy 17/09/2015 14:28 (há 9 anos).

Estimuladas pela onda da redução da velocidade nas vias urbanas iniciada pelo prefeito de São Paulo (SP) e que começa a ser propagada a outros municípios brasileiros, cada vez mais pessoas entram para o maravilhoso mundo das motos – scooters, cubs, motonetas e outros veículos de duas rodas assemelhados. “Já que é pra andar devagar, eu me sinto mais seguro e confiante para andar de motinho”, me confidenciou um senhor de quase 60 anos enquanto abastecia seu scooter num posto na Marginal do Tietê, em São Paulo, onde a velocidade máxima é 50 km/h.

Ele me pediu para preservar sua identidade e não fotografá-lo, mas soltou o verbo e me contou que usava motocicleta nos anos chamados “românticos”, lá por volta de 1970 e 1980, mas que a violência e agressividade do trânsito o afastou das motos na cidade. Ele disse também que além da redução da velocidade, não faz qualquer sentido comprar uma moto maior. “Além de não poder acelerar e andar uma pouco mais rápido, há os assaltos que tiram a tranquilidade de qualquer motociclista que pilota uma moto média ou grande”, pondera acertadamente enquanto enumera os casos de conhecidos dele que foram vítimas de assaltos.

Apesar do exemplo deste senhor ser mais difícil de encontrar, a situação é muito comum hoje. Voltar a utilizar motocicleta em função do infernal trânsito urbano, do altíssimo custo para mover-se de automóvel e da precariedade do transporte coletivo na maioria das cidades brasileiras, é uma das melhores opções que muitos estão fazendo. Juntam-se a estes “retornados” os novatos – estudantes, trabalhadores, donas de casa, profissionais liberais – enfim, pessoas comuns que se enchem de coragem e, apesar das muitas opiniões contra, optam por movimentar-se nas grandes cidades com motocicletas, e temos uma verdadeira legião urbana de novos motociclistas nas ruas que, predominantemente, utilizam motos (bem) pequenas.

São 24 modelos de estilos diferentes e preços muito diferentes; o importante é decidir a que melhor se adapta a você

São scooters, motonetas e até ciclomotores que ganham as ruas todos os dias e buscam seu espaço como todos os outros veículos. E aí está o perigo, buscar espaço. Hoje há muito mais motociclistas e motoristas buscando espaço. Claro, o espaço cresceu, mas não na mesma proporção do aumento da frota circulante. Por isso, entrar para esta legião urbana exige atenção tanto no momento da escolha da moto quanto na maneira de conduzi-la em meio aos outros veículos, todos muito maiores e mais pesados.

Independentemente de qual modelo dentre as pequeninas motos você escolher, lembre-se sempre que a imensa maioria dos outros veículos que estão nas ruas são mais rápidos que o seu. Por isso, fique atento aos seguintes alertas:

  1. Olhe os espelhos retrovisores sempre e se algum outro veículo (moto inclusive) estiver muito próximo, tente dar passagem;
  2. Evite ficar na frente nos semáforos para não atrapalhar um eventual motorista (ou motociclista) apressado, pois sua pequena moto não tem capacidade de arrancada rápida e isso pode colocar em risco sua pilotagem;
  3. Seja gentil, dê passagem aos veículos maiores e mais rápidos; gentileza gera gentileza!
  4. Não entre em qualquer tipo de competição; além das suas chances de “vitória” serem quase nulas, você estará se arriscando por nada; lembre-se que o importante é chegar inteiro e em segurança;
  5. Sinalize todas as manobras e não se irrite se os outros não fizerem isso; faça a sua parte;
  6. Respeite seus limites, da sua moto, da via onde está circulando e dos outros veículos;
  7. Circule pelo corredor entre os carros apenas quando o trânsito estiver parado ou muito lento;
  8. Use TODOS os equipamentos básicos de proteção ao motociclista: calças, jaqueta com proteções, luvas, botas e capacete; o fato de sua moto ser pequena não diminui os ferimentos em caso de acidente;
  9. Treine as freadas; um volume significativo de acidentes com motos acontecem quando se utiliza os freios;
  10. Faça uma verificação completa na sua moto ao menos semanalmente: luzes (farol, piscas, luz de freio), estado dos freios e pneus e aspecto geral; se necessário, troque, ajuste ou faça um reaperto geral na moto.

    Marque suas preferidas, faça test-drive e escolha aquela que melhor “vestir”

Quanto à escolha da moto, há 24 opções de várias marcas, algumas motos muito semelhantes, cujos preços (FIPE, setembro/2015) variam entre R$2.968,00 a R$8.770,00. Ficaram fora as motos preferidas dos profissionais – motofretistas e mototaxistas – que são as street de 125 e 150 cc, e decidimos incluir apenas aquelas que estão um degrau abaixo dentro do segmento de entrada. Primeiro você deve pensar se quer ou não trocar marcha. Lembre-se que para quem não tem experiência anterior, este pode ser um empecilho enorme para aventurar-se nas ruas. Caso opte por uma moto com troca de marchas, você pode escolher uma com câmbio semi-automático, sem exigência de uso de embreagem, ou uma clássica, com o uso da embreagem na mão esquerda.

Porém, se você não quer passar marcha, escolha uma moto com transmissão tipo CVT (Continuously Variable Transmission – Transmissão Continuamente Variável) e aí é só acelerar e frear. Nesse caso, você vai acabar escolhendo um scooter. Nas outras opções, a maioria dos modelos disponíveis são motonetas ou motos street. Aquelas com motor de até 50 cc, consideradas ciclomotores perante a legislação, há a opção ao condutor de obter a ACC (Autorização para Condução de Ciclomotor) para pilotá-la ao invés da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) cujo processo é mais simples. No entanto, os ciclomotores tem restrição de circulação em vias de trânsito rápido e devem circular sempre ao lado direito da via, conforme o que determina o CTB (Código de Trânsito Brasileiro).

Finalmente, antes de decidir qual moto comprar, verifique ainda a disponibilidade de lojas e concessionárias da marca onde você possa fazer manutenção de sua moto e eventualmente comprar peças de reposição. Verifique também as condições para garantia que cubra eventual defeito de fabricação e o preço das revisões e das peças de manutenção regular, como pastilhas de freio, embreagem e pneus. Os dados sobre concessionárias extraímos dos sites oficiais de cada marca, mas no caso da Shineray não fica claro se há assistência técnica e se a loja é exclusiva da marca. Por esta razão chamamos de “lojas”.

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.
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