Publicidade
Foto: Em sua última participação no Brasileiro, Scudeler venceu a primeira etapa de 2009, no Rio

Foto: Em sua última participação no Brasileiro, Scudeler venceu a primeira etapa de 2009, no Rio

Apontando desorganização e falta de estrutura, piloto e chefe do Team Scud Racing vê-se obrigado a retirar equipe da competição já em 2009.

Após investir oito anos na evolução e no profissionalismo da modalidade no Brasil e de ter conquistado sete títulos consecutivos nas categorias principais da competição, Gilson Scudeler anunciou na manhã desta segunda feira (22) sua retirada imediata do Campeonato Brasileiro de Motovelocidade. O piloto paulista do Team Scud Racing considera que a estrutura atual do evento não atende mais ao padrão de profissionalismo observado nas últimas temporadas.

A decisão de não mais competir no Brasileiro de Motovelocidade foi tomada por Scudeler a partir da análise dos fatores envolvendo as diretrizes e caminhos seguidos pela Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM), organizadora da competição, após a saída da Honda, principal patrocinador, e das condições apresentadas na etapa de abertura desta temporada, realizada nos dias 30 e 31 de maio no autódromo de Jacarepaguá, Rio de Janeiro.

Publicidade

“O mesmo pacote que os promotores prometeram aos pilotos no inicio do ano foi o que eu anunciei às empresas que apoiam a equipe. Os promotores não cumpriram o que prometeram. Consequentemente, nós não teremos como cumprir o que prometemos aos nossos parceiros. Não acho justo para eles continuarem neste cenário”, justifica Scudeler, que tomou em conjunto com os patrocinadores a decisão de retirar sua equipe do Campeonato Brasileiro.

O piloto entende que, encerrando sua participação no campeonato, também preserva o relacionamento do Team Scud Racing com seus parceiros. “Nossos patrocinadores tiveram um bom retorno nos últimos anos. A equipe vai manter as atividades e os apoios conquistados em 2009, à espera de novas oportunidades. Eu ainda acredito que a motovelocidade brasileira pode atingir o nível de padrão e profissionalismo dos principais campeonatos internacionais”, encerra.

“AÇÕES DESENCONTRADAS” – O entendimento de Gilson Scudeler é de que “não houve um cenário seguro e de credibilidade” para a equipe e seus patrocinadores. “Houve informações e ações desencontradas na elaboração do calendário, na formatação das categorias e do regulamento. Houve mudanças de data e a confirmação de que a primeira corrida seria no Rio só aconteceu uma semana antes do início dos treinos. Além disso, não existiu um pacote condizente de mídia”, enumera.

Ainda assim, piloto e equipe dispuseram-se a participar da etapa no Rio para avaliar as reais condições do evento. Os fatores observados reforçaram as convicções do heptacampeão. “Falta estrutura da organização para manter o padrão de 2008, que era o que tínhamos como base”, ele considera. “Não havia sequer informações sobre a própria etapa na secretaria de prova. Foi o pior evento de motovelocidade do qual participei no Brasil”, afirma o piloto.

Publicidade

O piloto criticou também o serviço de atendimento e resgate disponível em Jacarepaguá. ”O fato é que não havia serviço capacitado para socorro em caso de acidentes de grande proporção num esporte de risco como é o motociclismo. Foi o caso do resgate que demorou mais que três minutos para chegar até um piloto acidentado. Se houvesse a necessidade de uma intervenção rápida, ele poderia ter sofrido danos irreparáveis à sua saúde”, avalia.

O exemplo citado por Scudeler remete a um acidente verificado durante os treinos livres da véspera da corrida. ”O piloto fraturou uma perna na queda e foi socorrido na caçamba de uma caminhonete. Isso demonstra bem o nível do serviço de atendimento médico que os pilotos tinham disponível”, relata. “O evento no Rio não teve cobertura da mídia, prova disso é que o público na arquibancada não passava de 300 pessoas”, continua o piloto e chefe de equipe.

AUMENTO DE CUSTOS – Gilson Scudeler considera também que a CBM não levou em conta a atual situação econômica ao formatar o campeonato. “Além de começar tarde, no final de maio, acrescentaram duas etapas em relação ao ano de 2008, aumentando os custos para as equipes. O novo regulamento, além de ter sido divulgado menos de um mês antes da primeira corrida, dificultando o trabalho das equipes, deixou a preparação das motos extremamente livre. Isso também aumentou os custos”, diz.

O somatório de todos estes fatores põe o campeonato em sentido oposto aos propósitos do Team Scud Racing. “O que nós esperávamos para o Brasileiro de 2009 era, no mínimo, a mesma qualidade que tínhamos nos anos anteriores. Isso não aconteceu, não vejo perspectiva de que seja possível retomar esse patamar a curto prazo”, afirma o paulista, apontando para a sensível redução do número de participantes em sua categoria, a Superbike.

Publicidade

“A última etapa do campeonato de 2008 teve 52 inscritos na Superbike, que é a principal categoria do Brasileiro. Nesta primeira etapa de 2009, apenas 12 estiveram presentes. Isso mostra que a insatisfação não é só minha, mas da maioria dos pilotos”, ilustra. “Nós sempre trabalhamos acreditando no crescimento do evento nos aspectos de segurança, promocionais e técnicos, buscando estas condições não só para a nossa equipe, mas para todas as demais”.

Em pista, Scudeler conquistou a pole em Jacarepaguá e venceu a corrida. Ele passou a disputar o Brasileiro de Motovelocidade em 2001, quando voltou ao país após vários anos atuando na Europa. No primeiro ano, foi vice-campeão da Supersport, na qual foi campeão quatro vezes, de 2002 a 2005. Em 2006, migrou para a Superbike, incorporada à competição e que ganhou status de subdivisão principal. Foi campeão em 2006 e repetiu a conquista em 2007 e em 2008.