Mesmo sem grandes alterações técnicas, a Honda promoveu um test-ride com a sua “nova” XRE 300, já apresentada há algumas semanas. Como se sabe, duas alterações técnicas relevantes aconteceram: a adoção de todo o sistema de iluminação da moto em LED e as novas alças e bagageiro em resina, o que colaborou para que a moto ficasse 5,4 kg mais leve. Esse emagrecimento também teve a ajuda de variadas mudanças na moto, como a eliminação do atuador do freio combinado que havia antes. O resto ficou por conta de mudanças estéticas, além de duas versões diferenciadas pelo grafismo – Rally e Adventure.
Este test-ride ganha importância não simplesmente pelas novidades da moto em si, mas pela apresentação logo em seguida da nova Yamaha Lander 250 ABS, que aparentemente aposentou a principal concorrente da XRE 300 – XTZ 250 Ténéré -, mas deixou a desejar em evolução tecnológica e novos apelos para ocupar o espaço que sua desaparecida irmã Ténéré deixa. Portanto seria razoável supor que a Yamaha trouxesse ao mercado uma moto em condições de concorrer em igualdade com a agora renovada XRE 300.
Já há grande especulação, apesar das insistentes negativas da Yamaha, de que a Ténérézinha não morreu, mas apenas adormeceu e acordará em breve no chassi de uma novíssima e competitiva Ténéré 300 com motor da MT-03, a exemplo do que aconteceu com a antiga XT 660 que ressuscitou como Ténéré 700 com motor da MT-07. Se for assim, esperamos que não demore muito, porque os consumidores dessa categoria tem boas opções, como Kawasaki Versys-X 300, BMW G 310 GS e essa renovada Honda XRE 300.
XRE 300, a herdeira
A Honda apresentou a nova XRE 300 como autêntica herdeira da dinastia de motos on-off-road da marca, inaugurada no Brasil em 1982, com a chegada da XL 250R, moto que fez um estrondoso sucesso no mercado brasileiro na época. Depois da “Xiselona”, como ficou conhecida, vieram em 1984 a “Xiselinha” (XL 125S) junto com a XLX 250R e as seguiram outras tantas motos dentro da categoria. Então, já que é para relembrar, acompanhe a cronologia completa da dinastia de motos on-off-road da Honda no Brasil:
- 1982 – XL 250R
- 1984 – XL 125S e XLX 250R
- 1987 – XLX 350R
- 1988 – NX 150
- 1989 – NX 350 Sahara
- 1993 – NX 200 e XR 200R
- 1996 – XLR 125
- 1999 – NX4 Falcon
- 2001 – XR 250 Tornado
- 2003 – NXR 125 Bros
- 2005 – NXR 150 Bros
- 2009 – XRE 300
- 2015 – NXR 160 Bros
- 2016 – XRE 190
Desde seu lançamento em 2009, a XRE 300 já vendeu quase 273 mil unidades (Fenabrave) e a moto sempre esteve entre as 10 motos mais vendidas do mercado brasileiro. O volume de vendas da moto sempre representou o dobro das duas principais concorrentes juntas – as Yamaha Lander e Ténéré 250 – e isso demonstra a sua invejável vitalidade mercadológica, apesar das críticas que a moto vem sofrendo ao longo desses 9 anos de existência por causa de alguns problemas no motor que foram largamente relatados e debatidos nos fóruns e grupos de clientes no início das vendas do modelo.
Vendas XRE 300 (Fenabrave) |
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Ano |
XRE 300 |
XTZ 250 (Ténéré + Lander) |
2009 | 10.998 | 10.864 |
2010 | 28.914 | 9.980 |
2011 | 33.289 | 15.381 |
2012 | 33.207 | 15.540 |
2013 | 34.548 | 15.334 |
2014 | 37.156 | 14.469 |
2015 | 28.420 | 13.770 |
2016 | 20.583 | 10.324 |
2017 | 22.794 | 11.531 |
2018 | 22.593 | 11.006 |
TOTAL |
272.502 |
128.199 |
No entanto, a Honda conseguiu deixar a XRE 300 mais leve, mais equilibrada e muuuuuuuuuuuito mais bonita. É claro que beleza tem muito a ver com gosto pessoal, mas conhecemos poucos motociclistas ao longo das várias oportunidades que tivemos de utilizar a XRE 300 que achavam realmente o design da moto bonito. E o motivo quase sempre foi aquele bico esquisito que lembrava o mosquito da dengue, aedes aegypti. Vale lembrar que os mesmos relatos atestam que foram feitas correções no motor da XRE 300 nas séries seguintes de produção. Após esta longa abordagem dos aspectos de mercado da XRE 300, o quê afinal é possível destacar após um test-ride com a nova versão desta moto? Supostamente nada haveria a ser falado diferente do que já se falou sobre ela.
Como definiu o repórter Jan Terwak, no último teste que fizemos com a moto, a XRE 300 é “uma trail muito bem acertada (…) que traz em seu design a vontade que a moto tem de encarar aventuras.” Essa virtude se deve ao bom motor de um cilindro e duplo comando de válvulas no cabeçote (DOHC) de 291,6 cm³, arrefecido a ar e alimentado pelo sistema de injeção eletrônica PGM-FI, que pode ser alimentado com gasolina e etanol em qualquer proporção. Os 25,4 cv a 7.500 rpm e o torque de 2,76 kgf.m a 6.000 rpm com gasolina (25,6 cv e 2,8 kgf.m com etanol) são suficientes para levar a moto com conforto e tranquilidade em qualquer condição.
Na estrada pudemos perceber que esta modificação feita no design das carenagens poderia incluir um para brisa para diminuir a pressão do vento contra o peito do piloto em velocidades mais altas na estrada, pelo menos nas duas versões mais caras do modelo (Adventure e Rally). A moto é alta e seria natural que se percebesse alguma instabilidade na frente em velocidade maior, mas isso não acontece e a moto tem comportamento seguro, com a frente bem firme no piso.
Os 5,4 kg a menos são responsáveis, segundo a Honda, pela maior economia de combustível e pela velocidade final para a XRE 300 que, segundo os testes realizados pelo Instituto Mauá de Tecnologia determinaram consumo médio de 30 km/l para a gasolina e 21 km/l para etanol enquanto que a velocidade máxima real é de 130 km/h. Poderemos comprovar estes números mais adiante quando fizermos um teste de uso regular com a moto.
Dentre outras virtudes da XRE 300 estão o conforto proporcionado pelo excelente conjunto de suspensões que engole lombadas, valetas, buracos e afins com mestria e segurança, além da posição de pilotagem muito bem resolvida, com o guidão e as pedaleiras posicionados para garantir que as pernas não fiquem muito flexionadas e os braços estejam em posição natural, o mesmo acontecendo com o garupa, que dispõe ainda de boas alças para se apoiar. As rodas são calçadas com pneus Metzeler Enduro 3 que são ótimos para o off-road e tem bom desempenho no asfalto, mas como característica são ruidosos e gastam rapidamente quando utilizados apenas no asfalto.
Os freios da XRE 300 agora são equipados com ABS e não há mais aquela versão com freio C-ABS que havia antes. O conjunto traz discos nas duas rodas (256 mm e 220 mm na dianteira e na traseira respectivamente) com ABS não comutável, ou seja, permanece ligado e atuante o tempo todo. No uso off-road em pisos com muitas pedras isso pode ser um problema, mas no off-road leve não atrapalha tanto. No asfalto em qualquer condição os freios se mostraram muito bons e adequados para a proposta da moto.
Outra mudança importante está no conjunto de iluminação da nova XRE 300, agora full-LED e que remete à família CB 500. Já a nova frente da moto tem os “bicos” menores em relação à versão anterior da XRE 300 e seu design vazado harmoniza com novo layout geral, que inclui o para lama dianteiro para cobrir uma área maior da roda e que deixou a moto bem parecida com sua irmã menor, a XRE 190. O tanque de combustível permanece o mesmo, com capacidade para 13,8 litros.
Os preços públicos sugeridos das duas versões da nova XRE 300 2019 são:
- R$ 18.200,00 para as cores sólidas (Prata e Azul Escuro)
- R$ 18.690,00 para edições especiais, Rally e Adventure, com pintura e grafismos exclusivos
Ficha Técnica Honda XRE 300 2019 |
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Motor | Um cilindro, DOHC, 4 tempos, arrefecido a ar |
Capacidade cúbica | 291,6 cm³ |
Diâmetro X curso | 79,0 mm x 59,5 mm |
Taxa de compressão | 9,0:1 |
Sistema de partida | Elétrico |
Bateria | 12 V – 6 Ah |
Sistema de Ignição | Eletrônica |
Tipo de combustível | Gasolina / Etanol |
Capacidade do tanque de combustível | 13,8 litros (3,9 litros na reserva) |
Alimentação | Injeção eletrônica PGM-FI |
Torque máximo | 2,76 kgf.m a 6000 rpm c/ gasolina e 2,80 kgf.m a 6000 rpm c/ etanol |
Potência máxima | 25,4 cv a 7500 rpm c/ gasolina e 25,6 cv a 7500 rpm c/ etanol |
Capacidade de óleo no motor | 2,0 litros |
Sistema de lubrificação | Forçada por bomba trocoidal |
Transmissão | 5 velocidades |
Embreagem | Multidisco em banho de óleo |
Tipo de chassi | Berço semi-duplo em tubos de aço |
Pneu dianteiro | 90/90 – 21R |
Pneu traseiro | 120/80 – 18R |
Freio dianteiro | Disco simples de 256 mm de diâmetro com ABS |
Freio traseiro | Disco simples de 220 mm de diâmetro com ABS |
Suspensão dianteira | Garfo telescópico 245 mm de curso |
Suspensão traseira | Monoamortecida Pro-Link 225 mm de curso |
Comprimento total | 2.195 mm |
Largura total | 838 mm |
Altura total | 1.215 mm |
Altura do assento | 860 mm |
Altura mínima do solo | 259 mm |
Caster | 26º |
Trail | 109 mm |
Distância entre eixos | 1.417 mm |
Peso seco | 148 kg |