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E aí, bora continuar aprendendo como fazer curva de scooter e outros tipos de motos? Dica muito útil a todos os motociclistas, em especial aos que têm scooter, esta é a terceira publicação da série 5 Segredos das Curvas. Assim, o terceiro segredo aborda os dois limites de inclinação, os quais o piloto deve conhecer e confiar.

Na série explicamos detalhadamente a melhor forma de fazer curvas em uma pilotagem defensiva. Então, para recordar, no primeiro tópico falamos sobre as três partes da curva e, no segundo, relembramos a importância de olhar para o ponto correto enquanto se pilota, no olhar que atrai ou distrai?

Preste atenção neste aprendizado e lembre-se: moto (inclusive as scooter) é feita para contornar curvas! - Foto: Geórgia Zuliani

Preste atenção neste aprendizado e lembre-se: moto (inclusive as scooter) é feita para contornar curvas! – Foto: Geórgia Zuliani

Hora de fazer curva de scooter ou motocicleta. Qual é o limite da inclinação?

Antes de começarmos a falar sobre a inclinação em si precisamos nos ater para alguns aspectos externos. Eles podem prejudicar a segurança na pilotagem urbana e estradeira, seja com uma motocicleta ou com sua scooter:

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– Curvas mal projetadas: como as curvas em superelevação negativa – que jogam a moto para fora da curva exigindo do piloto maior inclinação para superar a força centrífuga;

Buracos e outras imperfeições de solo: encostar algo fixo da moto (pedaleiras, por exemplo) em uma vala ou buraco pode causar um travamento e consequente queda;

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Quem disse que scooter não faz curvas? – Foto: Geórgia Zuliani

Tipo de solo– nível de aderência: saber diferenciar solo asfáltico de solo terroso ampliará a capacidade do piloto em aplicar técnicas apropriadas a cada tipo de chão;

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Pouca visibilidade da trajetória da curva: pilotagem em condições adversas de tempo (meteorologia), noturna e falta de iluminação artificial nas vias;

Pneus em más condições e mal calibrados: o pneu é um dos itens principais para a segurança em uma trajetória sinuosa.

Pronto? Então vamos nessa!

Afinal, quais são os dois limites de inclinação?

1: Limite de segurança
2: Limite físico

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O limite de segurança (fator piloto)

Sentir um frio na barriga ao avistar uma curva é algo que acontece com praticamente todos os motociclistas, então saiba que você não está sozinho. Ainda mais importante, lembre-se de que motos foram feitas para contornar curvas.

Na hora de fazer curvas de scooter ou outro estilo motocicleta, lembre-se dos dois limites de inclinação - Foto: Geórgia Zuliani

Na hora de fazer curvas de scooter ou outro estilo motocicleta, lembre-se dos dois limites de inclinação – Foto: Geórgia Zuliani

Uma das provas disso está nos pneus. Por incrível que possa parecer, as laterais do pneu (que vamos chamar “borda de ataque” ou “ombro dos pneus”) são as que possuem maior área de contato da borracha com o solo.

Desse modo, como diria o amigo e instrutor de pilotagem Tite Simões “o maior perigo está nas retas, onde o contato do pneu ao solo é menor. Já nas laterais, o contato ao solo é maior e, portanto, gera mais aderência”. Portanto, é isso mesmo.

 

Geralmente, a borracha na borda de ataque é macia o suficiente para dar “deformações” que ajudam a ampliar o limite de inclinação, fazendo até mesmo chegar a encostar partes fixas da moto nas curvas. O maior perigo, portanto, não está no limite de segurança, mas sim no limite físico. Entenda:

Limite físico (fator mecânico)

Aqui, entendemos por físico tudo o que está ‘preso’ (fixo) à moto. Escapamento, carenagens, slider e, principalmente, as pedaleiras. Assim, aqui está uma das principais diferenças na hora de fazer curva de scooter ou com outro tipo de motocicleta, já que as scooter têm mais itens próximos ao solo do que, por exemplo, as street (como a CG 160) ou as trail (como a Crosser 150).

Limites físicos são todos os itens 'fixos' na moto ou scooter que podem raspar no chão e acabar gerando uma queda... como este cavalete central! - Foto: Géorgia Zuliani

Limites físicos são todos os itens ‘fixos’ na moto ou scooter que podem raspar no chão e acabar gerando uma queda… como este cavalete central! – Foto: Géorgia Zuliani

O perigo aqui é o contato dessas partes fixas com o solo. Caso isso aconteça de forma abrupta a queda pode ser inevitável. Por isso, conhecer esses limites é um tema muito importante ministrado em cursos de pilotagem defensiva.

Geralmente, o primeiro item a encontrar o solo quando se inclina a moto são as pedaleiras – que podem até ser retrateis, diminuindo as chances de causar uma queda. Contudo, irá variar de um modelo de moto ou scooter para outro. Pode ser o cavalete central ou o pezinho lateral, por exemplo.

As marcas no escapamento deixam claro que ele está em atrito com o solo durante as curvas. Cuidado. - Foto: Geórgia Zuliani

As marcas no escapamento deixam claro que ele está em atrito com o solo durante as curvas. Cuidado. – Foto: Geórgia Zuliani

De scooter ou moto, é conhecer para confiar

Neste quesito as scooter requerem um cuidado especial. É comum que elas tenham carenagens longas ou escapamentos baixos que podem tocar o solo ‘facilmente’, além, claro, dos cavaletes e pezinhos. Assim, é fundamental que o piloto conheça os limites e características da própria motocicleta.

Nas scooter vários componentes podem tocar o solo, como cavalete, pezinho lateral e até as longas carenagens. Conheça os limites da sua moto - Foto: Geórgia Zuliani

Nas scooter vários componentes podem tocar o solo, como cavalete, pezinho lateral e até as longas carenagens. Conheça os limites da sua moto – Foto: Geórgia Zuliani

Desse modo, algumas motos (como as trail) possuem limites físicos maiores, enquanto outras (como as custom) são mais limitadas neste quesito. Neste aspecto, as scooter estão mais próximas do segundo time do que do primeiro, então tenha cautela.

Aproveitando, preciso fazer uma ressalva aqui. Não estou incentivando você a fazer curvas em inclinação máxima, raspando o cotovelo (ou a pedaleira) como se estivesse em uma prova da MotoGP. Apenas estou buscando lhe dar mais segurança ao mostrar que as motos foram sim projetadas para fazer curvas.

E, ainda, é importante lembrar que muitos acidentes ocorrem por falta de conhecimento ou por medos em determinadas situações. Então, fique tranquilo e busque perder o medo de inclinar aos poucos.

Famosas por serem 'ruins de curva', as custom são bastante limitadas fisicamente - Foto: Geórgia Zuliani

Famosas por serem ‘ruins de curva’, as custom são bastante limitadas fisicamente – Foto: Geórgia Zuliani

Próximo episódio: a dança

E aí, curtindo a nossa série? Estamos sendo detalhistas em cada um dos aspectos, em cada um dos 5 segredos das curvas. No próximo episódio iremos dar continuidade ao tema ângulos de curvas ao falar sobre o movimento do corpo. É hora de chamar sua moto, seja uma scooter ou não, para bailar!

Até a próxima semana 😉

Carlos Amaral
Carlos Amaral - Instrutor de pilotagem defensiva certificado pela Honda, instrutor de trânsito do Detran-SP na especialidade Direção Defensiva, palestrante da Porto Seguro Cia de Seguros Gerais, blogueiro e diretor operacional da Carlos Amaral Motorcycle Training