Mercado Por Sidney Levy 24/01/2022 17:33 (há 3 anos).

Apesar da pandemia, das dificuldades da economia, da inflação, dos salários achatados, do desemprego, entre outras razões menos relevantes, o mercado brasileiro de motocicletas fechou 2021 com muitos destaques positivos. Quem mais tem motivos para celebrar é a Yamaha, que não possuía uma porcentagem tão grande do mercado desde 1993.

Em 2021 a marca dos diapasões abocanhou 17,4% do total de vendas, um aumento de 6,75% em relação a 2020. Ela não ocupava uma margem tão grande desde 1993, 28 anos atrás, quando encerrou o calendário com 21,3% de participação. Naquele ano seu modelo mais vendido foi o Jog 50, para dar uma amostra de quanto tempo faz…

O crescimento da Yamaha foi o principal destaque de 2021, garantindo uma participação no mercado não vista desde 1993. Na foto o NMax Homem Aranha, lançamento do ano passado

 

Mercado de motos sem maquiagem 2021

O principal destaque positivo do mercado em 2021 foi o vigoroso crescimento de 26,59% em relação ao ano anterior, com um total de 1.155.072 unidades vendidas, de acordo com os dados de emplacamento divulgados pela Fenabrave.

Ao separar e analisar os dados da Fenabrave separadamente por marcas (fabricantes) e por segmento (estilo), surgem vários outros destaques. Sem dúvida alguma, o mais expressivo deles é o avanço da Yamaha no espaço da Honda.

Com mais de 26% de crescimento do mercado, praticamente todas as marcas têm motivos para celebrar. Embalada, Honda quer produzir mais de 1 milhão de motos em 2022

Veja também:

 

**Atualização Honda

A Honda procurou nossa redação após a publicação da reportagem, compartilhando uma abordagem menos fria dos números. De acordo com a empresa, o real motivo pela sua redução de market share seriam dificuldades ainda relacionadas à pandemia e não a expansão de qualquer concorrente.

Ao longo do ano a marca sofreu com paralisações e redução no ritmo de trabalho, diminuição do número de funcionários ativos na fábrica, falta de insumos e componentes, dificuldades logísticas para distribuição de produtos, entre outros fatores. É claro que todas as montadoras enfrentaram o mesmo cenário, mas, para a Honda, os maiores acabam sendo naturalmente mais afetados devido ao volume de suas ações. Fica o registro.

 

Yamaha ‘conquista’ espaço da maior rival

Em números arredondados, a Yamaha cresceu 5% em participação ao longo dos últimos 5 anos, de 2017 até 2021, enquanto a Honda caiu de 80% para 76% no mesmo período. Logo, a grosso modo, podemos dizer que a Yamaha ‘conquistou’ este espaço da principal concorrente.O sucesso da Yamaha não se baseia num só modelo, mas no bom desempenho de vários produtos, especialmente das pequenas Crosser, Fazer 150 e Fazer 250, seus modelos mais vendidos no ano passado. Também há a liderança em alguns nichos, como a MT 03, mais vendida entre as naked.

Traduzido em números absolutos, em 2021 a Yamaha vendeu 201.627 motos contra pouco mais de 106 mil em 2017. Claro, a Honda ainda lidera com folga (e méritos) as vendas de motocicletas novas no Brasil, mas é bom perceber que a rival avança devagar.

A Crosser foi a Yamaha mais vendida de 2021, seguida de perto por Fazer/Factor 150 e Fazer 250

 

 

BMW e Kawasaki voltam a crescer

Outro destaque positivo fica para o desempenho consistente da BMW e da Kawasaki, que cresceram 78% e 108% respectivamente entre 2017 e 2021. A Royal Enfield também merece menção pela vertiginosa expansão no último ano, com venda superior a 6.200 motos, um volume 3 vezes superior ao calendário anterior.

 

Também cabe destacar que as “cinquentinhas” ainda têm seu espaço, pois a Shineray cresceu 81% entre 2020 e 2021, com ciclomotores liderando suas vendas. Claro que a marca tem investido em novos produtos, como elétricas e motos de 125cc.

 

Já o destaque negativo fica mesmo para a queda de mais de 60% nas vendas da Harley-Davidson entre 2019 (ano de venda recorde da marca no Brasil, com mais de 6 mil motos) e 2021, emplacando pouco mais de 2.300 motos. A norte-americana é acompanhada pela Suzuki, que amarga queda de 72% nas vendas nos últimos 5 anos – entretanto, as vendas do grupo JTZ ainda somam os números de Kymco e Haojue.

 

 

Mercado de motos: boom dos scooter

 Se na análise por marcas o que mais chama a atenção é o crescimento da Yamaha, o estudo por estilos deixa claro o boom dos scooter no mercado nacional. Em 5 anos seus números de emplacamentos praticamente dobraram. Destaque também ao nicho das clássicas, que mostra estar começando a desbravar um espaço até então inexistente em nosso mercado.

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.
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