Editorial Por Sidney Levy 27/06/2017 10:59 (há 7 anos).

Você já foi parado numa blitz? Provavelmente sim porque só existem dois tipos de motociclistas no Brasil, os que já foram e os que serão parados numa blitz. Nossa primeira reação nessas desagradáveis ocasiões é reclamar da vida e pensar “logo hoje”, “isso só acontece comigo”, “mais um atraso na rotina”, além de amaldiçoar a escolha daquele caminho e enaltecer outros inconvenientes que você sofre.

Mas se pararmos para pensar com frieza, fica bem fácil entender que essas ações policiais são necessárias, infelizmente, pois tem caráter educativo em primeiro lugar e ajudam a tirar de circulação motos em péssimas condições de uso que colocam em risco o motociclista e outras pessoas no trânsito e, vez ou outra, conseguem identificar e prender aqueles cidadãos que gostam de tomar para si o que não é deles. Bem, você pode discordar que uma blitz possa ter caráter educativo, mas acompanhe o raciocínio e reflita sobre o que segue.

Inspeção, orientação e premiação, necessariamente nessa ordem

Muitos motociclistas que já foram parados numa blitz policial acabaram penalizados (multados) por alguma irregularidade na moto, nos documentos dela ou mesmo com ele próprio. Pelo transtorno, pelo valor da multa, pela dor de cabeça para resolver o problema causador dessa penalização, seguramente esse motociclista nunca mais esquecerá disso e fará o possível para que isso não volte a acontecer. E claro, vai contar para todos os seus amigos sobre a sua má sorte com o acontecido.

Se você concorda com este raciocínio é porque percebeu que a blitz tem sim caráter educativo e o método educacional é a punição pelo erro e se estiver tudo bem, não há recompensa. Pois é, nós infelizmente precisamos de uma chacoalhada de vez em quando para percebermos que estamos fazendo algo errado, que não estamos dando a devida atenção a certas coisas importantes. E aqui entre nós, você e eu sabemos que há muitas coisas importantes que devem ser lembradas na hora de andar com uma moto nas ruas, avenidas e estradas do Brasil para evitar problemas, concorda?

Conversa animada para conhecer o perfil dos motociclistas

Moto Check-up, educação sem punição

Mas existe uma blitz que já é realizada no Brasil e também tem caráter educativo, mas o método educacional não inclui a punição. Estamos falando do Moto Check-up, ação promovida há quase 10 anos pela a Abraciclo, associação que reúne os fabricantes de motocicletas e bicicletas no Brasil, e que acabou de realizar a 21ª edição em São Paulo (SP). Por esta característica, podemos chamar o Moto Check Up da Abraciclo de “blitz do bem”, já que esta fiscaliza, orienta, alerta e não pune. Mas educa do mesmo jeito que as outras e não há diferença se tudo estiver bem ou não, porque tem recompensa para todos que participam dela.

O Moto Check-up, já atendeu mais de 40 mil motociclistas e é considerado o maior programa setorial da América Latina para a orientação de motociclistas. Realizado desde maio de 2008, as 21 edições aconteceram nas cidades de São Paulo (SP), Santos (SP), ABC Paulista, Recife (PE), Brasília (DF), Manaus (AM) e Teresina (PI). Apesar de ser uma ação educativa exemplar, ela está longe de atender a necessidade do mercado brasileiro, que tem uma frota circulante de aproximadamente 24 milhões de motocicletas. Claro, a dificuldade para expandir o Moto Check-up, segundo os executivos da Abraciclo, é o custo da ação.

Como funciona?

A melhor parte, a premiação, sempre com a orientação técnica de como atuar na hora da troca de óleo

Mas enquanto o Moto Check-up acontece em ritmo menor do que a demanda, é bom você conhecer como funciona a “blitz do bem” e torcer para que ela aconteça na sua cidade. A iniciativa oferece a checagem gratuita de 21 itens mecânicos das motocicletas e, em seguida, os participantes assistem a uma rápida palestra sobre pilotagem segura, com abordagens sobre “pontos cegos” e dicas para evitar acidentes. Também são realizadas demonstrações práticas de frenagem da forma correta e, no final, o participante ganha um vale para troca gratuita de óleo.

Para se ter uma ideia do resultado prático do Moto Check-up, a edição que aconteceu em maio deste ano por ocasião do Maio Amarelo em São Paulo, teve  participação de 4.020 motociclistas e mais de 50% das motocicletas apresentavam desgastes mecânicos excessivos e muito importantes. Destas motocicletas, 88% tinham de um a três itens desgastados e os principais itens em situação irregular foram nível de óleo do motor (16%), falta de luz de freio (15%), freio traseiro (9%), freio dianteiro (9%) e pneu traseiro (8%) desgastados abaixo do nível mínimo para segurança do motociclista.

Demonstração especializada sobre o uso dos freios de uma moto, com ABS e com CBS, o freio combinado

“O objetivo do Moto Check-up é contribuir para o aumento da segurança do motociclista, que está diretamente relacionada à conduta correta na pilotagem e ao hábito de efetuar a manutenção preventiva do veículo”, comenta Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo. Como se pode notar, a blitz do bem deveria tornar-se uma ação permanente e as prefeituras e órgãos de trânsito das milhares de cidades brasileiras deveriam se esforçar para levar o Moto Check-up para suas cidades. Se houver vontade política, certamente a ação se ampliará muito para o bem da educação, que é a melhor maneira de mudarmos as coisas.

No caso de São Paulo, a Abraciclo promove o Moto Check-up em parceria com a Companhia de Engenharia de Tráfego – CET, Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, Prefeitura de São Paulo através da prefeitura regional da área onde acontece, da SPTrans e do Comando de Policiamento de Trânsito – CPTran.

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.
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