Como Fazer Por Mário Sérgio Figueredo 16/03/2016 15:40 (há 9 anos).

Quando um fabricante de motos desenvolve um novo modelo de motocicleta, o que surge da prancheta dos engenheiros projetistas é o que eles consideram ideal para aquele modelo, pensado e discutido antes com várias áreas da empresa. Uma vez aprovado, entra em campo o time que tornará o projeto viável comercialmente, ou seja, buscará soluções tecnológicas que atendam ao projeto com custo adequado ao mercado para o qual ele se destina.

Claro que cada fabricante possui seus próprios métodos para projetar, desenvolver e apresentar um novo modelo de moto ao mercado, mas essencialmente todos passam pela fase de buscar peças que já existem em outras motos, e até mesmo em carros, para ter custo final menor no seu novo produto. Nenhum fabricante tem capacidade para desenvolver todas as peças do seu novo produto e para suprir esta necessidade, buscam o grande número de fabricantes de peças para carros e motos que invariavelmente já possuem itens em catálogo que podem ser utilizados nos novos projetos.

Garimpar similaridades em motopeças pode trazer grande economia

Isso se aplica a várias peças da moto, como motor de arranque, sistemas de injeção de combustível, sistemas de freio, sistemas de suspensão, corrente, coroa, pinhão, pneus, filtros, pastilhas e lonas de freios, baterias, lâmpadas, conectores elétricos, etc… Feita a escolha, o fabricante da peça passa a fabricar a mesma peça que já fabricava, só que com a logomarca da montadora contratante e seguindo padrões de qualidade exigidos pela marca. Na maioria dos casos, aquela peça receberá uma nova numeração de série, identificação para entrar no catálogo de peças da nova moto, e uma nova embalagem da montadora como “peça original”.

Que fique claro desde já que nada há de errado com este procedimento. Aliás, ele e muito saudável ao mercado pois uma mesma peça pode equipar diversas motos (ou carros), ostentando várias marcas de montadoras e recebendo códigos de fabricação distintos. O que incomoda é encontrar aquela “peça original” por um preço bem menor no chamado “mercado paralelo” ou de peças similares. E é por esta razão que muitos motociclistas costumam buscar essas similaridades no mercado, descobrindo peças de algumas motos que servem em outras da mesma marca ou de marcas diferentes e até mesmo em automóveis e caminhões.

Bomba De Combustível Elétrica Bosch F 000 Te0 103, o pivô da discórdia – divulgação Bosch

Esse tema não é novo e aqui mesmo no Motonline há várias reportagens que abordam esse assunto. E agora novamente o assunto volta em função de um caso recente que causou alvoroço na internet. Um proprietário de uma BMW F 800 GS teve a bomba de gasolina da sua moto danificada, exigindo sua substituição. Consultada uma concessionária BMW, foi informado que a bomba nova custava R$ 2.620,00.

Inconformado, o dono da moto, que é mecânico de automóveis, resolveu “fuçar” para descobrir o defeito e como consertá-lo. Ao retirar a peça reconheceu imediatamente como sendo a mesma peça que equipa o Volkswagen Gol 1.0 (Bosch TEO103 – capacidade de 3bar@100L/h). Após adquirir a peça de mesma marca no mercado paralelo de autopeças por R$ 158,00 (6% do valor pedido pela concessionária), fez a substituição e, como esperado, afinal a peça era a mesma, a moto voltou a funcionar perfeitamente, fazendo uma significativa economia de R$ 2.462,00.

Com base neste relato e noutros que podem ser encontrados em várias fontes, fica o questionamento: O que justifica uma diferença tão grande de preço da mesma peça quando ostenta marcas de montadoras diferentes? Qual o critério para definição do preço das “peças originais” de diferentes montadoras? O perfil do consumidor da moto influi diretamente no preço da peça?

É claro que a economia de escala (vende muito = preço menor por unidade) é um fator que tem influência direta sobre o preço final. A tal da “Lei da Oferta e da Procura”, aquela que determina que se há sobra de um produto seu preço cai e, ao contrário, se há falta, o preço sobe, também influi. Mas não parece normal que um mesmo fornecedor venda uma peça de sua fabricação destinada a um carro popular no Brasil – VW Gol 1.0 – por R$158,00 (preço do varejo) e esta mesma peça fornecida como “peça original” para a BMW F 800 GS custe R$ 2.620,00.

BMW F 800 GS – divulgação

Como este caso citou a BMW Motorrad, pedimos através de sua assessoria de imprensa, que a empresa expusesse sua posição sobre o tema. Veja a resposta da empresa:

“O BMW Group Brasil recomenda que a manutenção dos produtos da marca seja feita única e exclusivamente por meio da rede de concessionários, que é treinada para seguir os procedimentos técnicos sugeridos pelo manual de serviços adequado e utilizar somente peças genuínas BMW Motorrad. A manutenção na concessionária e o uso de peças originais também garantem a segurança do cliente e o bom funcionamento dos sistemas do veículo. Os serviços prestados e os equipamentos utilizados são de alta qualidade e foram pensados exclusivamente para atender aos produtos da BMW Motorrad, assegurando qualidade e confiabilidade ao procedimento”.

Nosso objetivo é deixar claro a você consumidor motociclista para que não aceite preços aviltantes para peças de motos, mesmo motos grandes e caras. Pesquise, busque grupos de discussão e o Fórum Motonline para encontrar soluções com preços razoáveis e justos para peças de reposição, mas sem colocar em risco sua moto ou sua segurança.

Aos fabricantes de motos e de peças, nosso espaço está aberto para todas as manifestações, mesmo as contrárias às nossas opiniões, sempre para esclarecer o tema e trazer mais e melhores informações aos consumidores. A quem se interessar em abordar o tema, escreva para o email editor@motonline.com.br.

Mário Sérgio Figueredo
Motociclista apaixonado por motos há 42 anos, começou a escrever sobre motos como hobby em um blog para tentar transmitir à nova geração a experiência acumulada durante esses tantos anos. Sua primeira moto foi a primeira fabricada no Brasil, a Yamaha RD 50.
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