Recentemente a Ford anunciou o fechamento de suas fábricas no Brasil, mexendo com o mercado e com a economia. Afinal, estamos falando de uma das mais tradicionais marcas de carros do mundo. Infelizmente, nas motos nós também já tivemos várias baixas ao longo das décadas.
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Indo além da Ford: marcas de motos que saíram do Brasil
O mercado brasileiro possui uma série de ‘especificidades’ e nem todas as empresas conseguem se estabelecer e permanecer por aqui. Volatilidade da moeda, carga tributária em cascata, o famoso ‘custo Brasil’ e o alto nível de exigência do consumidor local (muito acima do chinês ou indiano, por exemplo) são alguns dos fatores responsáveis pelo adeus precoce de montadoras.
Relembre, então, 5 marcas de motos que saíram do Brasil (mais um bônus).
1 – Indian, um sonho que durou pouco
A fabricante mais recente a deixar o mercado brasileiro foi a Indian. A norteamericana inaugurou as atividades no país em 2015 e tinha grandes expectativas, onde competia diretamente com a Harley-Davidson, com seus produtos custom e touring.
Entretanto, a odisseia durou pouco. Já em 2017, a empresa interrompeu a montagem local em Manaus, que acontecia na fábrica da Dafra. Assim, as motos comercializadas aqui eram todas importadas.
Logo depois, devido ao pequeno número de unidades emplacadas em 2018, a Indian suspendeu a operação no Brasil. O último modelo lançado no país foi a Scout Bobber, no Salão Duas Rodas 2017. Hoje a marca vive pelos fãs e clubes que se revezam no suporte aos proprietários das máquinas.
2 – Benelli: sobrou extravagância; faltou organização
A Benelli é conhecida pelo tradicional estilo italiano, apostando em design arrojado e até extravagante. Adquirida pela chinesa Qian Jiang, a marca tentou decolar no Brasil através da Bramont, uma fabricante brasileira que tinha operação em Manaus para veículos utilitários e motocicletas.
Com um dos maiores estandes no Salão Duas Rodas 2013, a Benelli chegou a anunciar 7 modelos em sua chegada oficial ao Brasil. Nada mau. Entretanto, a Bramont não conseguiu as licenças para seguir a operação de montagem das Benelli e modelos como a BN 600 nunca chegaram ao país.
3 – Keeway e a história que não foi
Outra marca que chegou – ou quase isso – na carona do mesmo grupo de trabalho da Benelli foi a Keeway. A fabricante gerou uma imensa expectativa no mercado local com seu stand no Salão Duas Rodas 2013, onde apresentou 13 modelos. Porém, nenhum rodou pelas ruas deste imenso país.
Motocicletas como a RKS 150, RKS 125, TX 150, TXM 150 e Target 125 ficaram só na promessa. As motos de baixa cilindrada eram o foco da fabricante, mas o projeto não passou da exposição na maior feira do setor no Brasil.
4 – Sundown chegou ao top3 de vendas
A Sundown começou sua trajetória no mercado de bicicletas e há quem apenas associe a marca ao universo das bikes. Mas em 2003 a fabricante resolveu entrar no então crescente segmento das motos. Seus lançamentos eram de origem chinesa, das marcas Qingq e Zongshen, com uma linha de montagem em Manaus.
A ascensão da Sundown foi rápida. Em dois anos a marca assumiu a 3ª posição no ranking de emplacamentos de motocicletas no Brasil, atrás apenas das tradicionais Honda e Yamaha. Isto graças ao sucesso de modelos como Hunter 100, Future e Motard 125.
E tudo transcorreu bem por quase uma década. Porém, em 2011, diante da perda de participação no mercado e divergências com os fornecedores internacionais, a marca deixou o segmento a motor.
5 – Kasinski, ‘revolucionária’
Mais uma marca nacional, a Kasinski surgiu em 1999. Criada por Abraham Kasinsky, inicialmente a empresa atuava apenas com modelos da sul-coreana Hyosung. Em 2009 a marca foi vendida para o grupo chines CR Zongshen. No Brasil a empresa seguia liderada por Claudio Rosa, que já havia trabalhado na Sundown.
A Kasinski chegou a fazer sucesso com os modelos Comet e Mirage, apostando em nichos pouco explorados na época, como o sport de ‘baixa’ cilindrada e o custom. Além disto, unia motos de maior cilindrada da Hyosung junto de modelos de baixa da chinesa Zongshen.
Com fábrica instalada em Manaus, a Kasinski tinha planos audaciosos para o Brasil, o que ficava claro em seu slogam de uma palavra. ‘Revolucionária’. Assim, alimentou a ambição produzir a 600 mil motos/ano até 2020 – para se ter um comparativo, ano passado a Yamaha fabricou ‘apenas’ 146 mil motos. Entretanto, a parceria com os chineses se desfez em 2014 e a montadora encerrou suas atividades.
Bônus de despedida: Agrale
Assim como a Ford, a Agrale faz parte da história da indústria de veículos no Brasil. Famosa por seus tratores e veículos pesados, a empresa de Caxias do Sul (RS) também compôs o mercado das motos nos anos 1980. E o movimentou.
Na época fechou parceria com a fabricante italiana de motos Cagiva. Do acordo foram lançados modelos como as SXT e Elefant, destinadas ao segmento de uso misto onde encararam concorrentes de tradicionais, como Yamaha DT 180 e Honda XLX 250R. O trunfo dos modelos gaúchos estava na tecnologia embarcada nos projetos, expressa também em seus eficientes motores de 2 tempos.
A companhia decidiu aprofundar seus investimentos no setor. Mudou-se do Rio Grande do Sul para Manaus (AM) e estabeleceu novas parcerias na década de 1990, com Husqvarna e MV Agusta. Entretanto, devido a mudanças no mercado e ao fim das acordos, a produção de motos encerrou em 1997.
Atualmente a Agrale segue ativa com três fábricas em Caxias do Sul e uma unidade em São Mateus, no Espírito Santo. Entretanto, foca seus esforços na produção de tratores, caminhões leves, chassis para ônibus e utilitários 4X4.