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O Bar do Santa é um pedaço do Santa Gula, um lugar literalmente maravilhoso. Além de ser super-bacana, oferece a lavagem artesanal da motocicleta. Onde começa o bar e termina o restaurante, ou vice-versa, é algo meio indefinido. O lugar é um caos de coisas e cores. Parece a cópia daquele antigo e saudoso quartinho dos fundos da casa, que a maioria de nós curtiu em algum momento da vida, onde o pessoal costumava se reunir.

O point se desdobra em vários ambientes, salas e corredores. Afinal de contas, como definir o espaço? Aquilo ali é um bar? Uma garagem? Um restaurante? Um lava-rápido de motos? Uma casa cheia de portas, quintais e varandas? Sem dúvida, é tudo isso e um pouco mais.

A primeira coisa que “bate” no motociclista que chega é o ambiente rústico e confortável. O visual é descolado, arejado, tem alto-astral. O lugar tem de tudo um pouco. Ali, um comprido balcão. Do lado direito, um bar. No meio, mesinhas e cadeiras. Bancos. Banquetas. No fundo, um armário antigo. Uma cozinha aqui, o banheiro ali, uma varanda, uma saleta, um degrau…. Pendurado, um relógio dos anos 40.

E mais, muito mais. Do lado de lá, algumas miniaturas de motocicletas. No corredor lateral, um banco de praça. Livros. Estantes. Tijolos à vista. Um racho na parede talhada. Uma planta. Um vazado retangular no canto alto do teto deixa entrar uns riscos de sol. Um ninho. Discos. Candelabros. Correntes. Chão de terra. Mais plantas. Mais vazados. Obras de arte. Tijolos. Quadros, mapas pendurados nas paredes. Um janelão dando para o nada. Uma torneira pingando. Bandeiras. Balcões. Muitas fotos, folhinhas, garrafas, cestas de vime, catálogos, canetas, bonecos, apitos, copos, taças, pratos antigos etc etc etc.

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Esse conjunto de ambientes e coisas interligadas, tudo com uma cara de “aqui-é-o-melhor-lugar-pra-ficar”, é uma verdadeira maravilha. Dá um colorido na cabeça de qualquer um — ou uma — que curta uma boa estrada, a descoberta de novas paisagens, detalhes e, claro, uma bela motocicleta.

Cenas de cinema O lugar é uma criação do motociclista (harleiro) paulistano Maurício Rocha Laranjeira, 47 anos, cineasta de formação. — Como surgiu tudo isso? — É o seguinte. Sempre tive motos. Quando fui pra Nova Iorque estudar cinema, em 98, vendi a moto.Vendi a moto e fui pra Nova Iorque. Aí, fiquei em Nova Iorque … péra, em 98 não, foi em 88!!! (rá-rá-rá) Isso! Foi em `88!!! (rá-rá-rá) …

A dupla dinâmica não aguentou e posou ao lado de outra "criancinha"

A dupla dinâmica não aguentou e posou ao lado de outra "criancinha"

Laranjeira ficou lá por sete anos. Estudou, voltou, casou e começou a trabalhar com cinema — institucionais, curtas-metragem, de publicidade e tal. Ano passado, abriu o Bar do Santa, um anexo do restaurante Santa Gula.

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No início, o bar não tinha lava-rápido de motos. — Na verdade, o que eu sentia? Moro no bairro de Higienópolis. Então me perguntava: onde lavo minha moto? Não tem um lugar legal pra lavar a moto. Quer dizer, ter tem, mas é tudo longe. Então, aquilo ficou na minha cabeça.

Laranjeira diz que o bar não tinha a sua cara. Faltava alguma coisa ali. — Não havia uma identidade. Quando chovia, a moto ficava parada lá fora. Certo dia, estava chovendo e eu vinha tocando minha moto. Tinha um carro estacionado na frente do bar. Então, contornei e entrei direto aqui dentro com a moto. Ai parei, olhei em volta e disse: não acredito que entrei com a moto dentro do bar! Voltei lá fora e entrei com a moto de novo. Aí, bateu!

O cineasta, dono de uma Harley-Davidson 883R, continua: — Entrei direto no canto direito, onde não havia nada, e onde agora ficam as baias de lavagem. Mostrei aquilo pro meu sócio, o Leandro Cardoso, 44, e dei a idéia. Ele me chamou de louco e tal. A Daniele Chamecki, 41, a outra sócia, achou legal. Argumentei que não existiam bares que lavam motos em São Paulo. Mostrei como iria ficar tudo pra eles e pronto.

Laranjeira conta que quando o sócio Leandro finalmente concordou com a idéia e pediu um orçamento e a lista de coisas a serem compradas e adaptadas, já estava tudo comprado — os dois elevadores, os vidros, os equipamentos e o todo o resto.

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No início, Thiago Guimarães, 27 anos, que trabalha ali como gerente do lava-motos, saia pra rua e chamava os motociclistas que estavam passando aos berros. Eles paravam e acabavam entrando dentro do bar. E ficavam por ali. — Esse lugar tem muita energia! — comenta Thiago.

Atualmente, o lava-motos tem sempre umas “potranquinhas” estacionadas, de custons a esportivas, sofrendo uma geral enquanto seus donos almoçam. Laranjeira pede pra todo mundo levar coisas pra ir ampliando o bar, como mapas pra colocar nas paredes e fotos. — Não temos restrição a nenhum tipo de motos. Podem ser grandes ou pequenas. Eu comecei a andar nos anos 70, de Mobylette, no Café Concerto, lá dentro do Ibirapuera – lembra ele, contando que subiu a famosa “escadinha” — cada vez descolando uma moto de cilindrada mais alta.

Negócio legal Como alto astral e como point, o lugar sem dúvida arrasa. Mas, e como negócio, o Bar do Santa já sinalizou de que vai dar certo? Um lava-motos artesanal, do tempo da flanelinha e dos cuidados manuais, combina com um boteco-restaurante descolado? — Sim, acho que já começou a dar certo. Já fizemos algumas festas aqui com mais de duzentas motos. O público estava precisando disso. Os motociclistas, motoqueiros e todas as tribos de duas rodas estavam carentes de um espaço como esse. A coisa está começando a pegar, especialmente agora que o tempo está esquentando – diz Laranjeira.

Um último detalhe: todos os garotos e garotas que trabalham ali no Santa Gula – no bar ou no restaurante — e lavam as motos, de uma maneira cuidadosa e artesanal, são da ONG Casa do Zézinho, da Zona Sul, lá do bairro do Capão Redondo.

Essa ONG educa crianças e os jovens carentes, dá cursos de gastronomia e as coloca no mercado de trabalho, um grande passo para tirá-las da marginalidade, das drogas, da fome e do crime. — Nós ajudamos os jovens carentes e os colocamos de frente para a vida com dignidade, com a cabeça erguida, carteira de trabalho assinada, educação e referências.

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A lavagem é feita manualmente, no melhor estilo dos"flanelinhas". Os garotos que lavam as motos são da ONG Casa do Zezinho .

A lavagem é feita manualmente, no melhor estilo dos"flanelinhas". Os garotos que lavam as motos são da ONG Casa do Zezinho .

A lavagem da motocicleta, artesanal, mais o almoço, que inclui um entre seis pratos muito elogiados por todas as revistas e suplementos de gastronomia que circulam na cidade, custa R$ 40,00, de terça a sexta, das 12 as 16 horas, sem bebida. O restaurante Santa Gula e seu anexo e lava-motos Bar do Santa abrem de segunda a domingo. Há muitas opções pra se comer beber, todo o tipo de pratos encontrados em todos os restaurantes da cidade e todo tipo de petiscos de todos os botecos possíveis e imagináveis, com preços que vão de R$ 16,00 a R$ 18,00, mais outras coisas. O horário do lava-rápido é das dez da manhã até às sete da noite. O restaurante Santa Gula tem horário de restaurante. O Bar do Santa fica aberto até o último cliente. E a moto pode ficar estacionada por ali, perto da mesa. Se os motociclistas quiserem lavar sua motos as dez da noite, fazer reuniões ou festas (sempre com as motos presentes), o bar também abre. É só combinar antecipadamente e dar mais R$ 5,00 pros garotos voltarem pra casa.

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Serviço SANTA GULA / BAR DO SANTA Endereço: Rua Fidalga, 340 Vila Madalena — São Paulo – SP Tel – (11) 3031-7224; 3812-7815 www.stagula.com.br