Vigor e consistência. Essas são duas palavras que podem definir o que foi o ano de 2019 para o mercado de motocicletas no Brasil. O crescimento de 15,28% nas vendas (emplacamentos) em 2019 em relação ao ano anterior mostra que a indústria encontrou o equilíbrio necessário para seguir crescendo. Confira na galeria a seguir os gráficos que resumem o desempenho de cada marca de motocicleta presente no mercado brasileiro de 2011 até 2019.
Nota da Redação: Edição feita no gráfico da Ducati em 2019 no dia 22/1, acrescentando unidades vendidas no volume total. Estava grafado 954 e agora está 1053. Pedimos desculpas pela falha.
O maior crescimento dentre as marcas que operam a mais tempo: 44,05%, alcançando quase 1% de participação
Esta tem amargado sucessivas e fortes quedas ano após ano, apesar de em 2019 ter conseguido cair apenas 2,28%
A marca italiana ensaia uma reação no mercado brasileiro, mas patina para conseguir crescer mais e mais rápido; olhando de longe, o panorama é de estabilidade, mas nivelada por baixo
Novata, a marca chinesa herda a rede de lojas Suzuki e com os produtos certos conquista a 3ª posição no ranking de vendas em apenas 3 anos
Outra “premium” que nada em águas calmas no turbulento mercado brasileiro, a H-D cresce vigorosamente em 2019, mas sem muito entusiasmo
Após reduzir à metade sua produção e venda, a líder volta a ter forte crescimento, principalmente nos segmentos da base, e puxa consigo todo o mercado
A “green” também mostra vigor na retomada das vendas, fruto também de uma linha competitiva de produtos
A KTM trocou de distribuidor no meio de 2019 e teve forte queda nas vendas. Vale lembrar que parte das vendas são motos que não são emplacadas e não aparecem nesse gráfico
Essa é a outra marca que ocupa o espaço deixado pela Suzuki (junto com a Haojue) e vem tendo bom desempenho praticamente com apenas um produto
Com a chegada da trail aventureira Himalayan a marca anglo-indiana deu um salto e alcança o maior crescimento absoluto em 2019
Esta mantém a concentração de suas vendas na região Nordeste e apenas com os ciclomotores, as chamadas “cinquentinhas”
Apenas com algumas motos grandes na linha, a JTA concentra seus esforços nas outras duas marcas que representa: Haojue e Kymco e deixa a Suzuki em segundo plano
Com crescimento moderado, mas consistente, a marca inglesa segue reforçando sua presença com uma rede de distribuição ainda pequena
De quem se espera muito, fica uma pontinha de frustração; a Yamaha fica devendo em alguns segmentos de mercado e, claro, demora para crescer mais e mais rápido
Além do forte crescimento das vendas por marca, é importante notar que a maioria dos segmentos de mercado também cresce, alguns com grande vigor, como o de scooter, e outros se mantém em ascensão devagar e em franca recuperação. Mas há os que simplesmente pararam de cair e estacionaram num patamar baixo, como as motos esportivas e o de ciclomotores. Confira a seguir um retrato de cada segmento de mercado de motos.
Disputado na “ponta da faca”, a Triumph chegou a liderar com a Tiger 800, mas a BMW reagiu no segundo semestre e manteve a liderança
Praticamente só com a Shineray atuando no Nordeste do Brasil, falta a correta regulamentação para estimular a venda das “cinquentinhas” e atrair outras marcas
Apenas a Triumph e a Royal Enfield atuam com força para vender motos clássicas, mas existe grande potencial no segmento ainda carente
A presença de marcas com as pequenas motos custom faz esse segmento crescer novamente; mas ainda é pouco
A Honda formou, desenvolveu e segue sozinha nesse segmento que é o tipo de moto mais vendido do mundo – no Brasil é o segundo
A maior oferta de modelos e marcas de diferentes tamanhos faz esse segmento crescer de forma consistente
“Scooter, você ainda vai ter um”. Nunca foi tão verdadeira essa frase e o vertiginoso crescimento prova isso; eles já são mais de 8% das motos no Brasil
O uso dificultado nas ruas e estradas – seja pelo piso ou pela restrição de velocidade – inibe o crescimento das vendas de motos esportivas, que não encontra espaço para crescer
A queda foi gigantesca, mas a recuperação tem sido rápida; as pequenas urbanas se mantém com o domínio de metade do mercado brasileiro
Segmento para poucos, as estradeiras também se mostram em recuperação, mas com pequenos volumes
Aqui a briga é gigante também e isso puxa o segmento para cima; há uma aparente estabilidade com ligeiro crescimento, o que coloca as trail na segunda posição na preferência dos consumidores
Por fim, uma análise mais detalhada das vendas de motos por tamanho de motor, que mostra um pequeno, mas constante crescimento em faixas médias e também nos motores maiores, claramente pelo aumento da oferta de modelos de motos grandes. Na outra ponta, os motores menores crescem menos vigorosamente, muito em função de que muitos consumidores trocam de categoria, mas não de tamanho de moto. Apesar de ainda ter um enorme espaço para crescer, sobretudo na base, o mercado brasileiro mostra amadurecimento com consistente crescimento.
O fim da Honda CG 125 diminuiu o ímpeto de crescimento nos pequenos motores
Aqui o maior aumento em função da maior oferta de produtos
Com um volume ainda expressivo, motos com motores “médios” tem enorme potencial
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.