Aventurismo Por Mário Sérgio Figueredo 25/09/2014 19:09 (há 10 anos).
Num mês de janeiro, há muitos anos, minha mulher e minha filha estavam de férias (eu trabalhando) num lugar chamado Barra do Saí (SC), que fica a uns 140 km de Curitiba. Como faziam mais de 15 dias que não as via e estava “morto” de saudades, resolvi dar um pulinho lá depois do trabalho.

As motos mais antigas não tinham marcador de combustível

Trabalhei até às 17:30, passei num posto, enchi o tanque e peguei a BR-376, que liga Curitiba (PR) a Joinville (SC), indo até Garuva e de lá até meu destino, Barra do Saí, no litoral catarinense.

Beleza de viagem. A noite estava maravilhosa e a temperatura super agradável. Até os bichos voadores da noite, tipo besouros e mariposas, resolveram colaborar e apareceram em pequeno número.

Chegando lá, fiquei aproximadamente uma hora, matei a saudade das duas e peguei a estrada de volta, pois no dia seguinte teria que trabalhar cedinho.

Resolvi voltar por outra rodovia, passando por cidades do litoral paranaense (Guaratuba, Caiobá e Matinhos) e subindo a BR-277, que liga Paranaguá (PR) a Curitiba. Por volta das 23:30, pouco antes de um lugar chamado Viaduto dos Padres, bateu a reserva na Honda NX 350 Sahara – esses eram dois dos defeitos dela: tanque pequeno e falta do marcador de combustível – só se fica sabendo da situação do nível de gasolina quando a moto pede a reserva.

Pensei: estou ferrado, passei por tantos postos e não lembrei de abastecer. Quase meia noite, um luar mirrado e um breu de escuro, e eu com gasolina para apenas mais uns poucos quilômetros – nem tinha ideia da autonomia dela após passar para a reserva. Como não tinha outro jeito, aliviei o acelerador e continuei subindo a Serra do Mar.

Pensei novamente: vou parar no Posto da Polícia Rodoviária que tem no alto da Serra e lá eu consigo um pouco de gasolina, que dê para chegar em casa. Pãtz, que zica, no posto só tinha um carro, e para complicar ainda mais, era a álcool. Nada de gasolina.

Mas para minha salvação, o guarda de plantão falou, apontando para o horizonte da estrada: – Está vendo aquele luminoso lá no alto dessa subida? É um posto e está aberto. Estou salvo, pensei. Montei na moto e continuei na direção do posto.

Faltando uns 100 metros para o final da subida o motor apagou. Balancei a moto e bati na partida, pegou, andei mais um pouquinho e o motor parou de vez. Empurrei a moto até começar a descida, montei e fui no embalo, parando na frente da bomba de gasolina. Muita sorte!

Duvido que alguém parasse para me socorrer de madrugada numa estrada escura; lembre-se que todo motociclista até hoje ainda é tachado de bandido!

Dois defeitos da NX 350 Sahara: tanque pequeno e ausência do marcador de combustível

 

Em outra ocasião, viajando da Serra do Corvo Branco para a Serra do Rio do Rastro (quando fiz a matéria “Serra do Rio do Rastro, lugar que todo motociclista deve conhecer), passei por situação semelhante. Inebriado com as lindas paisagens das Serras Catarinenses, esqueci de abastecer e lá no meio do nada bateu reserva. Mas essa é outra história. Como viajava em grupo, foi mais fácil de conseguir gasolina e prosseguir até o próximo posto na cidade de São Joaquim (SC).

Nessa viagem fiquei com inveja da autonomia de duas Yamaha Téneré 250 que viajavam no grupo. Enquanto a minha Sahara só tinha autonomia para aproximadamente 250 km (14 litros para 18 km/l), as Téneré 250 ofereciam autonomia superior a 400 km (16 litros para 27 km/l).

Mário Sérgio Figueredo
Motociclista apaixonado por motos há 42 anos, começou a escrever sobre motos como hobby em um blog para tentar transmitir à nova geração a experiência acumulada durante esses tantos anos. Sua primeira moto foi a primeira fabricada no Brasil, a Yamaha RD 50.
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