A BMW Motorrad criou uma série especial para comemorar os 40 anos de seu maior sucesso, a família de aventureuras GS. Assim surgiu a 40 Years, representada no Brasil pelas R 1250, F 750 e F 850 GS. Foi com a última que tivemos a chance de rodar por uma semana. Veja como ela se saiu no teste.
Assim, a F 850 GS que testamos tomou como base a versão topo de linha Adventure e adicionou alguns itens exclusivos. Entre eles, luzes auxiliares em LED, suportes para malas laterais em alumínio, assento duplo, tanque maior (de 23 litros) e quickshifter. Conheça os preços e versões da linha de aniversário aqui.
No teste a F 850 GS Adventure 40 Years mostrou que está pronta para qualquer aventura, viagem ou pedreira
Teste com a BMW F 850 GS Adventure 40 Years
Ninguém melhor que comandar o teste da big trail que nosso consultor de viagens. Devorador de quilômetros, Rock Ténéré contou com ajuda de Alexandre Patriarca na avaliação que se estendeu por uma semana e mais de mil quilômetros rodados.
O primeiro contato
Ao chegar próximo da 850 GS ela assusta pelo tamanho do tanque de combustível, passando a impressão de ser pesada e ruim de guiar, mas tudo se esvai ao engatar a primeira marcha. O motor empurra com vontade, mostrando seus 9,2 kgf.m de torque a 6.250 rpm e 80 cv de potência, na mesma faixa de giro. Aliás, mais torque e menos potência que a versão europeia, devido à legislação brasileira.
Consumo na casa dos 20 km/litro garante ótima autonomia à F 850 GSA
Por onde passa, a 40 Years chama a atenção pelo contraste do amarelo com preto, numa homenagem às GS dos anos 1980. O ronco grave que sai da bela ponteira do escapamento agrada e incentiva a andar forte. A F 850 GSA aparenta ser mais alta do que realmente é. Com a suspensão ajustada somente para o piloto, eu apoiei os pés no chão com facilidade, satisfeito com meus 1.73m.
Tecnologia: F 850 GS Adventure
Um dos pontos altos do modelo é a tecnologia embarcada. Diversas siglas e funcionalidades tornam a vida do piloto e garupa mais confortável e segura.
Primeiramente, os modos de pilotagem. No modelo avaliado eram Rain (que deixa a moto mais mansa e aceleração mais branda), Road (um modo padrão, com bastante força mas suavidade e controle), Dynamic (o mais divertido de todos, com aceleração forte e maior sensibilidade no acelerador). No último muda até o ronco do motor, a moto fica bem esperta e instiga a acelerar.
Tela TFT concentra todos os ajustes do computador de bordo. Pacote eletrônico é um dos seus diferenciais
Ainda há um modo voltado para prática de off road, o Enduro Pro. Ele desliga o ABS traseiro e retarda o acionamento dianteiro, o controle de tração permite escorregar a roda traseira até um limite seguro e corta a aceleração na medida certa. Mas quando se desliga o controle de tração traseiro que a moto fica realmente divertida!
Seguimos. A suspensão eletrônica D-ESA funciona bem e é muito fácil de regular, através de um único botão no punho esquerdo. O ABS Pro é otimizado para curvas, analisando a inclinação e modula os freios para evitar que a moto levante.
Faróis de neblina são itens de série na versão 40 Years
Ainda tem muito mais. Há cruise control, assistente de mudanças de marchas (sem a necessidade de apertar a embreagem), sistema de monitoramento da pressão dos pneus – são sem câmara -, chave por presença. Na edição 40 anos, segundo a BMW, foi implementado uma funcionalidade chamada de MRS (controle dinâmico do freio motor) que corta a aceleração da moto em caso de frenagens.
Outro ponto alto é o painel TFT, com total conectividade entre piloto e moto através do app Connected – veja ele em funcionamento. O pacote segue com tomada 12v e uma porta USB, ambas ao lado do painel, que facilitam recarregar o celular e outros aparelhos.
Rodando com a 850 GSA
Para fazer o teste, rodamos cerca de 1.200 km com a F 850 GS Adventure 40 Years. Passamos por diversas situações, incluindo auto estradas, estradas vicinais, cidade e off road. Fizemos até uma viagem bate e volta, percorrendo mais de 800 km num único dia.
Com preço sugerido de R$ 76.500, a 850 GS Adventure 40 Years não tem medo de estrada ruim ou cara feia
A moto se mostrou muito confortável em todas as situações, até mesmo na viagem de um único dia. A posição de pilotagem deixa as costas retas o posicionamento do guidão não gera cansaço. O assento possui a densidade exata e o grande tanque de combustível cria uma proteção aerodinâmica nas pernas, reduzindo o vento na estrada.
Já a bolha poderia ser um pouco maior, pois mesmo na sua posição mais alta o vento vem diretamente no capacete. Os protetores de manoplas desviam o vento das mãos com eficiência.
F 850 GS Adventure mostrou vigor no off road. Bom desempenho do motor e eletrônica agradaram
O garupa também vai bem posicionado. A angulação dos joelhos que não gera incômodo e as alças, bem posicionadas, têm pegada fácil. A vida de quem vai atrás ainda é facilitada pelo bom banco, pronto para encarar longas viagens.
Em estradas com muitas curvas é fácil de movimentar sobre a moto. Ela passa tanta confiança que se chega com certa facilidade aos limites das pedaleiras. E nesta hora o modo Dynamic é um prato cheio!
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Rodando entre 100 e 120 km/h ela vibra um pouco nos punhos e pedaleiras. Seu tanque nos proporciona uma autonomia incrível. O consumo também surpreendeu, tanto andando forte em estradas com curvas como obedecendo os limites das rodovias. Acelerando na casa dos 110 km/h obtivemos média de 20km/litro, uma bela marca dentro da categoria.
Na cidade ela também se sai bem, porém exige mais atenção em corredores apertados e em manobras de baixa velocidade. Entendemos que seu maior propósito seja viagens por asfalto ou aventuras na terra. Os freios funcionam muito bem, reforçando a impressão de segurança. Os faróis LED iluminam bem e os auxiliares complementam a boa visibilidade. Além disso, o acionamento automático do DRL (luz de condução diurna) deixa a moto bem visível aos demais veículos.
F 850 GS no off road
No off road a movimentação em cima da moto é natural. Pilotar em pé ou com os movimentos de contra peso deixam tudo mais agradável. Os pneus originais pedem maior atenção na terra, mas dão conta do recado. Fazer manobras em baixa velocidade acaba sendo um desafio maior devido ao centro de massas elevado, principalmente com tanque cheio.
Para ser perfeita longe do asfalto, só faltam ajustes na suspensão dianteira
As suspensões trabalham muito bem, copiando bem o terreno, porém a dianteira não é tão rígida quando deveria. Assim, em frenagens mais fortes a frente afunda um pouco. Não chega a comprometer, mas é um ponto a melhorar.
As trocas de marchas são suaves, mesmo ao usar botas off road, que diminuem a sensibilidade. Utilizando o Quick Shifter é possível perceber pequenos engasgos ao subir as marchas e pequenos trancos aos descer, mas nada que prejudique a experiência.
Comandos e Painel
Os comandos dos punhos exigem um pouco de tempo para se habituar. Tudo está ao alcance dos dedos; acionar ou reestabelecer o piloto automático depois de se acostumar fica mais simples. Acionar a seta no início pode ser mais difícil, pois você pode confundir a roldana dos controles do painel com ela. Ligar o aquecimento de manoplas (que funcionam bem e são fortes) é simples e de fácil acesso. São muitos botões e comandos e lembrar de todos requer um tempo.
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O painel e conectividade são um capítulo a parte e entendo que um dos pontos fortes da BMW F 850 GS Adventure. O painel TFT possui excelente visibilidade e duas fases de utilização. O primeiro é o pure ride, uma tela com funções básicas, voltada para focar na estrada e não causar distração.
Seguindo para as demais telas, são divididas em 5 menus: meu veículo, navegação, mídia, telefone e configurações. O menu meu veículo possui as subtelas de informações do veículo, que, no meu ponto de vista, acaba desviando a atenção por serem informações demasiadas. São muitas informações do computador de bordo e se leva um tempo para entender tudo.
No menu navegação (se estiver com um celular conectado com o app da BMW) é possível navegar por setas, o que se mostrou simples e eficiente. Nele é possível adicionar pontos de interesse na rota. O menu de mídia possibilita tocar a música do seu celular (sendo preciso ter celular e intercomunicador conectados na moto).
O menu telefone possui acesso à sua lista de contatos e últimas ligações, sendo muito eficiente para realizar e receber chamadas. O último menu configurações só está disponível com a motocicleta parada e nele você configura data, hora, língua, pareamento dos dispositivos e configurações da moto. Muita conectividade que torna as viagens mais confortáveis com uma música e a navegação.
O app BMW connected complementa a conectividade com o piloto depois que você já saiu da moto. Nele você possui informações do veículo (consumo atual, km rodados, tempo e km para manutenção), a previsão do tempo e as rotas que você realizou com a moto. É possível deixar que ela guarde essas informações automaticamente, algo bem legal para analisar tudo que ela te passa sobre a sua viagem. O app e realmente incrível.
Pontos a melhorar
Infelizmente, nem tudo é perfeito. A falta do cavalete central atrapalha bastante para realizar manutenções básicas na moto, como lubrificar a corrente. O Quick Shifter poderia ser um pouco mais preciso, assim como o para-brisa deveria um pouco maior. Já a suspensão dianteira poderia ter regulagens – eletrônicas, de preferência. São pequenos pontos que podem tornar a experiência de pilotar essa motocicleta ainda melhor.
Teste com a F 850 GS Adventure: conclusão
A BMW F 850 GS Adventure é uma bela moto para ir logo ali ou viajar até o Ushuaia. Excelente autonomia, fácil de guiar, segura, confortável. Possui mimos que ajudam muito a tornar a viagem mais divertida – imagina você na estrada ouvindo Born to be Wild!
Seja por asfalto ou na terra, na boa ou na ruim, ela cumpre o prometido com maestria. O preço sugerido atualmente (R$ 76.500) é o mais alto da categoria, mas a motocicleta entrega oque promete. É, sem dúvida, uma excelente opção aos apaixonados por big trail!
