Testes de motos Por motonline 11/08/2011 10:48 (há 14 anos).

Os scooters são confortáveis, práticos e econômicos. Nos últimos anos conquistaram espaço nas vias urbanas, comprovando que são excelente alternativa para transporte individual. O Suzuki AN 125 Burgman liderou este processo de popularização. Entretanto, a Suzuki demorou a modernizá-lo e quando finalmente o fez, em março deste ano, já havia perdido a liderança do segmento enquanto acompanhava os concorrentes mais modernos ganharem espaço.

Desenho moderno, injeção eletrônica de combustível e mais velocidade; praticidade e economia mantidas

Muitos consumidores preferiram não esperar e optaram por modelos concorrentes, como o Honda Lead, por exemplo. A J. Toledo da Amazônia, que fabrica as motocicletas Suzuki no Brasil, parece não ter a agilidade necessária para aperfeiçoar seus produtos assim que o mercado exige. Em um mercado competitivo como o brasileiro atualmente, isso pode representar perdas expressivas de participação no mercado, o que efetivamente ocorreu com a Suzuki, que perdeu o terceiro lugar no ranking nacional para a Dafra, tanto no atacado (Abraciclo), quanto no varejo (Fenabrave).

Números da Fenabrave mostram a boa média de vendas mensais até 2010 e a queda em 2011

Com a chegada do novo Burgman i, a Suzuki espera recuperar o tempo, o espaço e os consumidores perdidos com um produto melhor e com o preço sugerido mantido em R$5.990,00. Na primeira apresentação feita pela fábrica, o Burgman i indicou melhoras em quase todos os aspectos, sobretudo naquelas características que ainda causam desconfiança em muitos motociclistas, como as oscilações, as rodas pequenas e a falta de velocidade maior para trafegar em grandes avenidas e rodovias. Neste teste completo é possível confirmar que aquela primeira impressão estava correta.

O Suzuki Burgman i conserva as qualidades de seu antecessor e adiciona a eficiência da injeção eletrônica, maior economia, melhor estabilidade e desenho atualizado. Apesar de não parecer, quase tudo é novo na Burgman i. A começar pelo “i” da injeção eletrônica, que melhora o desempenho e permite que ela cumpra as regras do PROMOT-3 quanto à emissão de poluentes, passando pelo desenho da carroceria e chassi que foram atualizados para proporcionar melhor dirigibilidade e chegando ao conjunto motor e câmbio aperfeiçoado.

Na cidade

No meio do trânsito o Burgman i é rápido e passa fácil nos menores espaços

A principal característica de um scooter é sua praticidade. E o Burgman i evidencia isso com maestria. Uma proposta de transporte individual rápida, confortável e econômica, que permite levar, trazer, ir e vir sem grandes dificuldades. Até com garupa, mas aí a condição já é mais penosa para o veículo e passageiros. Cargas diversas cabem nos espaços disponíveis – sob o banco, no porta-luvas, no bagageiro, no bauleto e até mesmo na plataforma de apoio aos pés pendurado no gancho estrategicamente colocado.

Pelas suas características estéticas, admite o uso de roupas sociais tranquilamente, pois o escudo frontal e a plataforma para apoio dos pés protegem da sujeira das ruas que, em uma motocicleta, são lançados nos sapatos e nas barras da calça. A posição de pilotar – sentado – também colabora para o conforto e o espaço para as pernas de motociclistas de maior estatura está garantido.

Sentado, o piloto coloca a chave, aperta um dos freios e dá partida no motor. É necessário fazer silêncio para escutar o motor. A partir daí, basta acelerar e frear. Vá e volte do trabalho, da faculdade e das compras com conforto e tranqüilidade. Hoje já se vê scooters em frotas de empresas em uso intenso, um sinal de que custo de manutenção baixo e economia de combustível também são características significativas no Burgman i.

Comparado com as outras motos, o Burgman i é muito mais prático pois carrega "coisas" nos múltiplos espaços disponíveis

O novo motor e o câmbio CVT (Transmissão com Variação Constante) deram ao Burgman i uma aceleração mais linear. Ao mesmo tempo em que a relação de transmissão foi encurtada para possibilitar boas arrancadas, ela foi alongada para atingir velocidades maiores. O resultado é que ela demora mais para “crescer”, mas atinge aproximadamente 95 km/h de velocidade máxima real (pouco mais de 100 km/h no velocímetro). A mudança de velocidade se dá de forma constante e não se percebe alteração da rotação do motor enquanto a velocidade do veículo aumenta sem qualquer “troca” de marcha.

Ágil, leve e pequeno, o novo Burgman i manobra fácil em meio aos carros e congestionamentos. É preciso algum cuidado com os milhares de buracos e imperfeições das ruas das cidades, mas de maneira geral, as suspensões, apesar de pouco curso, estão bem calibradas para a realidade brasileira. O amortecedor traseiro conta com regulagem para a pré-carga da mola e isso é uma vantagem para adequar o comportamento da moto ao peso a ser carregado.

Para ter toda a agilidade e leveza nas manobras, o Burgman i paga o preço que é sofrer forte influência das imperfeições do piso. As motos esportivas também sofrem esta influência, pois isso é característica de motos com trail e entre eixos curto. É como se o piloto fizesse manobras no guidão e a moto reage imediatamente. Neste caso, até a pintura de faixas no chão “manobram” a Burgman i. Por esta característica, é preciso atenção permanente ao piso e segurar o guidão com as duas mãos sempre.

Nas estradas e avenidas

Nas vias expressas fique atento aos retrovisores para dar passagem aos veículos que trafegam em maior velocidade

Pela versatilidade e economia, os pequenos scooters estão ganhando espaço também em vias de tráfego rápido, como avenidas expressas e rodovias. Mesmo não tendo sido projetado para ser usado nessas condições, o fato é que eles estão nas vias expressas e seus usuários devem ter consciência das suas limitações e conduzir de acordo com elas. Nas vias expressas a velocidade máxima é atingida rápida e facilmente. Trafegar nestas condições não há reserva de potência para se esquivar de alguma situação perigosa. Por isso o uso do Burgman i deve ser feito respeitando-se esses limites. Estar permanentemente de olho nos retrovisores – muito bons na Burgman i – para dar passagem aos veículos mais rápidos se torna uma premissa importante e até vital.

Análise técnica

Ciclística

 

Roda pequena e trail curto permite manobras rápidas sem perder estabilidade na reta

De construção bem feita, a Burgman i tem no chassi bons atributos, melhores do que o anterior. É perceptível como ele se tornou mais estável, com menos flexões quando submetido a esforço proveniente de buracos, curvas em aceleração ou frenagem. Nessa condição a ciclística se mostrou muito melhor também, mesmo sendo 20 mm. mais curta. A impressão que dá é a mesma de uma moto mais longa no entre eixos, trail e/ou rake mais aberto ou seja, mais estável nos terrenos acidentados.

Motor

Muito linear, trabalha em rotação mais baixa que o antigo por causa do câmbio, mais longo. É um motor mais “quadrado” do que o anterior, passando de 52 x 58,6 para 53,5 x 55,2 no diâmetro e curso. A compressão diminuiu de 10,2:1 para 9,6:1. Com o sistema de injeção e os vários sensores distribuídos pelo motor, há um controle maior tanto nas emissões quanto no desempenho. E isso é facilmente percebido porque ela não perde em nada para a anterior e tem a vantagem da economia, um pouco mais de velocidade final e menos vibração. Com o novo projeto do motor, a verificação do óleo agora é mais fácil.

Câmbio

Tão bom quanto o anterior, apenas agora ele permanece atuando até uma velocidade maior. Assim, também consegue uma velocidade um pouco maior e o motor fica numa rotação mais confortável. “Pendura” mais no vento, ou seja: o motor fica sem força para abrir caminho no vento. Isso demonstra que a relação do câmbio está mais bem distribuída, aproveitando toda potência do motor.

Freios

Bons freios – disco na dianteira e tambor na traseira. Adequados ao tipo de veículo e são sempre muito exigidos pela pouca disponibilidade de freio motor. Mas o dianteiro estava um pouco “borrachudo” na unidade testada. Poderia ter uma pegada mais firme.

Suspensão

As suspensões seguem padrão para o veículo. Garfo telescópico na dianteira e amortecedor traseiro com ajuste na pré-carga da mola. Está mais bem calibrada para as situações ruins das ruas e avenidas das cidades brasileiras. Só que o ajuste da pré-carga da mola do amortecedor é serviço para oficina especializada, pois o acesso é impossível sem desmontar partes do scooter.

Acabamento

Praticamente todo em plástico, os encaixes das peças segue bom padrão. A pintura também tem boa camada e brilho. Como todos os componentes ficam escondidos sob os painéis plásticos, seria de se esperar que chicotes elétricos e outras partes estivessem com proteção precária. Mas isso não ocorre no Burgman i, onde os componentes elétricos e eletrônicos ficam bem posicionados e protegidos.

Um pino soldado no pedal de partida - solução simples

Tecnologia

Condizente com o projeto, a tecnologia aplicada alcança os objetivos principais e o resultado é um bom conjunto, equilibrado e com componentes integrados. Provê uma boa relação custo-benefício com qualidade e sem demandar excesso de manutenção. O pedal de partida poderia já ter sido eliminado, diminuindo peso. Ele ganhou um pino que impede que ele seja acionado quando a moto está com o cavalete central recolhido, o que acontecia no modelo anterior, muitas vezes quebrando engrenagens do sistema de partida.

Acessórios

O ótimo bagageiro e um bom porta-luvas completam as facilidades do uso no dia a dia. Sob o banco cabe apenas um capacete pequeno. Mas nada que um bauleto não resolva. Para o garupa, a pedaleira externa e retrátil foi uma solução inteligente.

Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, criamos um tópico no fórum para os motonliners. Clique aqui para acessar o tópico.

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