Testes de motos Por Guilherme Augusto 04/11/2021 18:01 (há 3 anos).

Enfim fizemos um teste completo da Haojue DK 150 S. E aqui já vai um spoiler: se você acha que vai encontrar aqui uma longa lista de defeitos diante de poucas qualidades, irá se surpreender.

O modelo é a street da marca e, como tal, encara de frente sucessos consolidados no nosso mercado, como as Yamaha e Honda. E para isso ela tem lá seus trunfos, que vão além do preço competitivo.

Testamos a DK 150 S, street da Haojue. Foram mais de 700 km a bordo da rival de nomes como CG 160 e Fazer 150

 

Quem é a Haojue

Vamos por partes. Antes de apresentar a DK 150, falando sobre seu desempenho ou consumo, cabe uma breve apresentação da marca à qual pertence.

A Haojue é uma fabricante chinesa, que surgiu nos anos 1990 e tem uma parceria de longa data com a Suzuki. Assim, é ela quem fabrica a base de muitas das ‘Suzuki’ de pequena cilindrada, inclusive algumas que conhecemos bem, como as Intruder 125 e Burgman 125, dois sucessos no mercado brasileiro.

A Haojue está entre há quase 20 anos, mas de forma silenciosa. Era ela quem desenvolvia, por exemplo, as ‘Suzuki’ Burgman 125

Sim, à grosso modo, alguns modelos eram fabricados pela Haojue e apenas montados pela Suzuki, que ‘colava’ seu logotipo na carenagem. Ou seja, a chinesa está presente no mercado nacional – de forma indireta – há pelo menos 19 anos, quando a Intruderzinha desembarcou por aqui.

‘Hao… o que?’ perguntou o frentista, enquanto olhava curioso para o logo estampado no tanque de combustível

Já a chegada oficial da empresa ocorreu em 2017. Na ocasião, a JTZ (representante da Suzuki no Brasil) trouxe as marcas Haojue e Kymco para oferecer suas motos de baixa cilindrada e scooter, deixando a Suzuki responsável apenas pelos produtos de alta cilindrada. Assim, todas as três marcas estão sob o guarda-chuvas da JTZ.

 

Teste: e a DK 150, é boa?

Esta pergunta, de uma simplicidade quase infantil, motivou nosso teste. Para encontrar a resposta nós rodamos cerca de 700 km com uma DK, percorrendo trechos urbanos, rodovias, estradas de terra, com garupa, só piloto, rápido, devagar, subindo, descendo.

A DK 150 S é uma boa pedida para a cidade. Além de muito ágil, é econômica – com médias acima dos 50 km/litro

Vale lembrar que a unidade testada foi uma DK 150 S, com injeção eletrônica, e não a versão de entrada – e carburada – DK 150 CBS. Cabe também um agradecimento à Suzuki Sun Motors de Porto Alegre que ofereceu a moto, nos cedendo por vários dias.

Para começar, uma apresentação. A DK 150 S é uma street, de baixa cilindrada, rival de nomes como CG 160 e Factor / Fazer 150. Se distancia das concorrentes especialmente no design, que conta com rodas de 5 pontas, carenagens no tanque, pequena bolha sobre o farol e ótimo nível de acabamento, sem economizar nos plásticos texturizados.

Nível de acabamento chama a atenção de longe e não decepciona de perto. Plásticos parecem ser de boa qualidade

Na parte técnica, conta com motor TSR de um cilindro, quatro válvulas (DOHC) e 149 cm³, que gera 12,1 cv de potência e 1,24 kgf.m de torque máximos, a 8.000 rpm e 6.000 rpm. As rodas são em aro 18 e em alumínio, os freios CBS têm disco na frente e tambor na traseira, os pneus não têm câmara.

Veja também:

 

Como é andar com a DK 150s

Logo no primeiro contato, chama a atenção o nível de acabamento. A qualidade dos encaixes e texturas dos plásticos são quase atípicos para a categoria – e um diferencial da DK 150.

Teste DK 150 S – Como é rodar com a Haojue

Motor Um dos pontos altos do modelo. Funcionamento muito suave, com vibrações praticamente imperceptíveis mesmo em rotação mais alta
Câmbio Preciso e confiável, sem engasgos ou ‘falso neutro’. A relação curta de marchas prioriza o desempenho – consumo – na cidade, mas também encara estradas
Consumo A DK 150 é econômica, especialmente na cidade – favorecida pela relação de marchas. Chegou a fazer mais de 52 km com um litro
Agilidade Outro forte da DK. Ciclística acertada garante uma moto extremamente ágil, sensível ao menor comando do piloto. Desviar de buracos ou de carros no corredor é tarefa fácil
Conforto As suspensões oferecem conforto compatível com a categoria e contam com ajustes de pré-carga na traseira. Somadas ao banco largo e com boa espuma, garantem conforto para rodar na cidade
Freios O disco dianteiro e tambor trasiero dão conta do recado graças ao eficiente sistema CBS, que distribui bem a frenagem. Ou seja, freia bem mesmo em situações de emergência ou estrada de terra
Painel Digital em LCD, oferece bom nível de visualização mesmo sob o sol forte. É completo (até com indicador de troca de óleo), só faltou mesmo um relógio
Espelhos Ótima visibilidade e zero vibração. Têm apenas uma pequena distorção nas extremidades, mas nada que prejudique a vida do piloto
Acabamento Outro ponto forte da Haojue. Plásticos (nas carenagens, painel, rabeta etc) são texturizados e parecem ser de boa qualidade, tanto na construção quanto nos encaixes

 

Depois quem agrada é o motor, suave e elástico. Sua vibração é praticamente imperceptível mesmo após os 7 ou 8 mil rpm. Mérito da boa construção – e não é difícil entender porque a marca também o aproveitou para as Chopper Road e Master Ride.

Repare na textura do acabamento na lateral da moto. Além de qualidade, bom gosto

Bastam alguns minutos na tranqueira da cidade para a DK mostrar outro trunfo, a agilidade. Leve e com ciclística acertada, ela muda de trajetória como poucas, exigindo zero esforço para desviar de buracos ou qualquer outro obstáculo.

Entre semáforos, declives e frenagens bruscas também exigimos dos freios. E eles responderam bem. O acionamento é suave, tanto no manete quanto no pedal, e o funcionamento é seguro, sem comportamentos estranhos. Já o sistema combinado CBS garante uma frenagem segura, até mesmo em estradas de terra.

Suave e previsível, o motor é um dos pontos altos do modelo. Gera 12,2 cv de potência máxima, dentro da média da categoria

 

Quantos km a DK 150 faz por litro

Hora de aferir o consumo da Haojue DK 150. Para simular condições reais do uso, colocamos a street à prova em praticamente todas as situações que ela irá encarar nas mãos dos proprietários – inclusive em algumas para as quais ela não foi projetada, e aí a pequena reclamou.

Consumo DK 150

Urbano e estrada (até 85 km/h) 52,2 km/litro
Rodovia (com garupa) 32 km/litro
Rodovia (em condições extremas) 24,1 km/litro
* moto em fase de amaciamento

 

Os números de consumo deixam claro: a DK 150 está em casa quando o percurso é na cidade. Aliás, sua própria relação de coroa e pinhão foi projetada para isto, permitindo rodar suavemente em 5ª marcha a 60 km/hora.

Já na rodovia, a configuração (com ênfase na relação de marchas mais curta) acaba exigindo mais do motor. Para atingir 100 km/hora ela precisa acelerar até os 8.500 rpm, já na faixa vermelha. Aí não tem jeito, se acelera mais, gasta mais.

A DK 150 S encarou rodovias com coragem e manteve velocidades próximas dos 100 km/h com conforto. Mas não adianta, o seu negócio mesmo é a cidade – é aqui que sua agilidade e economia falam mais alto

 

Cientes de que o consumo cairia, resolvemos por à prova a valentia da DKzinha. Com piloto, garupa e mochila, encaramos uma autoestrada às margens de uma imensa lagoa. Vento contra e caminhões não faltaram. A situação era tão adversa que em alguns momentos era difícil manter 90 km/h (normal, pois estamos falando de uma 150). Ao abastecer, a surpresa: o consumo caiu para menos de 25 km/litro, quase inacreditável para uma moto que faz mais de 50 km/litro na cidade.

Apesar do consumo maior, ela resistiu bem e seguiu confortável mesmo em velocidades mais altas. Apesar de estar trabalhando na casa dos 9 mil rpm, o motor vibra pouco e responde bem. E foi assim que atingimos o top speed, perto dos 120 km/hora. Vale lembrar que a moto ainda estava em fase de amaciamento, com menos de mil km rodados.

 

Conclusão: vale a pena comprar uma DK 150 S?

A DK 150 parece ter chegado ao mercado brasileiro ciente de que teria motocicletas de qualidade e já consolidadas como concorrentes. E apresenta um produto à altura desta briga.

Com a DK, a Haojue está bem representada no segmento de maior preferência dos brasileiros, o das motos street. Porém, se fosse um pouco mais barata, seus atributos despertariam ainda mais curiosidade

Assim, é confortável, econômica, ágil, leve. Tudo que uma boa street precisa ser. É uma boa opção de moto para o corre diário, especialmente nas cidades.

Fazendo até 52 km/litro, a DK 150 S tem preço médio de R$ 13.955 (FIPE). Assim, é cerca de R$ 500 mais barata que as Fazer 150 e Fan 160

Entre as concorrentes, seu principal diferencial é o design. Apesar de ser uma street 150, provoca olhares por onde passa, é uma moto para se diferenciar na multidão. De quebra, conta com o suporte da rede de concessionários Suzuki, já que é vendida nas mesmas lojas da japonesa.

Preços Street 150 / 160 cc
Modelo Preço de mercado (FIPE)
Preço sugerido
Haojue DK 150 R$ 13.130 R$ 13.189
Yamaha Factor 150 R$ 13.368 R$ 12.590
Haojue DK 150 S R$ 13.955 R$ 13.898
Honda CG 160 Fan R$ 14.488 R$ 12.280
Yamaha Fazer 150 R$ 14.497 R$ 13.690
Honda CG 160 Titan R$ 16.002 R$ 13.310

 

A DK 150 tem atributos para brigar de frente com as líderes do segmento. Para aquecer a briga, poderia ter uma diferença maior em relação às CG 160 e Fazer

E o preço? Se não irresistível, é competitivo. A DK 150 S custa cerca de R$ 500 a mais que a Factor 150, mas tem qualidade de acabamento superior. Suas concorrentes mais diretas seriam as Fazer 150 e Fan 160, que custam aproximadamente R$ 500 a mais que a Haojue.

Em comum são todas boas opções ao consumidor, cada uma com seus atributos e argumentos de venda. Boa sorte na escolha.

 

Agradecimento especial a Marília Wilbert e Fernando Santos, que contribuíram de forma essencial na produção das fotos.

Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza
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