Testes de motos Por Jan Terwak 10/02/2016 18:03 (há 9 anos).

A Kawasaki Z300 tem atributos de sobra para conquistar você. Um motor que esbanja força, uma ciclística muito bem acertada com um design de tirar o fôlego.

Divertida de pilotar e boa de curva, essa é a Z300

Linda, agressiva, imponente e estilosa. Essas são as palavras mais usadas para descrever esta Kawa. Escutei muito as seguintes frases: “Quantas cilindradas esta moto tem? Ela anda bem? Nossa, nem parece ter só 300 cc”. Com tanta grandiosidade e agressividade, de fato não parece que estamos olhando para uma 300cc.

Essa naked usa a mesma base de sua irmã esportiva, a Ninja 300. Ambas dividem o mesmo motor, chassi e suspensões.

Com o farol alto acionado as duas lâmpadas ficam acesas

A Kawasaki acertou em cheio no design dela. O conjunto óptico dianteiro foi herdado da irmã mais velha, a Z800. Ele é composto por duas lâmpadas, a primeira fica acesa no farol baixo e ao acionar o alto as duas acendem, lembrando a cara de um animal feroz. O desempenho geral é muito bom e sobra para iluminar o caminho à frente.

As linhas desta moto seguem o mesmo conceito. Todos os componentes remetem a motos acima das 500cc. As aletas do tanque são grandes e pequenos detalhes como a pintura em verde fosco no tanque e as pedaleiras de alumínio fazem toda a diferença. A capa do assento é um caso à parte com centenas de “Z” estampados que transmitem modernidade e diferenciação únicas.

O painel é compacto e muito clean. Ele tem um conta giros analógico na parte central e no canto direito é dotado de um velocímetro, hodômetro total e dois parciais, além de relógio e um indicador de economia de combustível, tudo muito fácil de ser interpretado. Vale lembrar que a Z300 tem lampejador de farol, muito útil em diversas situações.

As letras Z impressas no banco dão um ar de modernidade

O assento do piloto é espaçoso, porém um pouco duro e isso o torna um incômodo adicional, principalmente quando rodamos por períodos mais longos. Para o garupa a situação é bem pior, pois além do banco ser duro, não há qualquer ponto de apoio para se segurar.

A posição de pilotagem que a Z300 oferece é muito boa ao se comparar com a Ninja 300, deixando o piloto em posição confortável e relaxada, mas ainda um pouco agressiva e ao mesmo tempo, as pernas do piloto ficam flexionadas e ainda um pouco inclinado à frente. A Z300 é indicada para o uso na cidade, tanto quanto para viagens médias ou curtas, mas nem pense em viajar para muito longe, ela não é para isso.

Desempenho Matador

Em perfeita harmonia com o design, a performance desta verdinha é de arrepiar os cabelos. Com um motor DOHC, 8 válvulas, de exatos 296 cm³, esse bicilíndrico – 2 cilindros paralelos – arrefecido a liquido, gera “meros” 39 cv a 11.000 rpm e tem os números de torque na faixa de 2,8 kgf.m a 10.000 rpm.

Esse bicilíndrico de 39 cv empolga na hora de acelerar!

É um motor elástico e com personalidade forte, sobrando potência. Delicioso de acelerar, ele instiga cada vez mais a levá-lo próximo ao limite dos seus 13 mil giros úteis. Na estrada, rodando a 120 km/h, o motor trabalha suave, perto dos 8 mil rpm, mas basta passar dos 9 mil giros que o motor mostra a sua cara. A partir daí ele cresce rapidamente, mostrando que é nessa rotação que ele prefere trabalhar. Divertido de acelerar, no teste de velocidade final ele ultrapassou a marca dos 175 km/h. Destaque merecido para o nível de vibração do motor, quase que imperceptível, o que contribui para o conforto da tocada.

O câmbio de 6 marchas é muito macio e preciso, assim como o acionamento da embreagem deslizante. Ela serve para auxiliar nas frenagens evitando aqueles desagradáveis trancos na roda traseira ao reduzir a marcha. Para parar os 168 kg na versão Standard e 170 kg na versão com ABS, a Z300 conta com freios a disco de 290 mm na dianteira e 220 mm na traseira, ambos no formato margarida, dotados de cáliper com pistões duplos. A versão testada veio com ABS, que se mostrou muito eficiente nas mais diversas situações em que foi posto a prova.

Ciclística Acertada

A Z300 utiliza o mesmo chassi  que sua irmã esportiva. Como pudemos comprovar nos mais de 1.000 km rodados em nosso teste, a Z300 tem uma ciclística acertadíssima e isso se deve ao chassi e ao sistema de suspensões. Na dianteira o conjunto é telescópico com 37 mm de diâmetro e tem o funcionamento firme. Já na traseira foi utilizado o sistema de link, batizado de Uni-Track.

Pode confiar no conjunto, pois ele é eficaz. Muito bem dimensionado para rodar na cidade, como nas estradas. Nas imperfeições do asfalto não houve quaisquer reações inesperadas. E saiba que a Z300 faz curvas muito bem. Ela é uma moto muito leve, fácil de guiar e até mesmo quando é necessário trocar de direção rapidamente.

Semelhanças com a Ninjinha à parte, existe uma característica que as diferenciam e ela está ligada com a geometria das duas. Na Z300 o rake é de 26° e o trail é de 82 mm. Já na Ninjinha os números são: rake 27° e trail de 93 mm. E o que isso representa na prática? A Z300 é tão nervosa quanto sua irmã esportiva. Essa questão está intimamente ligada a nova posição do guidão, que está posicionado mais alto e o peso do farol afixado na parte da frente da Kawa Z300, junto à direção. Essa massa adicional dificulta e diminui a velocidade das manobras mais rápidas, mesmo com o guidão mais largo. Então faz sentido a postura mais nervosa da frente da moto, com rake e trail menores na Ninja 300. Nela, essa manobrabilidade é incrementada pela ausência de massa anexada à frente do guidão e as medidas mais conservadoras compensam a ausência da massa.

Geometria da Z300

Urbana

No uso urbano a Z300 também não faz feio. Uma ressalva deve ser feita somente para o esterço do guidão, que perde para motos como CB 300R, CB Twister e Fazer. Ou seja, no trânsito o esterço do guidão limita a maneabilidade que a moto tem para ultrapassar entre os carros. Os retrovisores são amplos e proporcionam uma visão adequada de quem vem por trás. O consumo variou entre 18,2 km/litro – em uma tocada mais agressiva – e 23,7 km/litro em condições normais de uso. A média ficou em 20,7 km/litro, uma marca nada boa para uma moto desta classe e porte de motor.

Conclusão

A Kawasaki Z300 é uma baita moto! Anda bem, entrega tudo que promete e um pouco mais. Motor, ciclística, freios e suspensões tem desempenhos mais que satisfatórios, somado a um design de tirar o fôlego. Mas apesar disso, a moto chegou num momento mais delicado do mercado e tem dividido as vendas com a sua irmã mais velha, a Ninjinha, que tem preço parecido com o dela. Em 2015 o modelo emplacou 713 unidades, mas é preciso lembrar que ela está disponível apenas desde junho. Assim, a média de pouco mais de 100 unidades por mês indica que a Kawasaki Z300 tem ainda muito espaço para crescer, sobretudo enquanto não chega uma concorrente no mesmo segmento. Disponível em duas versões, com e sem ABS, a Z300 custa R$ 17.990,00 na versão sem ABS e pode ser encontrada nas cores verde, cinza ou laranja. Já a versão com ABS custa R$ 19.990,00 e vem somente na cor verde.

Jan Terwak
Publicitário, curte motos desde que se conhece como gente, é piloto de motocross, enduro, cross-country e trilhas. Empresta sua experiência no off-road para as avaliações de motos no Motonline.
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