A Triumph Bobber Black tem a mais forte personalidade entre as integrantes da família Bonneville. Com pneus largos, guidão baixo, quadro em estilo hardtail e muito preto ela é uma máquina de virar pescoços na rua e, também de fazer o piloto sorrir.
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Nosso teste com a Bobber 2021 se estendeu ao longo de uma semana. Foram muitas centenas de quilômetros no ritmo do torque do empolgante motor de 1200 cm³ – a maioria deles em rodovias, claro. Saiba como ela se saiu em diferentes situações, seu desempenho, consumo e experiências abaixo.
Teste com a Bobber 2021 – a moto
A Bobber chegou ao Brasil em 2017, atraindo olhares ao seu estilo próprio. O visual é inconfundível dentro da família e conta com assento único (sem garupa), quadro ‘fake’ rabo duro, farol e setas redondos e espelhos nas extremidades do guidão. Além de muito preto e fosco, que garante um ar ‘bad boy’ ao modelo e destaca os escapamentos cromados.
É movida pelo já conhecido motor Triumph de dois cilindros e 1200 cm³. Aqui, entrega 77 cv a 6.100 rpm e 10,8 kgf.m de torque a apenas 4.000 rpm. O câmbio é de seis velocidades, as rodas raiadas têm aro 16 e as suspensões são de grife. A dianteira é assinada pela Showa (com 47 mm de diâmetro e 90 mm de curso) enquanto a de trás é KYB, com 77 mm de curso.
Como uma boa ‘modern classic’ a eletrônica ocupa espaço de destaque no projeto. Há freios ABS, computador de bordo, controle de tração, modos de pilotagem, cruise control e um funcional painel de instrumentos, com uma tela LCD em meio aos mostradores analógicos.
Como é rodar com a Bobber na estrada
Primeiramente, um agradecimento. Contei mais uma vez com os pontos de vista do amigo e motociclista Ricardo Kadota. O Rock Ténéré (@rock_sp_motociclista) já tinha contribuído em outros testes e, com centenas de milhares de quilômetros na bagagem, é nosso consultor de viagens aqui no Motonline.
Logo no primeiro contato, a Bobber me acendeu um brilho nos olhos. Gosto de veículos clássicos e suas linhas simples logo me trouxeram um saudosismo bom. Aquele cheirinho de café nas paradas das antigas viagens em família, onde víamos várias motos estacionadas ao lado de pilotos com jaquetas de couro. Todos combinando qual seria o próximo destino.
Na estrada ela está em casa e sempre com fome por acelerar mais. No modo Road ela despeja toda a potência e mostra o lado mais brutal da sua proposta. Pena nossas estradas e rodovias não nos deixarem tirar tudo o que a moto tem a oferecer.
Sem qualquer plástico ou carenagem, sentimos todo o vento no peito. As suspensões são firmes, confiáveis e previsíveis. Baixa, a Triumph proporciona uma experiência única em curvas, como uma autêntica bobber.
Com a Bonneville na cidade
Se já esperávamos um inevitável sorriso no rosto ao rodar nas estradas, na cidade ela surpreendeu. Apesar de estar visivelmente fora de seu habitat natural, a Bobber não desaponta no trânsito urbano.
O modo Rain deixa a moto quase dócil, sem nenhum susto do motor descomunal. As suspensões, mesmo com curso limitado, nunca bateram por chegar ao final. Relativamente leve, andou bem nos corredores, com a maior agilidade que poderia ter.
Claro que é preciso ficar atento aos carros, especialmente porque o guidão é baixo e não passará sobre os espelhos dos veículos. O ponto contra ficou pela pouca altura em relação ao solo, que a fez raspar em lombadas.
Posição de pilotagem é ame ou deixe
A posição de pilotagem está diretamente relacionada à proposta da moto. Não é conforto, funcionalidade ou qualquer argumento racional, apenas o mais puro estilo bobber.
Confesso que, particularmente, a sua não é a minha posição ideal. Isso acabou exigindo um pouco de paciência até se adaptar à moto e acostumar com alguns impactos na coluna, já que a posição avançada dos pés impede que as pernas amorteçam impactos.
Depois de algum tempo – dias, no caso – rodando com a Triumhp o corpo já parecia se acostumar ao novo estilo. Até as curvas em alta velocidade pareciam exigir menos força para compensar a baixa altura, assim como a missão de mudar a trajetória rapidamente nas cidades soava mais natural.
Eletrônica simples, mas funcional
A Triumph Bobber não é uma moto de aparências ou adereços. É uma purista. Chassi exposto, pneus largos, tanque em formato de gota, farol rendondo, banco único e um grande motorzão cheio de torque para dar. E acabou.
Então é de se esperar que ela não tenha mil parafernalhas eletrônicas. Tem o que é básico e funcional, o que precisa ter. Destaque à forma como o controle de tração (que pode ser desligado) e os modos de pilotagem realmente interferem no seu comportamento, fazendo dela duas motos numa só.
Aliás, gol dos comandos. Tudo o que você precisa está ao alcance das mãos junto à manopla. Acionar o piloto automático, trocar informações do painel, alterar o modo de pilotagem, desligar o controle de tração. Tudo muito simples e ao alcance dos dedos.
Também gostei do painel, que une os tradicionais ponteiros ao computador de bordo. Eficiente, informa sobre hodômetro total e dois parciais, consumo médio, consumo instantâneo, relógio e autonomia, além de dados mais básicos como indicador de marcha engatada e marcador de combusível.
Motor, câmbio e freios
O motor é como o esperado. Forte, elástico, com potência de sobra desde as baixas rotações, mas ainda confiável, previsível – especialmente no modo Rain. Porém, apresenta um pouco de vibração a partir dos 3.000 rpm, parcialmente amortecida até chegar às mãos do piloto.
Já o câmbio é preciso e macio, sem marchas falsas. É bem escalonado e longo. Como não falta vigor ao motor, há torque suficiente para qualquer situação em todas as marchas.
Os freios cumprem o seu papel. Bem dimensionados, passam segurança em todos os momentos e contam com discos duplos de 310 mm na frente e simples de 255 mm atrás, da Brembo e Nissin. Porém, seu acionamento poderia ser mais suave, requer força ao usar o mantete e pedal.
Triumph Bobber: pontos a melhorar
O primeiro está no ato de travar o guidão e ligar a moto. A posição de onde destrava o guidao (abaixo da mesa) poderia ser revisto, pois é necessário retirar a chave de lá e conectar na ignição próximo ao motor logo abaixo do carburador fake para ligar a moto. Sendo em dois locais diferentes, dificulta um pouco quando é necessário desligar a moto e travar o guidão.
Outro detalhe que poderia ser revisto é a altura das pedaleiras. Apesar de ser uma moto muito divertida de guiar e boa para as mudanças de direção, a altura do solo e das pedaleiras limitam a inclinação, levando perigo às curvas. É muito fácil raspar as pedaleiras no chão, exigindo atenção do pioto. Se entrar forte numa curva e precisar inclinar mais pode, inclusive, sofrer uma queda.
Veredito do teste com a Bobber
Em nosso teste, a Triumph Bobber Black mostrou ser pura diversão em estradas e passeios curtos. Torque de sobra, vento no peito e um som estrondoso saindo pelos escapamentos formam a receita perfeita para um final de semana inesquecível – mesmo que ele se repita cem vezes.
Porém, é preciso compreender a sua proposta para aproveitar a experiência ao máximo. Alguns podem reclamar da pequena autonomia, outros da falta de opção por um banco para piloto e garupa, e alguns da falta de um bagageiro, que acaba por lhe obrigar a usar uma mochila e compromete o uso em roteiros mais longos. É uma bela moto – em todos os sentidos.
Veja a ficha técnica da Bobber 2021 aqui.