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Uma sequência de reportagens na TV Bandeirantes mostrou de maneira bem clara como a sociedade ainda não se dá conta do que está acontecendo de fato com a questão das mobilidades não motorizadas.

Bicicletário do Aeroporto de Guarulhos: ainda há espaço

Bicicletário do Aeroporto de Guarulhos: ainda há espaço

Inserido no contexto da reportagem – como foi – que “o uso da bicicleta está crescendo em São Paulo” mostra a falta de conhecimento, ou pelo menos o descuidado com o olhar para a realidade. Parece que o número de ciclistas circulando ainda é incipiente.

Cada um vê o que quer, esta é a verdade. Não só a bicicleta tem sido mais usada, mas como cresce a cada dia o uso de patins, patinetes, e outros transportes não motorizados. E cresce rapidamente, sem controle, o que é preocupante.

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Periferia pela manhã: espaço inadequado para o trânsito de ciclistas e pedestres

Periferia pela manhã: espaço inadequado para o trânsito de ciclistas e pedestres

Por causa da prática dá para até para imaginar quem possa ter sido entrevistado para montar a reportagem. Há ainda os que, por razão de trabalho, ainda tapam os olhos com peneira. Há um estudo do professor Carlos Paiva, ex CET-SP, que contesta os números oficiais sobre o número de ciclistas circulando no dia a dia de trabalho.

Há mais de uma década foi apresentado um cálculo que mais que dobrava o número de bicicletas circulando. A razão é simples: órgãos públicos usam como referência a pesquisa OD (Origem/Destino) do Metro SP, que tem dois filtros: modo principal e uso para trabalho. Ou seja, esta pesquisa tem por objetivo medir a possível carga de passageiros para o Metro. E não há outra pesquisa oficial. O fato é que a distorção criada serve bem a alguns interesses.

O vício de não ver bicicletas se repete em todos lugares. “São Paulo não tem bicicletas circulando…”, “O terreno é muito acidentado…”. Em 2005 me foi mostrado um mapa de contagem aleatório no Centro Expandido que, lido da maneira correta, apontava um número surpreendente de ciclistas até onde não era esperado, como no meio do Jardim Europa. A própria OD do Metro aponta que em Grajaú, Zona Sul, e Brasilândia, Zona Norte, dentre outros bairros periféricos, a quantidade de ciclistas é alta e deveria haver ação do poder público.

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A campeã é Jardim Helena, Zona Leste, com mais de 7.000 deslocamentos dia, densidade comparável a algumas cidades da Europa. Não acredita? Sente num bar na av. Paulista e veja quantos ciclistas vão passar em horário de pico. Pode repetir em qualquer avenida. Em Guarulhos, por exemplo, recentemente foi feita a contagem. Na Rodovia Dutra, entre a Hélio Smidt (via que vai para o aeroporto) e Bonsucesso, pouco antes do pedágio, passa um ciclista a cada 17 segundos em horário de pico.

Até quando as autoridades vão fingir que não enxergam?

Até quando as autoridades vão fingir que não enxergam?

Surpreendeu a todos, mas é normal quando se pensa nas fábricas. Na ponte que cruza o rio Tiete, a rodovia Ayrton Senna e a linha férrea, e que liga a avenida Santos Dumont, Guarulhos, com São Miguel Paulista, é um número absurdo de ciclistas e principalmente pedestres. Só vendo. Numa das pontes que liga a cidade ao aeroporto, a da área de carga e do novo terminal de passageiros, cruzam mais de 1.000 ciclistas por hora na entrada e saída do trabalho. O bicicletário no aeroporto é bem grande e está sempre cheio.

Infelizmente as bicicletas ficam ao relento e o Governo Federal se recusa a fazer melhorias. A situação se repete em toda Guarulhos dos trabalhadores e estudantes e vai estourar rapidinho na da classe média. Mas vê quem quer. É assim em todo Brasil. O poder público sempre está atrás dos fatos, principalmente dos que não lhe interessam.

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