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Na semana passada nos deparamos com a chegada de mais um modelo no segmento de naked médias ao mercado, a Kawasaki Z 650. Agora noticiamos, com pesar, algumas baixas em segmento semelhante, o fim da família Bandit, da Suzuki. Apesar de não fazer qualquer pronunciamento oficial sobre o assunto, a Suzuki tirou a família Bandit de seu lineup, incluindo todos os modelos e versões: Bandit 650N, 650S, 1250 e 1250S. Silenciosamente, a marca japonesa também deixou de vender a custom peso-pena Intruder 125, em produção por aqui desde 2002.

Sem prestar qualquer informação à sociedade, Suzuki tira de seu catálogo motos icônicas, como a família Bandit

Sem prestar qualquer informação à sociedade, Suzuki tira de seu catálogo motos icônicas, como a família Bandit

Como a Suzuki no Brasil (representada pela JTA – J.Toledo da Amazônia) mantém, digamos, uma linha de comunicação com o público do tipo inexistente, não há informações oficiais sobre as motos que foram retiradas de sua linha e suas possíveis sucessoras, restando para nós fazermos suposições ou recorrermos a alguns concessionários da marca para tentar saber algo.

Em virtude do rigor da Euro4, fim da produção de todas as motos que usavam a plataforma Bandit: GSF Bandit 650N, 650S, GSX 650F (foto), 1250N, 1250S e GSX 1250 FA

Em virtude do rigor da Euro4, fim da produção de todas as motos que usavam a plataforma Bandit: GSF Bandit 650N, 650S, GSX 650F (foto), 1250N, 1250S e GSX 1250 FA

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Recentemente a Suzuki lançou no Brasil a nova e revigorada SV 650A, com seu elástico motor V2 de 76 cv, que carrega sozinho sobre os ombros a missão de representar a marca no segmento de naked médias, agora sem a Bandit. Já a Intruder provavelmente será substituída pela Haojue Chopper Road 150, agora que a J.Toledo também está trazendo motos da marca chinesa e também da taiwanesa Kymco para o Brasil. Mas falaremos disso mais adiante.

Suzuki Bandit, a precursora de uma viralização no Brasil

Por muito tempo se disse que no Brasil compramos carro pelo tamanho e moto pela cilindrada. Em um passado bem próximo, com resquícios de presente, também podemos afirmar que brasileiro compra moto pela quantia de cilindros. Um é péssimo, dois é ruim, três é aceitável e 4 é o ideal. E não adianta falar que o novo modelo é muito mais ágil (fato que pode ser crucial em uma moto voltada ao uso urbano), mais leve e econômico… há uma tribo que quer mesmo ouvir o som ensurdecedor e apaixonante dos quatro cilindros berrando alto. Muito disso se deve à popularização da Honda CB 600F Hornet no início dos anos 2000, quando ela virou um sucesso de vendas no Brasil, colecionando admiradores e haters, estes cultuando outros modelos com especificações e comportamento similares, como as Yamaha XJ-6 e FZ6N e a Kawasaki Z750. Mas muito antes de toda essa briga rolar, uma 600 cc gritava alto e solitária por ruas e avenidas, a Suzuki GSF 600 Bandit.

Hoje o segmento de nakeds médias é um dos mais aquecidos do mercado, com diversas opções de modelos e propostas. Mas quase 10 anos antes da briga Honda Hornet x Yamaha FZ6, já podíamos comprar uma Bandit

Hoje o segmento de nakeds médias é um dos mais aquecidos do mercado, com diversas opções de modelos e propostas. Mas quase 10 anos antes da briga Honda Hornet x Yamaha FZ6, já podíamos comprar uma Bandit

A família Bandit iniciou sua história em 1989, substituindo a família GS, com a GSF 250 e a GSF 400. Como todas as descendentes da família, estas GSF’s tinham motores de quatro cilindros e duplo comendo de válvulas (motor DOHC) que, aliados a refrigeração líquida nestes dois casos, geravam empolgantes 45 cv na 250 cc e 59 cv na irmã maior. A menor foi vendida até 2000, enquanto a 400 foi aposentada em 1997. No ano de 1995 surgiu a GSF 600 Bandit, primeira do legado a chegar no Brasil, que foi comercializada até 2004, quando recebeu um upgrade e se tornou a Bandit 650, que trazia como principal novidade o motor arrefecido a líquido. A GSF 1200 surgiu em 1996 e em 2007 se tornou 1250, também recebendo refrigeração líquida.

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História da família iniciou em 1989, quando lançaram a GSF 250 (foto) e a GSF 400. Todas as motos do legado tinham motores DOHC de 4 cilindros, o que fazia a 250 gerar 45 cv

História da família iniciou em 1989, quando lançaram a GSF 250 (foto) e a GSF 400. Todas as motos do legado tinham motores DOHC de 4 cilindros, o que fazia a 250 gerar 45 cv

Na ficha técnica, a Bandit 650N apontava 85 cv de potência máxima, entregues a 10.500 rpm, e 6,27 kgf.m de torque, a 8.900 rpm. Na balança, eram 215 kg. A versão 1250, uma verdadeira big naked, entregava 99,3 cv a 7.500 rpm e 11,01 kgf.m de torque, já em 3.700 rpm, e pesava 247 kg. Apesar do peso, as versões 650 se mostravam ágeis e domesticadas, mesmo gerando emoções ao torcer do punho. “Se alguém quiser ter apenas uma moto para rodar na cidade, viajar, passear com a namorada na garupa ou fazer umas curvas nervosas, a Bandit 650 é a medida. Até estrada de terra ela enfrentou! Isso que eu chamo de 100% moto, sem frescuras nem complicações”, dissemos, em teste realizado em 2007.

Em todas as Bandit, mas especialmente na 1250S, a ideia era se ter uma moto potente, divertida e confortável. Eram construídas sob o conceito "fun and comfort"

Em todas as Bandit, mas especialmente na 1250S, a ideia era se ter uma moto potente, divertida e confortável. Eram construídas sob o conceito “fun and comfort”

O motivo do fim…

O último teste que realizamos na Bandit foi em 2008, ou seja, o distanciamento da marca no Brasil com a imprensa é claro e causa seus prejuízos, não? O maior deles é o enfraquecimento de informações na relação motociclistas e marca, e seu consecutivo distanciamento. Então, ao que tudo indica (não podemos afirmar com toda a certeza pois não temos dados oficiais da fábrica), a família Bandit foi descontinuada por não se enquadrar nas novas regras de emissões de poluentes, a Euro4.

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Esta família da Suzuki tinha opções para todos os gostos, usos e posições de pilotagem. Tanto com motor 650 quanto com 1250, havia as versões N (naked) e S (semi-carenada), e também eram produzidas a GSX 650F (versão esportiva, com carenagem completa) e a GSX 1250FA (na mesma linha da 650, mas com quase o dobro de litragem). Todas elas se foram. A produção encerrou em 2016 e nos meses seguintes os modelos sumiram sorrateiramente das concessionárias e sites.

VENDAS SUZUKI (emplacamentos – Fenabrave)

Modelo 2015 2016 2017
Bandit 650 (S e N) 206 77 1
Bandit 1250 (S e N) 42 3 0
GSX 650F 151 123 1
GSX 1250 FA 125 86 36
Intruder 125 871 1041 320

Intruder 125: o fim da guerreira

Suzuki Intruder 125 iniciou sua produção no Brasil em 2002, com itens de série raros para a época e estilo custom

Suzuki Intruder 125 iniciou sua produção no Brasil em 2002, com itens de série raros para a época e estilo custom

Famosa por sua durabilidade (vale lembrar seu uso pelo Correios), itens de série (do tempo em que freio a disco e partida elétrica não se viam na imensa maioria das motos pequenas) e por ser a porta de entrada para o mundo custom, a Suzuki Intruder 125 iniciou sua produção no Brasil em 2002. E ela também se foi. Sua substituta é a Chopper Road 150, da chinesa Haojue, que fabrica vários modelos da Suzuki. Esta moto chegará por aqui custando menos que os R$ 7.100,00 (FIPE) da Intruderzinha.

A substituição já é realidade nas concessionárias e não apenas a moto da Haojue já está no showroom junto com as outras Suzuki, como também vários modelos da taiwanesa Kymco e outras motos da Haojue. Não há como saber oficialmente o que está acontecendo com a marca Suzuki no Brasil, até agora representada pela JTA (J.Toledo da Amazônia). Não há qualquer informação oficial da JTA e as concessionárias, se sabem de algo, não querem contar. E quando isso acontece, é porque a notícia não deve ser boa para os negócios, nem da fábrica, tampouco das concessionárias.

Vamos aos fatos:

  • Surgiu a JTZ, empresa que distribui no Brasil três modelos da Haojue e dois da Kymco;
  • O site da JTZ e da JTA, além dos nomes, são parecidos, com a mesma estrutura;
  • A rede de distribuição das motos é compartilhada;
  • As motos da Haojue e da Kymco estão no showrrom das concessionárias Suzuki;
Chopper Road 150,da Haojue: preço mais baixo que a Suzuki Intruder 125: R$ 5.990,00

Chopper Road 150,da Haojue: preço mais baixo que a Suzuki Intruder 125: R$ 5.990,00

Questionamos a assessoria de imprensa da JTZ sobre isso e recebemos a seguinte informação: “A JTZ Motos não responde a entrevistas, apenas dúvidas técnicas dos modelos”. Bem, isso não é assessoria de imprensa, mas SAC, Serviço de Atendimento a Clientes. Então, já que é assim, se você é cliente Suzuki, entre no site da JTZ (ou da JTA, tanto faz) e faça suas perguntas como cliente e, se conseguir alguma resposta, escreva aqui para o Motonline e vamos compartilhar suas informações com outros milhares de clientes e fãs da marca Suzuki.

Sobre a Haojue e Kymco, fomos oficialmente informados de que a JTZ trabalhará com os modelos Kymco Downton 300i ABS (scooter, vendido por R$ 19.990,00) e People GTi300 (scooter, R$ 18.990,00). A Haojue chega com a Lindy 125 (scooter, R$ 5.990,00), Nex (CUB, R$ 5.590,00, que promete consumo de 59 km/l) e, adivinhem, a Chopper Road 150 (custom, R$ 5.990,00).  A marca também informou que a “JTZ Motos é uma empresa 100% nacional, voltada para a fabricação de motocicletas. Idealizada em 2015, iniciou sua atividade fabril neste ano de 2017, estabelecida no Pólo Industrial da Zona Franca de Manaus”. Para saber mais, veja os sites da Kymco, Haojue e Suzuki e confira a galeria abaixo.

Kymco Downton 300i ABS

Kymco Downton 300i ABS

Kymco People GTi300

Kymco People GTi300

Haojue Chopper Road 150

Haojue Chopper Road 150

Haojue Nex

Haojue Nex

Haojue Lindy 125

Haojue Lindy 125

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Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza