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Texto de José Luis Gonçalves de Moraes, de Mairiporã, SP

Em 1983 meu pai comprou uma Yamaha TT 125, ano 82. Segundo ele o intuito era economizar gasolina, por isso uma moto. No entanto ele nunca teve muita habilidade com duas rodas. Sofria para ligar e para sair nem se fala. Lembro-me de uma de suas teorias “furadas” de pilotagem: apoiar a mão entre a manopla do acelerador e o punho de aceleração no guidão, que segundo ele era a garantia que num solavanco não iria acelerar demais e com isso não ia cair. Mas não foi o que aconteceu e foram vários tombos até desistir da moto.

A TT 125 dos rolezinhos proibídos na rua de casa

A TT 125 dos rolezinhos proibídos na rua de casa

Eu tinha na época 13 para 14 anos. Sempre adorei motocicleta e tinha os conhecimentos teóricos de como se pilotar. Como meu pai não andava mais com a moto fiquei incumbido de ligar a “máquina” uma vez por semana, já que tinha mais facilidade do que ele. Certa vez, nem meu pai nem minha mãe estavam em casa e eu resolvi além de ligar a moto, dar uma voltinha com ela afinal já conhecia a moto e por algumas vezes já tinha colocado primeira marcha e andado entre a garagem e o portão. Mas sem trocar de marcha.

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Liguei a moto e fui até a rua, que até hoje é de terra. Fechei o portão e tomei coragem. Colocar 1º marcha e soltar a embreagem não era novidade para mim, no entanto trocar de marcha nunca tinha ousado. No primeiro momento fui super cauteloso, acelerei um pouco e engrenei a segunda marcha. Que maravilha!!! Estava pilotando. Mais um pouco e coloquei a terceira marcha. Já sentia que tinha o domínio. E assim foi 4ª e 5ª. Tudo isso na estrada de terra e não mais que uns 40 km/h.

Fui até o fim da minha rua que dá ligação a dois bairros, uns 2 km aproximadamente. Fiz esse trajeto de vai e vem umas 3 ou 4 vezes e resolvi guardar a moto, afinal meu pai poderia chegar a qualquer momento e eu estava andando sem o consentimento dele. Na verdade eu já havia pedido algumas vezes e ele sempre negou dizendo que era muito perigoso.

A sensação nesse dia foi maravilhosa e a partir daí eu procurava funcionar a moto no horário que não tinha ninguém em casa para poder dar uma voltinha. Mas como tudo que é feito escondido acaba dando errado, certa vez estava andando na rua e dei de cara com meu pai voltando para casa fora do seu horário habitual. A partir desse dia, além de proibir funcionar a moto, meu pai fez questão de se desfazer o mais rápido possível para que eu não tomasse gosto. Mas seu objetivo teve efeito contrário. Estou com 43 anos e com 16 consegui comprar uma RX 125 e nunca mais deixei de ter moto.