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Foto: Luna B. Simäes

Foto: Luna B. Simäes

Como ‚ rodar no trƒnsito intenso de uma grande cidade, nos corredores formados entre os carros, “nibus e caminhäes. Para quem vive nas cidades com trƒnsito tranqilo, a realidade da vida nos corredores ‚ desconhecida. TÆo in‚dita que os motoristas at‚ estranham quando um forasteiro se atreve a passar entre dois carros em uma cidade de 10.000 habitantes, por exemplo.

Nas capitais como SÆo Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte o trƒnsito s¢ se tornou poss¡vel com as motos se embrenhando entre os carros. Na cidade de SÆo Paulo, onde calcula-se que rodam 550 mil motociclistas, o trƒnsito de motos entre os carros j  virou uma questÆo federal e as entidades de trƒnsito estudam uma forma de limitar e at‚ proibir a circula‡Æo entre os carros.

Independentemente de determina‡äes municipais ou federais, hoje a vida nos corredores ‚ uma sensa‡Æo de eterna vigilƒncia. Tanto para quem est  na moto quanto para os motoristas e pedestres. Depois de mais de 10 anos de motos tran‡ando entre carros, a popula‡Æo da cidade de SÆo Paulo j  se acostumou e at‚ facilita a vida dos motociclistas.

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Rodar entre os carros ‚ uma pilotagem 100% vigilante. Um vacilo, por menor que seja, pode acabar em queda e com tanto carro em volta, o risco de atropelamento ‚ muito grande. Imagine-se rodando a 40, 50 ou 70 km/h com as pontas do guidÆo passando a cent¡metros dos carros!

Foto: Luna B. Simäes

Foto: Luna B. Simäes

Para os motociclistas experientes essa manobra nem causa tanta tensÆo, afinal o dia-a-dia nessa pilotagem trouxe li‡äes importantes como ficar o tempo todo de olho nas mÆos e no rosto dos motoristas. Se o motorista for mudar de faixa a primeira atitude ‚ girar o volante. Como o sistema de dire‡Æo dos carros ‚ mais “lento” que os das motos, quando o motociclista percebe que o motorista mexeu no volante ainda tem tempo de frear ou desviar.

Outra atitude preventiva ‚ fixar-se no reflexo do espelho retrovisor externo. Quando o motociclista puder ver os olhos do motorista ‚ sinal que sua presen‡a foi percebida e respeitada. Se o motociclista enxergar apenas uma orelha, deve ficar esperto. E se a visÆo for de um celular colado na orelha, afaste-se!

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As autoridades de trƒnsito de SÆo Paulo apontam para 12 ocorrˆncias por dia com motociclista que exigem resgate. Desse total alegam que 50% dos acidentes acontecem nos corredores. Mas essa pesquisa nÆo levou em conta que a progressÆo de acidentes coincide com a prolifera‡Æo de dois itens complicadores do trƒnsito: o telefone celular e a pel¡cula escura nos vidros. Se j  era dif¡cil o motorista perceber a presen‡a das motos ao seu lado, com os filmes escuros (visivelmente mais escuros que o padrÆo permitido) reduzem drasticamente a acuidade visual do motorista, sobretudo no per¡odo do entardecer.

O celular ‚ indiscutivelmente um fator agravante de acidentes nos corredores. Os motoristas tˆm a falsa impressÆo que ao rodar em baixa velocidade podem usar o celular e se concentrar no trƒnsito ao mesmo tempo. Mas quando os carros come‡am a fluir, sem perceber, o motorista desvia e “espreme” o motociclista! Cabe aos motociclistas ficarem espertos com esses motoristas/telefonistas.

Al‚m disso, o motociclista tem a obriga‡Æo de tornar-se vis¡vel e sinalizar sua presen‡a, mesmo que para isso tenha de recorrer … buzina.  melhor passar por chato e buzinar do que se estabacar na porta de um carro e agravar ainda mais o trƒnsito da cidade. E aqueles que usam escape barulhento sob a alega‡Æo fajuta de “os motoristas perceberem minha presen‡a”, podem esquecer. Para quem est  dentro do carro, o som do escapamento de uma moto nÆo ‚ totalmente direcionado. Para o motorista, a moto barulhenta por estar tanto … esquerda quanto   direita.

Uma cidade como SÆo Paulo nÆo sobreviveria sem marginais. Quero dizer, sem as vias marginais. SÆo as vias expressas que margeiam os rios Pinheiros e Tietˆ e colaboram para escoar as centenas de milhares de toneladas de mercadorias que entram e saem da cidade. Nessas vias o trƒnsito predominante ‚ de ve¡culos pesados, mas muito pesados, como caminhäes lotados e “nibus fretados. Para esses motoristas perceber a presen‡a de uma moto ‚ tÆo dif¡cil que os motociclistas deveriam se manter longe deles. Ali s, j  existe um projeto em estudo para proibir a circula‡Æo de motos nas marginais. O que tamb‚m nÆo soluciona o problema, apenas esconde e transfere para outro lugar.

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Rodar de motos nas marginais ‚ emo‡Æo garantida! Como o limite de velocidade   alto (90 km/h), mas os carros rodam devagar por causa do excesso de ve¡culos, as motos correm pelos corredores. Qualquer motociclista com um pingo de sensatez controla a velocidade porque se os carros estÆo a 35 km/h rodar a 60 km/h j  representa uma gigantesca vantagem. Mas tem motociclista desmiolado que roda a 90 ou 100 km/h nesse corredor. Se j  ‚ dif¡cil frear uma moto de 150 kg nessa velocidade, imagine o desespero do motorista de uma carreta de 15 toneladas quando vˆ um motociclista ca¡do bem na sua frente!

Proibir as motos de circular nas marginais nÆo seria uma solu‡Æo inteligente, mas com certeza ‚ preciso organizar a divisÆo de espa‡o para motos, carros e caminhäes, a exemplo do que foi feito em uma das avenidas de SÆo Paulo. H  anos a CET – Companhia de Engenharia de Tr fego – de SP estuda uma forma de criar as moto-faixas para isolar motos de outros ve¡culos. Finalmente a experiˆncia chegou …s ruas e na avenida Sumar‚, zona Oeste, foi criada a faixa exclusiva para motos. Colocada no lado esquerdo da via, entre o canteiro e a faixa mais veloz, a faixa ‚ separada apenas pela pintura no asfalto e j  recebeu dois radares m¢veis para flagrar – e multar – os motociclistas apressadinhos.

A experiˆncia foi altamente bem sucedida. Rapidamente motociclistas, pedestres e motoristas respeitaram a faixa e desapareceram os acidentes com moto. O £ltimo acidente fatal com motociclista nessa avenida nada teve a ver com o trƒnsito: durante uma tempestade uma das  rvores de grande porte caiu bem em cima de um motociclista!

Melhor ainda ‚ rodar na moto-faixa. Nada de stress, nada de motorista invadindo seu espa‡o e total seguran‡a. Essa experiˆncia deveria se expandir para outras avenidas de trƒnsito intenso, mas esbarra no cr“nico problema de falta de espa‡o da cidade. Hoje a tendˆncia ‚ justamente aumentar o n£mero de faixas nas avenidas para reduzir os congestionamentos. Avenidas que tinham trˆs faixas passaram a ter quatro e o espa‡o entre os carros ficou tÆo pequeno que exigiu altera‡äes nas motos. A maioria dos motoboys de SP dobra a ponta do guidÆo para conseguir passar nesse corredor de menos de 50 cm. Nesses corredores as motos trail levam vantagem porque sÆo mais altas e passam por cima dos espelhos retrovisores dos carros.

S¢ quem passa pelo corredor sabe como essa vida ‚ dif¡cil e estressante. Se vocˆ nÆo sabe o que ‚ isso, sorte sua, mas se tiver a chance de vir de enfrentar o corredor, nÆo esque‡a o calmante!