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Robô elétrico a bateria

Boa parte de todo avanço tecnológico da história se deve à sua aplicação militar, e hoje o que os militares mais querem são robôs que resolvam os problemas nas batalhas e deixem vivos e inteiros os seres humanos.

Robôs militares já em uso, altamente provados e amplamente conhecidos pelo grande público são as UAVs, aeronaves não tripuladas comandadas de milhares de quilômetros de distância. Elas são pequenas, voam mais devagar e mais baixo que os jatos, patrulham e enviam visões de solo a ‘pilotos remotos’. Esses analisam os dados recebidos e jogam bombas e outros artefatos em cima do inimigo percebido. As UAVs estão mudando totalmente o resultado das batalhas.

Antes delas já têm sido muito usados os veículos de patrulha Guardium, produzidos pela GNIUS, e o Taxibot, sistema semi-robotizado de tracionamento de aeronaves no solo, comandado pelo próprio piloto da aeronave. O sistema de taxiamento atual, com o uso dos motores da aeronave, resulta num enorme consumo de combustível (estimado em US$ 12 bilhões em 2012), altas emissões de CO2 (18 milhões de toneladas/ano) e fonte significativa de FOD (Foreign Object Debris, detritos estranhos na pista), US$ 350 milhões por ano. O Taxibot permite tornar desnecessário ligar os motores de uma aeronave durante o taxiamento, a aeronave ficando apenas com a unidade de força auxiliar (APU) para fornecer energia aos sistemas de cabines de comando e de passageiros. Ele está sendo desenvolvido em conjunto pela IAI (Israel Aerospace Industries) e a Airbus, e há a possibilidade de uma joint-venture entre elas e uma fábrica de tratores para produzir e vender o sistema aos aeroportos.

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Agora já existem robôs -no chão-, verdadeiras -bestas de carga- de quatro patas que não precisam dormir, descansar, comer ou beber, são capazes de carregar 200 kg durante três dias sem recarregar suas baterias, e que seguem os comandos de seu mestre humano. Embora destinado a batalhas, o REX tem infindáveis aplicações na agricultura, na manufatura e no que mais se possa pensar. Ele foi desenvolvido e construído pelo departamento de inovação tecnológica da IAI e mostrado no fim do ano passado na Exposição 2009 de Defesa e Aeroespaço de Seul, na Coréia do Sul.

REX é um robô relativamente pequeno, projetado para acompanhar grupos de 3 a 10 soldados em missões logísticas ou operacionais. Ele fica a uma certa distância do soldado líder, que lhe comanda coisas como pare, ajoelhe, vá buscar. Os soldados ficam fisicamente mais aptos à luta, já que não carregam equipamentos que nada têm a ver com o combate – e o próprio robô transporta equipamentos de apoio a seu -mestre-.

O que os chefes militares querem são robôs que ampliem a sobrevivência e a letalidade do combatente: um exoesqueleto com maior resistência, velocidade, alcance e capacidade de -vestir- blindagens contra projéteis, explosões, fogo, calor, vapores, gases, radiação, agentes químicos e biológicos. O soldado robô seria capaz inclusive de consertar máquinas pesadas sozinho.

A Boston Dynamics desenvolve uma mula de quatro patas capaz de operar em terreno tão difícil que nenhum veículo de quatro rodas pode enfrentar. Menos da metade da crosta terrestre é acessível a veículos de rodas ou mesmo de esteiras, enquanto pessoas e animais podem ir a quase qualquer lugar usando suas pernas. Seu robô Big Dog anda, corre, sobre escadas e pula sobre obstáculos com cargas pesadas em suas costas. Seu motor aciona um sistema hidráulico de movimentação de suas quatro pernas, capazes de absorver choques e reciclar energia de um passo para o outro. O Big Dog é do tamanho de um cachorro grande ou de uma pequena mula: 1m de comprimento, 75 cm de altura e 110 kg de peso.

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Seu computador controla locomoção e pernas através de sensores. Seu sistema de controle o mantém equilibrado, o navega e regula sua energia de acordo com a mudança do terreno. Os sensores de locomoção incluem posição e força conjuntas, contato com o solo, carga sobre o solo, um giroscópio e um sistema de visão estéreo.

Nos testes dinâmicos, o Big Dog corre a 6,5 km/h, sobe rampas de até 35 graus, passa por cima de cascalho e navega por campos enlameados ou cheios d`água, carregando 150 kg.

Embora os robôs de quatro patas ainda estejam no futuro, o REX tem enorme potencial, que a IAI estima em centenas de milhares de unidades e centenas de milhões de dólares em vendas. Afinal, já há uma clara necessidade de uma máquina deste tipo, que integra tecnologia robótica já existente, baixo preço, curto prazo de desenvolvimento e baixo risco.


José Luiz Vieira, Diretor, engenheiro automotivo e jornalista. Foi editor do caderno de veículos do jornal O Estado de S. Paulo; dirigiu durante oito anos a revista Motor3, atuou como consultor de empresas como a Translor e Scania. É editor do site: www.techtalk.com.br e www.classiccars.com.br; diretor de redação da revista Carga & Transporte.

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