A G 310 R entrou para a história da BMW por diferentes razões. Foi a primeira desenvolvida em parceria com a indiana Bajaj, a primeira da era moderna abaixo das 500 cc, a primeira naked da marca a brigar no segmento das médias.
Mas engana-se quem pensa que ela foi a primeira ‘moto pequena’ da BMW. Este título pertence a outra motocicleta, quase esquecida entre tantos modelos e famílias lançadas pela empresa alemã desde a R32 dos anos 1920. O posto é da R2.
G 310 R não foi a primeira moto pequena da BMW
A R2 foi a primeira moto pequena da BMW, lançada há mais de 80 (oitenta!) anos antes da G 310R. O modelo veio ao mundo no longíquo ano de 1931, se aproveitando de uma nova lei do governo alemão. Segundo a regra, motos de até 200 cilindradas dispensariam o uso de carteira de motorista e o pagamento de impostos.
Entretanto, a motocicleta era cara e pouco eficiente. Seu motor de um cilindro, 198 cm³ e 6 cv tinha dificuldades para mover os quase 150 kg do modelo. Por isto poucos anos depois surgiu a R 20, com uma série de melhorias.
A novidade chegou ao mercado em 1937, com nova estrutura de chassi em aço e suspensão telescópica na dianteira. A bateria também foi realocada para melhor distribuição de peso e um motor totalmente novo surgiu. Com 192 cm³, o monocilíndrico entrega 8 cv e um desempenho mais empolgante.
O conjunto pesava 130 kg e ainda mantinha itens como freios a tambor e transmissão por eixo cardã. Porém, apenas um ano depois a lei alemã mudou e extinguiu as isenções para as motos pequenas, marcando a descontinuidade do veículo no mesmo calendário. Foi o fim precoce da R 20.
R23, a evolução
Ainda em 1938 a BMW lançou a substituta da R 20, a R 23. Livre das limitações para se encaixar na legislação anterior, o modelo podia entregar mais potência graças ao seu motor de 247 cm³. Pesando apenas 5 kg a mais que a antecessora, atingia os 100 km/h de velocidade máxima. Ela perdurou até 1940, quando a Segunda Guerra Mundial se alastrava rapidamente pela Europa.
O pós-guerra e a interessante R 24
Viu como a BMW teve uma família inteira de motos pequenas antes da G 310 R? Uma das mais interessantes é a R 24, um dos primeiros modelos da marca a sairem da fábrica depois que a empresa teve suas plantas tomadas pelas tropas aliadas, logo após a derrota da Alemanha no conflito.
Na época, a missão das montadoras era auxiliar seus países a se reerguerem social e economicamente. Por isto as grandes motos montadas até então cederam lugar a modelos pequenos, leves, econômicos e, especialmente, mais baratos. Foi naquele momento em que a motocicleta assumiu um papel que jamais perderia, o de ferramenta de mobilidade urbana.
Como era a pequena moto da BMW
Foi neste contexto que surgiu a R 24. Sua missão era auxiliar a BMW (e seus fãs alemães) a reencontrarem o caminho do crescimento naqueles tempos sombrios.
Desta forma, a motocicleta lançada em 1948 seguia uma receita simples. A ideia era basicamente simplificar a R 23, abrindo mão de materiais nobres ou que estivessem em escassez no mercado, como o cromo.
Outras tecnologias também foram cortadas, como a suspensão de êmbolo na traseira (e assim ela passou a ser rabo duro, sem qualquer amortecimento atrás). Na dianteira, o garfo foi simplificado. Itens como os freios a tambor e o cardã foram mantidos sem qualquer alteração, tudo em nome da redução de custos.
Já o motor, porém, teve alguns ajustes. Manteve os 247 cm³, mas entregava agora empolgantes 12 cv. Para ajudar o transporte entre as cidades, o tanque subiu de 9 para 12 litros. Como a ideia não era correr mas sim economizar, o funcionamento do conjunto foi reajustado para que atingisse ‘apenas’ 95 km/h de velocidade final.
O resultado foi um sucesso. Quando foi substituída pela R 25, em 1950, já somava mais de 12 mil unidades comercializadas. Seu melhor ano foi 1949, com mais de 8 mil registros. Depois vieram as R 26 e R 27, levando a família de monocilíndricas até 1966.
BMW G 310 R surge oitenta anos depois
Desta forma, a BMW G 310 R não é a primeira moto ‘pequena’ da marca pois surgiu apenas 84 anos depois da R2. Sua primeira aparição foi em 2015, ainda como conceito, em diversos salões do mundo. Nos meses seguintes ela chegou ao mercado glogal, incluindo o Brasil.
Sua missão em nada lembra a das R2 ou R 24. Foi desenvolvida num mundo globalizado, através de uma parceria com a TVS, uma das maiores fabricantes de motos na Índia. Aliás, mesma receita seguida por outras marcas europeis que se uniram com indianas, como as KTM e Bajaj.
Desta forma, marcou o ingresso da BMW no crescente segmento das naked média, já habitado por nomes de diversas nacionalidades. Para garantir bom desempenho no nicho, a G 310 R precisava ter agilidade, conforto, força e economia. Para maior valor agregado, seu visual foi inspirado na grande S 1000 R, versão naked da superbike RR.
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G 310 R, ágil e econômica
Logo no primeiro teste com o modelo nós comprovamos suas aptidões. A moto de entrada da BMW é leve e ágil como uma urbana deve ser e tem desempenho dentro do esperado na categoria. Destaque para seu irrepreensível comportamento em qualquer situação, bom nível de conforto (mérito também da suspensão invertida na dianteira e ajustes na mola traseira) e motor (monocilíndrico, que gera 34 cv de potência máxima) de funcionamento extremamente suave.
A segunda geração da G 310 R chegou ao Brasil neste mês. As principais novidades estão no sistema de iluminação full LED, adoção do acelerador eletrônico (para respostas mais rápidas e menor cosumo) e embreagem deslizante, que evita o travamento da roda em reduções bruscas. As carenagens, cores e grafismos também mudaram. Atualmente, seu preço sugerido é R$ 32.900.