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Desde que comecei a trabalhar, aos 15 anos, uma frase dita por um dos meus primeiros chefes serviu como um guia para minha vida profissional. Essa pessoa dizia que um excelente profissional deveria estudar, pesquisar, ser curioso (se algu‚m me mostrasse um papel, que eu sempre olhasse tamb‚m o verso) e nunca achar que sabia profundamente de algo porque, no dia seguinte, aquilo j  seria diferente.

Seguindo estas premissas, estudei, pesquisei, fiz cursos, viajei, mudei diversas vezes de emprego, trabalhei em v rios segmentos do mercado e ocupei diferentes posi‡äes na hierarquia empresarial, sempre com o pensamento de melhorar os conhecimentos e a performance profissional, buscando oferecer aos meus contratantes qualidade, ‚tica, criatividade, desempenho e o tÆo esperado retorno financeiro.

Uma enorme surpresa foi chegar aos 50 anos e constatar que, apesar da grande experiˆncia adquirida, hoje um profissional como eu, ainda que conseguindo excelentes resultados para a empresa onde trabalha e com uma performance profissional de alto gabarito, por qualquer motivo, se um dia deixar este cargo na empresa em que trabalha, … noite j  ‚ velho para o mercado.

Ali s, a palavra mercado vem sendo profundamente analisada por muitos profissionais em fun‡Æo de ditar normas obscuras que nem sempre coincidem com a verdade e com a realidade. Recentemente, tivemos o exemplo das elei‡äes, do sobe-e-desce do d¢lar, das mudan‡as no panorama pol¡tico-social, enfim, o mercado dita e n¢s seguimos.

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Mas quem ‚ o tal mercado? Numa empresa, sabemos que existem muitas normas nÆo-escritas sempre precedidas da frase “N¢s sempre fizemos assim” ou “O presidente disse para ser feito assim”, mas o presidente sequer tem ciˆncia de que algo acontece por este motivo.

Em fun‡Æo de normas nÆo-escritas no mercado, atualmente um profissional que chega aos 40 anos de idade come‡a a ficar preocupado com a sua situa‡Æo. Mais ainda os que atingem os 50 anos pois, teoricamente, morrem para o mercado se deixam seus empregos atuais.

Minha d£vida est  voltada unicamente para uma pergunta: quem ser  o respons vel por esta visÆo altamente distorcida? Por que um profissional com mais de 50 anos nÆo serve para ocupar um cargo dentro de uma empresa e, no entanto, quando ‚ contratado como consultor, ‚ ouvido com respeito e suas proposi‡äes sÆo aceitas? Que distor‡Æo ‚ essa?

Qual ser  o problema que impede a contrata‡Æo destes profissionais? Assim como eu, v rios amigos e conhecidos nÆo conseguem retornar para empresas porque atingiram 50 anos apesar da experiˆncia comprovada, qualidade, ‚tica, performance, cases de sucesso, provas concretas de realiza‡äes atuais que mudaram h bitos de consumo, pensamentos etc. Seriam os cabelos brancos? O plano de sa£de que custa mais caro? Os v¡cios profissionais? Ah, talvez seja porque nÆo conseguem mais ter a mobilidade necess ria para a maratona de reuniäes, conven‡äes, visitas aos clientes, fornecedores, compromissos profissionais do dia-a-dia… NÆo agentariam o tranco di rio exaustivo, ainda mais com todas as dificuldades do mercado atual.

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Pois fiquem sabendo que tudo isso e muito mais ‚ exigido dos profissionais que hoje estÆo fora das empresas e, exceto aqueles que desanimaram ou mesmo se aposentaram e nÆo querem mais trabalhar, a sobrevivˆncia obriga a encarar as dificuldades, ter maior criatividade e em muitos casos, ver que quem est  empregado nem sempre est  adequado ou preparado para exercer determinadas fun‡äes.

N¢s, os profissionais com mais de 50 anos, estamos vivos, ainda somos excelentes profissionais e podemos ser taxados de workaholics, yuppies, zen, peritos em qualidade de vida, pois j  passamos por toda esta roupagem ditada pela moda em v rios momentos. Trabalhamos 14 horas por dia e, com ou sem rem‚dio para a pressÆo alta, estamos abertos a propostas.