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Urbano por vocação, cosmopolita por competência

Quando o scooter Dafra Citycom 300i foi apresentado em setembro deste ano, as condições controladas e quase ideais da pista deixaram uma excelente primeira impressão da novidade. Contudo, havia uma grande interrogação quanto ao comportamento em uso normal nas ruas, avenidas e estradas.

Se naquela ocasião ele parecia ser apenas um veículo urbano, agora o Citycom revelou seu lado cosmopolita, transitando com absoluta desenvoltura e elegância em todos os ambientes urbanos e rodoviários. É verdade que as muitas peças plásticas que se encaixam na parte dianteira geram algum ruído com as irregularidades do piso urbano, mas isso não compremete o desempenho, apenas o conforto.

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Desenho moderno e pacote completo para quem quer conforto e praticidade

O Citycom 300i consegue unir as qualidades de um scooter com algumas qualidades das motocicletas. É claro que isso não o torna o veículo de duas rodas perfeito. Mas a receita agrada a um leque amplo de consumidores e o coloca como uma virtual unanimidade entre os que gostam do segmento.

Sua concepção é para uso mais genérico do que os de menor cilindrada, como os de 100 a 150 cc. Com rodas maiores do que a maioria (16 polegadas), sua ultilização admite maior versatilidade, podendo circular com desenvoltura nos centros urbanos, nas estradas regionais e grandes rodovias.

Com ele a Dafra dá continuidade à estratégia de fazer parcerias com fabricantes estrangeiros para lançar novos e mais adequados produtos no Brasil. Neste caso, o acordo é com a Sanyang Industry Co, de Taiwan. Antes foi com a indiana TVS Motor Company para a Apache 150.

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O teste do Citycom 300i foi conduzido intensamente pelas ruas da região central de São Paulo, passou pelas estradas periféricas e encarou grandes rodovias também. Em todas as situações o scooter se mostrou confortável, versátil e facilitador da vida de um cidadão típicamernte urbano, que precisa carregar volumes com segurança de um lado a outro da grande cidade.

Há um grande espaço sob o banco que adiciona praticidade e facilita o transporte até de volumes maiores, como uma mochila com notebook, por exemplo. O acesso ao espaço é acionado eletricamente na chave de ignição e o grande pára-brisa auxilia pilotagem por trechos mais longos, admitindo a ida a uma outra cidade da sua redondeza para voltar no mesmo dia sem se cansar, seja a trabalho ou lazer.

No trânsito, o controle do scooter é tranquilo, mas exige atenção pela traseira avantajada

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Sob o banco um grande bagageiro, com espaço para um capacete e outros objetos

Nos grandes centros

O Citycom 300i acelera com firmeza e em um espaço muito curto já está na frente da maioria dos carros (e motos). A arrancada é facilitada pelo câmbio automático CVT associado à grande força do motor. Os freios atuam com firmeza de sobra para parar o veículo com carga e piloto. Claro que para isso ajudam muito os ótimos pneus Metzeler, tanto nas frenagens quanto nas acelerações e curvas.

De fato, nas curvas é que o Citycom se sobressai, aceitando uma boa inclinação e velocidade no contorno sem que a suspensão, sob os impactos menores dos buracos, reaja com qualquer movimento indesejável. Em contrapartida, o CVT tem uma vibração incômoda quando parado, mas se acionar os freios quase desaparece.

O maior comprimento dificulta as manobras entre os carros e exige cuidado pela sua traseira mais larga, mas não tanto quanto uma moto grande. O guidão, um pouco pesado, faz com que o condutor perceba mais esse efeito se quiser fazer manobras mais rápidas. As suspensões, embora melhores que a média dos scooters, sente os excessos provocados por uma tocada mais agressiva no asfalto mal conservado da cidade, mas no uso cotidiano mais tranquilo se saem muito bem.

O conjunto óptico deixa um pouco a desejar, sobretudo pelo farol baixo (muito baixo). Uma eventual regulagem para uma posição melhor desregula completamente o farol alto. O problema está provavelmente na curvatura do refletor ou lente externa. Ponto positivo para os piscas, cujo relé barulhento não permite esquecê-los ligados.

Nas estradas 

Novamente a cilindrada do motor faz a maior diferença, permitindo desenvoltura nas acelerações, rapidez nas ultrapassagens e uma velocidade de cruzeiro bem condizente com o tráfego normal. Surpreende a capacidade de fazer curvas com boa velocidade e se o piso for razoável, também atinge muita inclinação mesmo com chuva. De novo a contribuição dos ótimos pneus. O motor oferece bom torque nas saídas de curva e o CVT permite aceleração muito rápida nas retomadas. Enfim, um rodar muito prazeiroso nas estradas.

Bom de curvas, oferece segurança adicional graças aos ótimos pneus

Se destaca a ótima proteção do escudo frontal que, mesmo na chuva enquanto em movimento, protege bem o piloto inclusive nas mãos. Mas o excesso de altura do pára-brisa põe a viseira dentro de uma turbulência prejudicial. Deveria ser regulável porque nessas condições serve bem apenas aos condutores mais altos.

No piso irregular a suspensão dá conta do recado, mas não permite abusos. Quando se anda rápido,  também na rodovia a grande massa suspensa do motor e transmissão de um scooter cobra seu preço e não é diferente no caso do Citycom 300i.

À noite, o foco do farol baixo força o piloto usar o alto em muitas situações em que esse faixo não seria necessário, o que é um problema. Destaca-se a iluminação do painel, todo colorido, que atrapalha o piloto pois reflete no pára-brisa. Poderia haver uma regulagem de intensidade desta iluminação.

Nas rodovias 

Nas vias expressas e grandes rodovias é possível manter boa velocidade de cruzeiro com folga de motor para ultrapassagens. o Citycom 300i anda igual a uma boa motocicleta com a mesma cilindrada, só que com muito mais conforto e mais facilidade na acomodação de bagagem. Apenas em condições extremas se percebe alguma imprecisão na direção, típica de um scooter em velocidades maiores.

Em velocidade de cruzeiro, ao redor de 120 Km/h, o motor está em rotação bem alta, próximo da faixa vermelha, como qualquer moto dessa faixa de cilindrada. No entanto, o nível de vibração e ruído é baixo permitindo longas viagens, sem provocar cansaço no piloto. A autonomia é superior a 200 Km, o que confirma a vocação estradeira do Citycom 300i.

Seu porte impõe respeito junto aos outros veículos maiores, que se surpreendem com seu desempenho superior em relação às outras motocicletas. Seu comportamento em rodovias também o credencia a ser um veículo de uso diário, sem restrições de uso. Não há hora, lugar ou clima que lhe impeça de ir onde precisar. Espaço para guardar uma boa capa de chuva não falta.

Opinião da Motonliner

Alides procura espaço na bagageiro do Citycom: "Muito raso"A enfermeira Alides Rasabone Garcia, 38 anos, anda de scooter desde a juventude quando ganhou uma Vespa. Por força de sua atividade, usa scooter diariamente para várias direções dentro de São Paulo e necessita de muito espaço para transportar seus objetos de uso profissional. Por isso, tem uma Honda Lead. “Minha prioridade é sempre o espaço para carregar minhas coisas e por isso achei o Citycom pior que minha Lead, apesar de ter o espaço sob o banco mais largo, ele é mais raso que o meu. Contudo, do ponto de vista de desempenho, não tem comparação. O Citycom oferece respostas imediatas e seguras a qualquer ação do piloto e isso é muito bom e às vezes necessário. Achei ele muito completo e confortável, sobretudo pelo banco, que permite o encaixe perfeito e assegura uma pilotagem tranqüila.”

Técnica

A geometria do chassi da Citycom combinado com a sua rigidez resulta em uma ciclística bastante equilibrada

Ciclística  O chassi do Citycom 300i é construido com tubos de aço e se utiliza muita triangulação. Essa estrutura dá bastante rigidez com pouca aplicação de material e portanto um baixo peso e custo. Como no pequeno Honda Lead 110, o tanque de 10 litros fica sob o assoalho permitindo uma boa distribuição de peso e deixando espaço vago para o baú, como porta objetos.

Um pequeno túnel no assoalho e no escudo aumenta a rigidez da estrutura e minimizam as flexões do chassi quando trafegando em piso irregular. A grande distância entre eixos (1500 mm) favorece a estabilidade em linha reta e o menor diâmetro das rodas quando comparado com uma motocicleta, tem um efeito contrário, facilitando manobras rápidas. Então, a soma de todas estas características resultam no funcionamento de um conjunto bem equilibrado, com boa estabilidade em linha reta e ótima capacidade de fazer curvas. Soma-se a isso uma suspensão neutra, que interfere pouco nas qualidades do chassi.

Como funciona o câmbio CVT Transmissão Continuamente Variável

Estranhamente, a enorme caixa de ar abriga um filtro de papel bem menor do que a área disponível.Motor e câmbio  O motor é um 4 tempos, OHC de 263,7 cm3, um super quadrado (diametro x curso 73,0 x 63,0 mm) que tem apenas duas válvulas, mas com alta compressão (10:1).  Tem uma configuração longitudinal com arrefecimento líquido (radiador no escudo)  e injeção eletrônica. Seu acoplamento para a polia primária do CVT é feito por meio de uma embreagem centrífuga automática.

O câmbio CVT é composto de um sistema de duas polias móveis e uma correia atuando de forma que o motor permanece numa rotação praticamente constante e o scooter vai ganhando velocidade até que as polias se fixam na posição mais longa e o motor possa seguir, aumentando a rotação até a velocidade final. O conjunto é relativamente leve e robusto e tem sido usado na maioria dos scooters e até em alguns automóveis. Nesse sistema o balanceamento das massas do motor e câmbio, o posicionamento do centro do que seria o eixo da balança de uma moto, foi muito bem sucedido para o funcionamento da suspensão traseira, porque todo esse conjunto é rígido e se move junto com a roda.

Os dois freios da Citicom tem a mesma dimensão, repare no flexível reforçado com malha de aço inox, componente de alta qualidadeFreios São a disco de 260mm nas duas rodas com acionamentos hidráulicos e pinças de pistões duplos. Boa parte da competência observada desses freios está na qualidade dos seus componentes. As mangueiras, são revestidas em aço inox, como nas melhores motos esportivas. O fluído de freio que a fábrica especifica é um DOT5, de alta resistência a temperaturas com um resultado muito bom. Claro que o freio traseiro fica um pouco “borrachudo” por causa da grande extensão das mangueiras.

Ele tem alguma tendência a travar ou com uma reação mais lenta por causa da grande massa em rotação que acompanha a transmissão, mas não dá para colocar uma embreagem deslizante e uma suspensão com hidráulicos ajustáveis num scooter, não é mesmo?

A estrutura para a suspensão traseira simula uma balança de braço duplo que não destorce quando recebe impactosSuspensão  Na dianteira é um garfo telescópico e na traseira um sistema com dois amortecedores com regulagem na pré-carga da mola. Importante notar que após os primeiros quilômetros andando nesse scooter percebeu-se que a traseira era um pouco resiliente (pulava um pouco). Ao levar garupa a melhora foi notável, pulando menos e colocando o Citycom 300i numa atitude mais equilibrada na relação entre as duas suspensões.

Muita massa se movendo junto com a roda na suspensão traseira prejudica. Mas trata-se de uma característica inerente aos scooters, importante saber administrar e na Citycom esse problema está bem conduzido, entre outras coisas pelo grande ângulo da ataque da suspensão traseira.

Voltando a andar solo, foi necessário ajustar a pré-carga dos amortecedores traseiros para a posição mais mole (estava na segunda). Isso melhorou substancialmente o conforto e o controle na buraqueira de São Paulo. Adicionalmente desapareceu o pequeno desequilíbrio que havia – a frente mais mole que a traseira. Como toda suspensão cede um pouco com o tempo, a tendência é que essa característica diminua, até que por fim na distribuição de peso normal de uso, o veículo tenha um melhor equilíbrio na atitude das suspensões.

Os belos instrumentos da Citycom brilham muito no escuro.Bom acabamento das peças plásticas com encaixes bem feitos.

Acabamento O acabamento em geral é bom, os encaixes das peças têm razoável precisão e embora a pintura tenha ótima aparência, a qualidade da tinta poderia ser melhor. Parece muito fina, ficando muito sensível a riscos. Os instrumentos são de bom gosto e tem iluminação colorida para a noite. Mas ela deveria ter intensidade ajustável porque atrapalha o piloto ao refletir no pára-brisa.

O baú, embora não seja dos maiores tem ótima capacidade e conta com o fecho na chave de contato, de forma que se torna um item de conforto de extrema relevância, além das barras de apoio para o garupa que podem ser usadas como um bagageiro adicional. Dentro dele está uma chave-geral, item de segurança quando se deixa o Citycom 300i estacionado em local público.

Avaliação geral 

O Dafra Citycom 300i vem adicionar ao mercado uma opção muito interessante para o usuário que precisa de um meio de transporte rápido, que não fique preso no trânsito das grandes cidades e que tenha competência para um deslocamento maior, com mais conforto e conveniência do que uma motocicleta. Adiciona versatilidade e conforto aos pequenos scooters, que já revelaram grande aceitação do público. Com essa nova opção a Dafra ocupa esse segmento pouco explorado, onde o principal concorrente é o Suzuki Burgman 400, que custa mais que o dobro do preço.

Ficha técnica

Motor

Motor 4 tempos, SOHC, arrefecido a líquido, 2 válvulas, injeção eletrônica

Disposição do cilindro Horizontal
Cilindrada 263,7 cm³
Diâmetro x curso 73.0 x 63,0 mm
Taxa de compressão 10 : 1
Potência máxima 16,9 Kw ou 23 cv a 7.500 rpm
Torque máximo 23,5 N.m a 5.500 rpm
Sistema de partida Elétrica
Combustível Gasolina tipo C (comum)
Capacidade do óleo de motor 1,2 litros, 1,4 Litros após desmontagem

Transmissão CVT – Automática de variação contínua

Relação final 8,37

Chassi

Tipo Tubular em aço

ângulo de Rake 27,5º
Pneu dianteiro 110/70-16 52P ? Metzeler
Pneu traseiro 130/70-16 61P ? Metzeler
Freio dianteiro Disco com acionamento hidráulico de 260 mm de diâmetro
Freio traseiro Disco com acionamento hidráulico de 260 mm de diâmetro
Suspensão dianteira Garfo telescópico
Suspensão traseira Biamortecida
Curso da suspensão dianteira 100 mm
Curso da suspensão traseira 91 mm

Sistema elétrico

Sistema de Ignição Ignição transistorizada ECU
Vela de ignição NGK CR8E
Bateria 12V – 10Ah
Lâmpada do farol 2 X 12V 35/35 W
Lâmpada do freio/lanterna traseira 12 V 21/5 W
Lâmpada do pisca 12V 21W x 4

Dimensões

Comprimento total 2.210 mm
Largura total 785 mm
Altura total 1.445 mm
Altura do assento 800 mm
Distância entre eixos 1.500 mm
Altura mínima do solo 125 mm
Peso (ordem de macha) 182 kg
Capacidade do tanque de combustível 10 litros (incl. reserva 1,5 litros)

Disponibilidade

Cores Azul metálico, Branco
Preço sugerido a partir de R$ 12.690,00

Consumo

Trecho Km percorrido Consumo (litro) Km/litro
Uso urbano 223 8,57 26,02
Uso urbano/estradas 141,2 5,7 24,77
Uso urbano/estradas 211,7 8,52 24,85
Uso rodovia/desce serra 244 9,15 26,67
Total/Média 819,9 31,94 25,67

 

Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, criamos um tópico no fórum para os motonliners. Clique aqui para acessar o tópico.

 

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