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Sou piloto de motos há mais de 35 anos e, há décadas, leio TODAS as revistas de motos editadas no Brasil. Estou escrevendo para aquelas cuja tendência editorial, nos últimos anos, caminhou para uma posição que tem-me preocupado: trata-se do enfoque maior que a nova geração de avaliadores/repórteres está dando à capacidade das motos em atingir altas velocidades, à vocação para inclinar nas curvas até raspar pedaleiras, à facilidade em empinar ou fazer wheeling, etc. em prejuízo de outras questões, mais práticas e importantes, como segurança, conforto (inclusive para o garupa), praticidade, etc. em condições normais de uso. Esta mudança no foco das avaliações e testes é enfatizada, também, pelas fotos que insistem em exibir superpilotos raspando joelhos no asfalto e empinando nossas queridas máquinas, como se os leitores estivessem interessados em comprar motos só para fazer o mesmo. Às vezes, os artigos tendem para o egocentrismo e exibicionismo, quando um dos avaliadores ressalta que andou 1s mais rápido que outro, com determinada moto, como se o objetivo do teste fosse o de estabelecer recordes de tempo. Alguns trabalhos mostram mais os pilotos que o objeto do teste, perdendo a oportunidade de exibir fotos reveladoras das máquinas – vista das duas laterais, da frente, da traseira e de detalhes importantes ou inovadores – que é o que nos interessa quando procuramos informações e imagens nas revistas. Em virtude desta mudança no enfoque, assistimos, cada vez mais, ao lançamento de motos com defeitos de projeto inadmissíveis, sem a crítica pertinente da imprensa especializada que ajudaria e forçaria os fabricantes a melhorar seus produtos. Consequentemente, temos que comprar motos com escapamentos bonitos que, mal posicionados e mal dimensionados, queimam as pernas e sujam as costas dos garupas, pára-lamas com bela estética e boas soluções aerodinâmicas permitindo que as rodas joguem barro ou água no piloto e no garupa, maravilhosos e modernos mostradores digitais que não podem ser lidos sob o incidência de luz solar, bancos desconfortáveis ou minúsculos num desrespeito às companhias que levamos para passear em nossos cavalos de aço, sem alças para que eles se segurem, ausência de ganchos para amarrar uma bagagem mínima necessária e tantos outros defeitos, como se tudo fosse admissível e aceitável em nome da estética, da modernidade e do avanço da tecnologia, ou para justificar diminuição de custos. Além disso, numa época de crescimento acelerado das vendas de motos, no Brasil, e consequente aumento de acidentes envolvendo-as, este tipo de abordagem também se torna um péssimo exemplo, além de ser um estímulo aos novos e inexperientes “pilotos” que sentem-se desafiados e tentam imitar, nas ruas e estradas, o que nossos avaliadores/repórteres fazem bem equipados e com todas as precauções de segurança em pistas apropriadas para testes. Continuo amante de motos, mas estou começando a desconfiar que transformei-me num velho rabugento e “reclamão”. Será? Um abraço a todos e parabéns pelo trabalho que têm feito, ao longo dos anos, pelo mundo das duas rodas. Humberto CANCELINHA.(59), São Paulo, SP
-Humberto, você não está ficando velho, nem reclamão, você sofre de outro mal: lucidez e é formador de opinião. concordo com você e digo mais, na Europa já há testes com pilotos, digamos normais, como você, eu, dentre outros, que mostra o uso normal da motocicleta. Ouço muitas reclamações dos testes de revistas, pois as dúvidas do cotidiano não são sanadas. Me deram a oportunidade e procurei ir nessa linha na matéria”Meu teste dos 33.000 km da twister”, onde ficamos surpresos com a aceitação. Agradecemos seus elogios que nos enche de força para continuarmos. E convença os mais jovens a andar equipado, mas equipamento não é só capacete. Grande abraço

O Fantástico mundo de Boby. Sim, esse deveria ser usado pra designar o mercado de motos. Pois é incrivel como esse mercado não é levado a sério pelas montadoras. A começar pelo fato mais recento ocorrido aqui na minha região Centro-Oeste de Minas Gerais) e com certeza em todo o Brasil. A nossa dignissima Honda, com o intuito de sempre sair ganhando, fez um queimão de estoque, sim, desses que as lojas de departamento os magazines e os supermercados fazem. Abaixarão o preço da nossa querida Honda CBX 250 Twister, antes no valor de R$11.200,00 para os mizeros R$ 9,990,00. Mas não se preocuparão nenhum pouco com os seus clientes, nos os fieis consumidores dos produtos da Honda. Hoje minha moto Honda CBX 250 Twister ano 2005, até ontem cotada pela tabela Fipe (www.fipe.org.br) a R$ 8.053,00, não valera mais que ums mizeros R$ 7.000,00. Minha moto ta a venda, e prometi pra mim mesmo, moto eu não compro mais. Adoro, sou fã de paixão por motos, mas na minha garagem não, almenos enquanto esse mercado virar coisa de gente grande. E as montadoras passarem a respeitar seus clientes, assim como as montadoras de carros o fazem a bastante décadas.Elias Lopes(25), Arcos, MG
– Elias, compreendo sua revolta, mas no mercado de automóveis acontece o mesmo. É um perído passageiro,onde mais tarde o próprio mercado se acerta e há valorização ou desvalorização do bem deacordo com a oferta e procura. Grande abraço e lembre-se: ande equipado, pois a razão perde valor com a lesão.