Nos últimos anos ela despontou como uma das revelações do motocross nacional, conquistando vários títulos regionais, nacionais e até continentais. Nesta semana tivemos a oportunidade de conversar com Maiara Basso, piloto gaúcha que é figura carimbada nos pódios aqui no Motonline. Além de MX e MXF, a atleta de 20 anos também encara provas de velocross. Se tem terra e cabo enrolado, é com ela.

Natural de Marau (RS), cidade com apenas 36 mil habitantes, e moradora de Gentil (RS), 1,6 mil (mil, e não milhões) de moradores, Maiara começou a correr para imitar os irmãos mais velhos Lucas e Mateus, quando tinha cerca de sete anos. Desde sempre, integra a Equipe Basso Racing, ao lado dos irmãos, hoje apoiada pelas empresas Rinaldi, Pro Tork e Artcross Gráficos.
Seu título mais recente é o vice-campeonato Latino Americano de Motocross, conquistado no início de novembro. Antes, ainda em 2016, vieram troféus como os de campeã Gaúcha de Velocross categoria VXF Importada e campeã do Brasileiro de Motocross Pró, principal competição de MX do País, categoria MXF. Com o título, repetiu o feito de 2012, quando ergueu a taça pela primeira vez, aos 16 anos
Acompanhe a conversa com Maiara Basso:
1 – Você começou a andar de moto aos 7 anos acompanhando seus irmãos, certo? Relembra pra nós os teus primeiros passos no motociclismo e nas competições de motocross?
Sim, realmente comecei por influência dos meus irmãos, Lucas e Mateus. Eles sempre iam assistir às corridas aqui na região, até que meu irmão mais velho, o Lucas, pediu uma moto para meu pai e começou a correr no velocross. Em dois meses, o Mateus também queria entrar no esporte, foi aí que meu pai comprou uma KTM 65 cc para ele e, como tudo o que eles faziam eu tinha que fazer também, comecei a andar. Nesta época não levava o esporte a sério, não treinava, não ia muito para as corridas, até que em 2008 eu fiz uma prova muito boa na segunda etapa do Gaúcho de Motocross na categoria Feminina e vi que podia ir bem. Então, em 2009 comecei a treinar e a me dedicar, e acredito que foi aí que iniciei minha carreira profissional como piloto.
2 – Recentemente tu vieste do México com o vice no Latino de Motocross na bagagem. Primeira vez enfrentando a competição e já conquistou o segundo lugar. Como foi esta experiência pra ti?
3 – Convenhamos que o nome de “La Quebradora” não é o mais reconfortante possível para uma pista de motocross. Quando você chegou à prova já esperava ganhar um pódio? Como foi a corrida?
Realmente me assustei quando li o nome da pista (risos). Com certeza esperava ganhar um pódio sim, sabia que não seria fácil, afinal, são as melhores pilotos da America Latina. Mas na vida o primeiro passo para alcançarmos nossos objetivos é acreditar, e foi isso que eu fiz, acreditei em mim. Eu estava muito perdida na pista e com a moto nos treinos iniciais, tive que mexer bastante na suspensão, mas no fim consegui acertar. Para terem ideia, baixei entre os dois treinos livres 11 segundos, 5 segundos no primeiro e mais 6 segundos no segundo treino, isso que a pista era fácil em relação a saltos. No domingo estava bem tranquila, fui para as largadas pensando em dar meu melhor e fazer a minha parte. A largada era no concreto. Me considero boa de largada, mas no concreto tinha largado apenas uma vez, larguei as duas bateria muito mal, uma em 12ª e outra 10ª. Mesmo assim, fiz corridas boas. Na primeira bateria cometi erros: na primeira volta uma piloto caiu na minha frente e bati nela, perdi duas posições, depois errei uma sessão de costela, acredito que isso me custou o campeonato. Na segunda bateria me concentrei mais, apesar da péssima largada, imprimi um ritmo bem forte e venci a prova, ficando com o vice-campeonato.
4 – Por falar em títulos recentes, há pouco você se sagrou bicampeã no Brasileiro de Motocross Pró. Quais os outros títulos em 2016? Como você avalia este ano?
Para mim 2016 foi perfeito! Um grande ano, apesar das dificuldades. Iniciei os campeonatos mal, pois estava me recuperando de uma cirurgia que fiz em novembro do ano passado nos dois joelhos, e como a temporada teve início em fevereiro, perdi toda minha pré-temporada, a qual é muito importante para um piloto. Mas comecei a treinar bastante, correr todo final de semana para poder entrar em ritmo de corrida, e deu certo. Os resultados começaram a surgir e tive um ano perfeito. Além do bi nacional no Motocross Pró categoria MXF e do vice Latino, ainda fui campeã Gaúcha de Velocross. Estou muito feliz por 2016, e ano que vem espero que seja ainda melhor.
5 – Por falar em troféus, além do bi no MX Pró e do vice no Latino, quais outros tu guarda na estante?
Tenho 10 títulos Gaúchos, sendo seis vezes campeã Gaúcha de Motocross na categoria Feminina, duas vezes campeã Gaúcha de Velocross, uma vez campeã Gaúcha de Supercross categoria Feminina e também uma vez Campeã Gaúcha de Motocross categoria Estreantes Importadas – correndo ao lado dos homens. Soma-se aí, os dois vice campeonatos Brasileiros na categoria VX3 importadas – também correndo ao lado de homens, e outras conquistas regionais… das quais não lembro de todas, mas acredito que sejam mais de 10 títulos.
6 – Maiara, e quais são os planos para 2017? O que os fãs podem esperar?
Estou muito animada para 2017. Pretendo correr o Brasileiro e o Gaúcho de Motocross e Velocross, e também alguns campeonatos fora do Brasil, mas nada certo. Tenho vários projetos legais que podem acontecer, mas também preciso primeiro conversar e acertar com meus patrocinadores. O que posso dizer é que se depender de mim vai ser mais um grande ano, me divertindo e fazendo o que mais amo na vida: andar de moto, e sempre com a torcida de todos fãs e amigos.
8 – Há dois anos sua história foi retratada no quadro Mulheres Espetaculares, exibido pela Rede Globo. Nele, você disse que o seu sonho maior era morar nos Estados Unidos e ser a melhor piloto de motocross do mundo. Como está isto dentro de você? Algo mudou de lá pra cá?
Realmente, foi uma matéria muito especial para mim e para o esporte. Acredito que o sonho de todo piloto seja morar nos Estados Unidos, pela estrutura que o Motocross oferece lá. Tive a oportunidade de ficar dois meses treinando, na Flórida, em Tampa, distante aproximadamente quatro horas de Miami. Foi um sonho, as corridas de lá, as pistas, a dedicação dos pilotos, o nível, é tudo muito perfeito. Sem dúvidas continuo com a ideia de poder morar lá e um dia poder correr o mundial de Motocross. Acredito que ser a melhor do mundo está longe, pois já estou com 20 anos (não que seja velha), mas as meninas de hoje estão muito rápidas no Motocross e estão iniciando muito cedo. Por exemplo, Livia Lancelot, uma das melhores pilotos do mundo, veio ao Brasil correr no Mundial de Motocross na MX2 e apavorou, andou próxima aos melhores pilotos que temos no Brasil. Então o nível está muito forte, sem contar que o custo para chegar lá é muito alto e o Motocross Feminino ainda é muito pouco valorizado, temos quatro ou cinco pilotos que vivem e ganham dinheiro mesmo.
10 – A quem você agradece por tudo o que tem conquistado em sua carreira?