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Já tradicional no mercado de crédito brasileiro, os consórcios voltaram a ser uma opção interessante para os consumidores frente ao cenário atual.

Ao se ingressar em um grupo de consórcio, não se recebe o bem de imediato. Os participantes contribuem mensalmente com uma parcela do pagamento (geralmente mais baixa do que a de um empréstimo ou financiamento), sendo realizados sorteios entre os cotistas para ver quem receberá a carta de crédito naquele período. Há a possibilidade ainda da realização de lances, ou seja, valores extras aos estipulados por mês e, quem oferecer o maior montante (conforme a regra do grupo), recebe também a carta de crédito para a aquisição do bem estipulado.

Essa sistemática disponibiliza ao consumidor uma ferramenta de crédito que não cobra juros pela operação, mas sim uma taxa de administração, que costuma girar entorno de 20% e é paga diluída ao longo do plano. Há ainda a cobrança da taxa de adesão e, em alguns casos, de algum seguro opcional, além do custo dos lances, que, porém, não são obrigatórios.

A formatação do consórcio torna-o especialmente indicado para o planejamento para a troca de um bem. Por exemplo, a decisão de trocar de moradia ou mesmo de automóvel não é tomada da noite para o dia e, em muitos casos, exige uma economia prévia. Por outro lado, a aquisição de bens como computadores e eletroeletrônicos em geral, embora não sejam programados com tanta antecedência, podem aguardar. Essa poupança pode muito bem ser realizada por meio de um plano de consórcio uma vez que ao se ingressar no grupo, se cria um compromisso. Além disso, após a contemplação, o cliente pode fazer a aquisição imediatamente ou optar por deixar o dinheiro lá depositado que é investido em fundos de títulos públicos, cujo rendimento é mais atrativo que o da pupança tradicional.

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Nos últimos meses, a atual conjuntura econômica levou a migração de clientes de empréstimos e financiamentos para consórcios. Embora seja difícil quantificar esse movimento, os dados setoriais globais são positivos. Segundo informações da Associação Nacional das Administradoras de Consórcios (ABAC), em novembro, o total de cotistas somou 3,6 milhões, 4,6% a mais do que no mesmo período de 2007. O acumulado de vendas de cotas de janeiro a novembro de 2008 chegou a 1,62 milhão, crescimento de 4,4%. O volume de contemplações cresceu 2,3% no ano passado, atingindo, de janeiro a novembro, 722,9 mil.

Analisando-se os dados por segmento de produto, encontramos alguns casos curiosos. Na área de motos, por exemplo, a comercialização de cotas foi superior à de produtos. Em novembro, houve, aproximadamente, 109 mil novas adesões contra 108,6 mil motos vendidas no Brasil (de acordo com dados da Abraciclo). Outro indicador interessante é o desempenho dos consórcios imobiliários, que superou a marca de 100 meses consecutivos de crescimento. Além do custo mais baixo, o consórcio imobiliário realiza o parcelamento integral do valor do imóvel a ser adquirido.

Em sintonia com este movimento, o Banco Central regulamentou em fevereiro lei aprovada em 2008 que previa a possibilidade de serviços médicos, próteses dentárias, cirurgias plásticas, pacotes turísticos, de informática e cursos de pós-graduação no exterior ou outros serviços educacionais possam ser adquiridas por meio de consórcio. Essa modificação traz toda uma gama de possibilidades para o setor, o que certamente trará novas possibilidades para os consumidores em breve. As atuais transformações econômicas podem ser uma oportunidade para que os consumidores adquiram uma cultura de planejamento de custos. Nesse sentido, o consórcio continua a ser uma ótima opção em vários casos, o que indica um panorama favorável para o setor nos próximos meses.

Por Carlos Roberto Vilani, diretor comercial do Banco PanAmericano.

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