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Enquanto o mercado brasileiro experimenta mais um ano de estagnação após 5 anos de sucessivas quedas, a líder Honda sente o amargor da perda de participação em vários segmentos do mercado. Um desses é o segmento premium, que inclui aquelas motos com motores acima de 500 cc e com preços a partir de R$ 25.000,00 aproximadamente.

A empresa que chegou a ter 40% de participação na venda de motos premium, exibe hoje 15% e luta para não ser ultrapassada pela britânica Triumph, que só vende motos premium. Essa queda se deveu principalmente à demora da Honda em lançar uma bigtrail de verdade para concorrer com as BMW, e acentuou-se com a saída de linha da CB 600F Hornet em 2013, que não teve na CB 650F a substituta que os consumidores esperavam.

A própria Honda afirmou categoricamente que a nova CB 650F não era substituta da Hornet, mas não foi ouvida. Os “horneteiros” soltaram o verbo negativamente sobre a nova moto, alegando que ela tinha motor maior e era menos potente, que perdera o grande apelo street-fighter que tinha a Hornet e que todos adoravam. Resultado: apesar das novidades nas família CB – 650 e 500 -, a Honda perdeu participação no segmento premium, que é o mais rentável e que forma a imagem da marca pela tecnologia, design e pelo sonho que representa para todos os motociclistas.

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Por isso a Honda resolveu dar uma (boa) mexida na linha de 650 cc da marca, buscando resgatar aqueles motociclistas que ficaram viúvos pelo desaparecimento da Hornet e mudaram de marca – opções não faltaram – ou simplesmente decidiram esperaram uma boa opção dentro da própria linha Honda. A julgar pela primeira impressão que tivemos no contato com as novas CB 650F e CBR 650F na pista do Circuito dos Cristais, em Curvelo (MG), essa nova moto pode sim atender aos anseios dos fãs da antiga Hornet.

Não apenas pela beleza do design, mas pelas alterações técnicas que deixaram a moto muito mais esperta nas acelerações e mais equilibrada na abordagem das curvas, mesmo aquelas que exigem frenagem mais forte, tornando-se uma moto muito mais dócil e fácil de pilotar. Alguns pequenos ajustes no escapamento procuram enfatizar também o característico som dos motores de quatro cilindros em linha, o que sem dúvida é um excelente apelo para quem gosta do estilo “Ouça, estou passando”!

CB 650F, o resgate da história

É inegável que estas duas letras juntas – CB – remetem imediatamente a uma história de invejável sucesso no mundo das motos. Agora a naked CB 650F e a esportiva CBR 650F tem a obrigação de manter essa boa fama histórica e assumem o papel de dignas herdeiras dessa estirpe inaugurada pela CB 750 Four em 1969 e que se tornou referência entre os motores de quatro cilindros em linha e se transformaram em objetos do desejo e admiração de motociclistas de todas as partes do planeta.

Outros modelos que marcaram época vieram, como a CB 900F Bol d’Or (1979), a CBX 750F (1986) e a CB 600F Hornet (1998), esta última o sucesso mais recente do “Mundo CB”, como nomeou o evento de lançamento das herdeiras CB 650F e CBR 650F. Claro que existiram muitas outras CBs, de vários tamanhos e com diferentes características (400, 550, 1000, 1100, 1300), todas clássicas motocicletas que deixaram saudades. Mas vamos às novidades.

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Azul na Honda: inevitável comparação com a principal cor da Yamaha hoje

Azul na Honda: inevitável comparação com a principal cor da Yamaha hoje

Motor mais forte e equilibrado

Este 4 cilindros de 649 cc que é compartilhado pelas duas versões – naked CB 650F e esportiva CBR 650F – preserva as características básicas da família dos motores “quatro em linha” da marca, onde o típico urro de escape remete ao alto desempenho e inspira respeito por onde passa. Os cilindros estão inclinados 30º à frente e em conjunto com o câmbio verticalizado e o compacto motor de arranque situado atrás da bancada de cilindros propiciou a redução de suas dimensões, permitindo fácil e adequado posicionamento no chassi.

O duplo comando de válvulas no cabeçote (DOHC – Double Over Head Camshaft) acionam quatro válvulas por cilindro e os pistões tem saia assimétrica, que reduz o atrito com a parede dos cilindros, que tem um tratamento de superfície destinado a favorecer a dispersão de calor e reduzir o consumo de lubrificante. Arrefecido a líquido, na versão 2018 a potência máxima cresceu dos 87 cv para 88,5 cv a 11.000 rpm, mas o torque permaneceu igual, com 6,22 kgf.m a 8.000 rpm.

Poucas diferenças estéticas

Poucas diferenças estéticas

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Esse pequeno aumento de potência foi obtido por intermédio de uma nova caixa do filtro de ar com dutos mais largos que alimentam corpos de borboleta de 32 mm. Ou seja, o motor respira melhor e queima melhor o combustível, enquanto que o novo desenho do sistema de escapamento 4 em 1, com suas belas saídas formando um conjunto de tubos que mais parecem uma escultura, junto com um nova arquitetura interna permitiram a redução da contrapressão interna e garantiram um fluxo de escapamento mais livre.

Na pista foi possível notar claramente a maior diferença técnica entre o novo motor da CB 650F e o que equipa a versão até 2017: a força e a rapidez com que a velocidade cresce a partir da segunda marcha, tanto nas acelerações quanto nas retomadas de velocidade. Não foi feita qualquer medição, mas na reta maior do Circuito dos Cristais ficou bem clara a diferença de velocidade no final da reta antes da freada, com o novo motor mais cheio e esbanjando vigor, o que se deve ao encurtamento da 2ª, 3ª, 4ª e 5ª marchas e ao novo mapeamento da injeção eletrônica PGMF-I (Programmed Fuel Injection) de última geração que é usado no modelo.

Poucas diferenças estéticas

Chassi: decisivo para o excelente equilíbrio, rigidez e levesa dos dois modelos

Mais leves do que parecem

Um dos destaques destas duas irmãs é a maneabilidade. Pilotar tanto a CB 650F quanto a CBR 650F transmite a sensação de que se está pilotando uma moto menor, bem menor, tamanho é o acerto do conjunto ciclístico das motos. A começar pelo chassi de aço com uma arquitetura do tipo Diamond, no qual o motor faz parte da estrutura, passando pela balança traseira assimétrica, cujo lado direito é curvo para dar lugar à ponteira do escapamento, e chegando à suspensão dianteira com garfo telescópico Showa.

Na traseira as duas motos trazem um conjunto mola-amortecedor regulável na pré-carga da mola com sete posições e na dianteira a grande novidade é a adoção do garfo Showa Dual Bending Valve (SDBV), com tubos de 41 mm de diâmetro. Essa tecnologia melhora a resposta às solicitações seja na compressão como na extensão, mantendo a suavidade e o conforto no uso urbano, mas aumentando a rigidez de acordo com a situação através de um sistema de dupla válvula para vazão do fluído de acordo com a exigência.cb650f_posicao

Completam esse conjunto um par de freios que dispensa apresentações e segue o excelente padrão da marca em toda a sua linha, sempre bem modulado e preciso em todas as exigências, mesmo as freadas mais bruscas. Tanto CB 650F como CBR 650F estão equipadas com um novo sistema ABS menos invasivo e que é menos perceptível quando entra em funcionamento. Este novo ABS tem dois canais que atuam no duplo disco dianteiro com 320 mm de diâmetro, associados a pinças Nissin de duplo pistão. Na traseira o disco simples tem 240 mm de diâmetro e pinça de pistão simples.

Um detalhe que a Honda traz nas duas motos e que deveria ser adotado por todas as marcas em todas as motos é a válvula de ar dos pneus em “L”, o que facilita a operação de ajuste da pressão dos pneus. As rodas das duas motos são iguais, de alumínio fundido com seis raios duplos e calçadas com pneus esportivos Dunlop Sportmax medidas 120/70-ZR17 e 180/55-ZR17.

Design: agressividade e eficiência

As duas motos receberam poucas alterações nos seus desenhos, além, claro, dos novos grafismos e cores. A naked CB 650F procura mostrar-se mais e isso valoriza seus detalhes. As duas aletas que compõem o desenho principal do tanque de combustível foram encurtadas e valorizam o motor, muito compacto, e destacam os 4 tubos da saída do escapamento e acentuam o caráter streetfighter da moto. O guidão mais baixo e uma mínima diminuição no banco ajudam a colocar o piloto em posição mais agressiva, pronto para o ataque. O novo conjunto óptico dianteiro traz o farol em LED ornado por diminuta carenagem que faz conjunto com o também pequeno paralama dianteiro.

Já a esportiva CBR 650F conta com uma nova carenagem que acentua o estilo esportivo e foi desenhada para favorecer a captação de ar para o sistema de alimentação e proteção ao piloto. Alguns recortes laterais destacam o conjunto de tubos da saída do escapamento e compõem o encaixe do piloto no cockpit da moto, dando à ela um caráter genuinamente superesportiva. A rabeta afilada e o posicionamento avançado do piloto exaltam a “pegada” do modelo e de certa forma dispensam o garupa.

A posição de pilotagem ficou um pouco mais "no ataque", mas nada que tire o conforto do piloto, inclusive para trechos mais longos; Garupa? Esqueça!

A posição de pilotagem ficou um pouco mais “no ataque”, mas nada que tire o conforto do piloto, inclusive para trechos mais longos; Garupa? Esqueça!

As duas motos contam com o mesmo painel, que não sofreu modificações em relação ao modelo anterior, formado por um bloco único com duas partes. No lado esquerdo o velocímetro digital com o conta-giros em barras e do lado direito um display que exibe múltiplas funções, entre elas o relógio, o marcador do nível de combustível no tanque e há ainda várias luzes espia espalhadas no painel. Outro item presente nas duas versões é o sistema H.I.S.S. (Honda Ignition Security System), que dificulta a possibilidade de furto ou roubo. Com essa tecnologia, somente a chave original pode acionar o motor por meio da leitura de um chip eletrônico.

A CB 650F e CBR 650F estarão disponíveis nas cores Vermelho e Azul Perolizado. Os preços públicos são R$ 33.900,00 para a CB 650F e R$ 35.500,00 para a CBR 650F, com garantia de 3 anos + Honda Assistance, sem limite de quilometragem.

Ficha Técnica Honda CB 650F e CBR 650F

Motor

Tipo DOHC, 4 cilindros, 4 tempos, arrefecimento a líquido
Cilindrada 649 cc
Diâmetro x curso 67,0 mm X 46,0 mm
Relação de compressão 11.4:1
Potência máxima 88,5 cv a 11.000 rpm
Lubrificação Forçada por bomba trocoidal
Torque máximo 6,4 kgf.m a 8.000 rpm
Alimentação Injeção eletrônica PGM-FI

Transmissão

Transmissão 6 velocidades
Embreagem Multidisco em banho de óleo
Transmissão final Por corrente selada
Chassi Diamond Frame
Suspensão dianteira Garfo Telescópico / curso de 120 mm (108 mm na roda)
Suspensão traseira Mono-Shock / curso de 43,5 mm (128 mm na roda)
Freio dianteiro Duplo disco c/ 320 mm de diametro e ABS
Freio traseiro Disco simples c/ 240 mm de diâmetro e ABS
Pneu dianteiro 120/70 ZR 17M/C (58W)
Pneu traseiro 180/55 ZR 17M/C (73W)

Dimensões e peso

Comprimento 2.110 mm
Largura 775 mm
Altura 1.120 mm (1.145 mm na CBR 650F)
Peso seco 195 kg (200 kg na CBR 650F)
Altura do assento 810 mm
Distância entre eixos 1.450 mm
Vão livre do solo 150 mm (130 mm na CBR 650F)
Capacidade do tanque 17,3 litros (4,0 litros na reserva)
Capacidade do cárter 3,5 litros (2,6 litros para troca)

Sistema elétrico

Bateria 12 V – 8,6 Ah
Ignição Eletrônica

Características comerciais

Preço Público Sugerido CB 650F R$ 33.900,00
Preço Público Sugerido CBR 650F R$ 35.500,00
Cores disponíveis Vermelho e Azul perolizado
Garantia / Assistência 3 anos de garantia e Honda Assistance 24 horas

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Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.