No dia 18 de junho deste ano, houve um protesto na França, nunca antes visto. Com mais de 100 mil motociclistas paralisando toda uma nação. Um tapa na cara do Ministro do Interior francês, Claude Guéant, que está propondo uma série de leis que não agradam os motociclistas. O Ministro trata do assunto motos como se fossem carros, quer proibir a circulação de motos nos corredores e impor aos motociclistas andarem na fila de carros quando houver engarrafamentos. Porém temos que reconhecer que a utilização de motocicletas é, senão a solução, uma das maneiras de diminuir congestionamentos em grandes centros urbanos e reduzir consideravelmente a poluição, além de serem mais acessíveis a pessoas que não podem bancar um carro.
O mesmo está tentando obrigar o uso, por todos os motociclistas, de um colete amarelo fluorescente de alta visibilidade, independentemente do que usarão embaixo da veste. Claude Guéant não está preocupado com a segurança, pois os motociclistas não são obrigados a usar uma roupa especial para proteção, e sim com a montanha de dinheiro que o governo fancês ganharia de quem descumprisse suas leis. E ainda, para completar, há outra proposta do Ministro do Interior francês, onde ele força todos os motociclistas a mudar suas placas atuais por maiores, como se isso fosse reduzir o número de acidentes em estradas envolvendo motocicletas.
A “Fédération Française des Motards en Colère” (FFMC – ” Federação Francesa de Motociclistas Zangados”), é uma associação criada em 1980 que visa defender os direitos e valores dos motociclistas franceses. A FFMC organizou, através de seus escritórios regionais e locais, manifestações em cada cidade do país. Cada uma delas foi completamente paralisada por horas, e a população local incapaz de se mover pelas ruas. Só Paris, viu mais de 15 mil motos bloqueando o coração da capital, a segunda maior cidade francesa, Lyon, viu mais de 10 mil motocicletas, Lille ( no norte do país) presenciou mais de 7 mil motociclistas irritados, Toulouse ( no sudoeste) foi totalmente bloqueado por 8 mil motos, Marseille e Bordeaux (no sudeste e sudoeste, respectivamente) foram paralisadas por 3 mil motocicletas, cada uma. O protesto atingiu, não só toda a França continental, como também várias ilhas francesas.
Acima de tudo, a situação envolve questões políticas, e após essa manifestação francesa, Michèle Merli encarregada da segurança na estrada e trabalhando junto com Claude Guéant, fez um discurso em radio national. Ela disse, que parecia que os motociclistas tinham entendido erroneamente a proposta do uso do colete fluorescente, pois não era obrigatório. Ainda afirmou que a proposta era usar um pequena faixa amarela fluorescente envolta do braço, para serem melhores vistos pelos motoristas, e disse que qualquer motociclista poderia bancar a tal proposta, pois a faixa só custa 3 euros. Porém os motociclistas franceses acreditam que não compreenderam errado, e sim que o governo francês subestima a segurança dos motociclistas. Como se obrigando o uso de uma faixa envolta do braço, aumentando a visibilidade de motoristas, protegeria mais do que obrigando o uso de roupas especiais, que os protegeriam de lesões em caso de acidentes.
A FFMC avisa todos os motociclistas da França para ficarem ligados e preparados para outras séries de paralisações, como as já ocorridas por todo o país, no máximo até setembro, a menos que, é claro, o governo abandone suas propostas.