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Bicicletas elétricas, a onda chinesa

O principal meio de transporte chinês é a bicicleta – de acordo com o governo central, uma para cada três habitantes, num total de 430 milhões de -magrelas-. O transporte público chinês está sempre lotado, as distâncias entre a casa e o trabalho ou a escola são enormes e o pedalar torna-se por demais cansativo – e mesmo uma moto pequena, ou um ciclomotor, consome gasolina que é extremamente cara.

A bicicleta elétrica começou a -pegar- uns oito anos atrás, quando 200 mil delas foram fabricadas. No ano passado, foram 22 milhões, para uma população atual de 65 milhões. As bicicletas elétricas custam hoje entre R$ 500 e R$ 900, não exigem placas de registro, licença para pilotar, capacetes de segurança e não são afetadas pelas restrições impostas a veículos motorizados a combustíveis químicos.

Uma passagem de ônibus custa um yuan, cerca de trinta centavos de real – o mesmo que uma recarga da bateria de uma bicicleta, diz Guo Jianrong, presidente da associação dos fabricantes de bicicletas de Shangai. A bicicleta elétrica pesa um pouco mais que uma bicicleta comum, 40 kg. Algumas são do tipo -motor de ajuda-, esquema japonês em que o motor só -entra- após certo esforço do ciclista (imposição legal para impostos), enquanto outras são puro-elétricas, em que o motor está ligado o tempo inteiro; sua velocidade máxima é de cerca de 20 km/h.

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A bicicleta elétrica não emite gases de estufa, mas a carga de suas baterias vem de usinas de força que emitem, e muito. Além disso, o governo chinês se preocupa com as emissões no processo produtivo, na reciclagem e no que fazer com as baterias velhas e inservíveis.

Calcula-se que uma bicicleta elétrica precise de cinco baterias durante sua vida útil – cada uma delas com 10 kg de chumbo, que pode emitir 7 kg de poluentes de chumbo, muito mais do que as emissões de um automóvel. Na realidade, uma bicicleta usa mais baterias por quilômetro rodado do que qualquer outro veículo motorizado. O governo paga cerca de R$ 60 para que o proprietário de cada bicicleta recicle suas velhas baterias, mas quem realmente faz isso são pequenas oficinas não regulamentadas.

Ao todo, são hoje 2.300 fabricantes de bicicletas e scooters elétricos, cujas vendas externas estão em constante ascensão e cujos mercados importadores estão começando a exigir baterias melhores. Já alguns poucos fabricantes estão começando a vender modelos com baterias de hidreto metálico de níquel ou de íons de lítio.

–Estamos tentando subir para a tecnologia de lítio, para podermos vender internacionalmente–, diz Hu Gang, ele também um fabricante de bicicletas, com vendas de mais de dois milhões de unidades no ano passado.

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José Luiz Vieira, Diretor, engenheiro automotivo e jornalista. Foi editor do caderno de veículos do jornal O Estado de S. Paulo; dirigiu durante oito anos a revista Motor3, atuou como consultor de empresas como a Translor e Scania. É editor do site: www.techtalk.com.br e www.classiccars.com.br; diretor de redação da revista Carga & Transporte.