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Valentino Rossi abriu seu coração falando sobre temas mais pessoais em uma entrevista concedida à Movistar TV por Ernest Riveras. No circuito que considera casa, e onde neste sábado (13) conseguiu um disputadíssimo posto na primeira linha do grid, o italiano falou da família, da importância de contar com bom ambiente na equipe e também dos rivais do passado e presente.

Valentino Rossi fala de assuntos pessoais

Valentino Rossi fala de assuntos pessoais

A poucos quilômetros do circuito de Misano, na costa de Rimini, está Tavullia, um povoado que poucos conheceriam fosse que fosse revelada como a terra natal e local de refugio de Valentino Rossi. A prova deste fim‑de‑semana no circuito do Adriático tem, por isso, significado verdadeiramente especial para o nove vezes Campeão do Mundo.

“É difícil. Por um lado, é muito bonito porque depois desta entrevista, quem sabe, talvez eu vá para casa comer, mas também há muitos amigos e toda a família que querem ir ver a corrida… é difícil, tenho que gerir bem a situação”, conta o piloto da Yamaha que aceitou falar dos que lhe estão mais próximos:

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Graziano? [seu pai] Sim, é verdade, este ano ele veio em menos corridas, mas vem quando pode. Falamos sempre de coisas ‘técnicas’, às vezes explica-me como consigo andar bem, ou o motivo pelo qual não consegui ganhar de alguém. É sempre muito divertido tentar explicar-lhe o trabalho que se faz na moto e também ouvir o seu ponto de vista”.

“A Stefi [Stefania, sua mãe] também vem a algumas corridas, não vem sempre, mas está bem assim porque ela fica tensa quando vem às corridas e isso causa-me pressão; assim, só vem de vez em quando. Ela também acha que sabe muito de motos; fala-me do pneu dianteiro, da afinação, de fazer as curvas rápidas e digo-lhe ‘sim, mãe, está bem, está bem…’ ”, falou o ídolo italiano que reconhece que para o também piloto Luca Marini, não é fácil ser irmão de Valentino Rossi…

“Sim, para ele é difícil, muito. Tem vantagens, mas também tem muitos inconvenientes. Na verdade, teve muita coragem ao escolher ser motociclista. Mas é bom, é rápido… Temos um problema porque é muito grande, é mais alto que eu, mas gosta, é um apaixonado” .

Às voltas com o atual domínio de Marc Márquez no campeonato, Ernest Riveras recorda-o que quando ganhava com a Honda se dizia que a moto era decisiva, algo que atualmente não acontece com Marc.

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“Sim. É isso mesmo que está acontecendo com o Marc, o que se torna em um erro que se passava comigo. As Honda estão muito fortes, é certo; provavelmente é a melhor moto neste momento. Mas de todas as formas, o Marc, que tanto este ano como no ano passado fez a diferença, está numa situação exatamente igual à minha quando ganhava com a Honda. A Honda era a melhor moto, mas o Gibernau, o Biaggi, o Hayden, o Ukawa, etc, também tinham motos Honda. Mas, não se sabe porquê, eu ganhava porque tinha a Honda… e foi por isso que tive de ir para a Yamaha, mas creio ter demonstrado que ganhava porque era o melhor piloto”.

Já quanto à forma como comemorava as vitórias, Rossi agora mostra-se mais reservado. “Não [celebraria como antes]. Creio que para fazer esse tipo de coisas é preciso ganhar e depois é necessário contar com algo muito especial. Gostava, mas não tinha nenhuma ideia em particular quando ganhei em Assen [no ano passado] e preferi desfrutar da vitória em vez de pensar em qualquer outra coisa. Mas creio que é normal. Estou mais velho, já fiz as minhas coisas, mas se surgir uma ideia interessante ou divertida, porque não?”

Questionado sobre a importância de se rodear de uma equipe de pessoas de confiança, como fez Marc Márquez este ano, o italiano diz:

“Para mim é muito importante porque é necessário ter gente boa, hábil no seu trabalho, naturalmente, mas também é importante ter pessoas em quem podemos confiar e não há muitas, não é?… Gosto de ter um ambiente familiar quando nas corridas porque me faz sentir tranquilo e sei que posso concentrar-me apenas em pilotar a moto”.

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Rossi aproveitou também para explicar um pouco melhor as declarações que fez recentemente sobre os dois anos que passou na Ducati, em particular as que foram interpretadas como arrependimento dessa decisão…

“Sinceramente, quando me perguntaram não me recordava muito bem. A frase estava dentro de uma coisa maior… no sentido de não me ter arrependido de ir para a Ducati, porque foi um desafio muito importante e se tivesse conseguido vencer com a Ducati teria sido algo muito especial porque era um piloto italiano com uma moto italiana. Mas disse que, lamentavelmente, foi um erro porque não o consegui e, por isso, se tivesse ficado na Yamaha certamente teria ganho outras corridas e lutado pelo Mundial, algo que não consegui com a Ducati. Mas se pudesse voltar atrás faria o mesmo”.

O que “The Doctor” não voltaria fazer é colocar um muro entre o seu lado do box e do colega de equipe Jorge Lorenzo.

“Não, não voltaria, porque não serviu de nada. Esperava que, com o muro, os dados não passassem entre as duas equipes. Mas foi o contrário, havia o muro mas os dados continuavam passando. Mas… foi um erro da minha parte. Tudo começou porque eu, por tudo o que tinha feito pela Yamaha, porque depois de tantos anos sem ganharem os levei-os de volta às vitórias, esperava algo mais em termos de reconhecimento e que não colocassem o Lorenzo na equipe porque o Jorge já era muito forte… Mas depois, com o passar dos anos e olhando para as coisas com cabeça fria, a Yamaha fez bem, tinha razão, porque o correto é que uma equipe como a Yamaha Factory tenha dois pilotos que possam ganhar e o reconhecimento no esporte é algo muito abstrato… Mas é bom que assim seja, creio que tomaram a decisão certa e agora estou muito contente por formar a equipe com ele. Também porque, de início, no primeiro ano, ele aprendeu muito comigo, mas agora sou eu que também estou aprendendo muito com ele. Por isso, o importante é tentar que tenhamos as motos na