Publicidade

Por: Jeff Bragança

Se você não conhece o autor desse texto, saiba que o Jeff Bragança é um motociclista muito conhecido e respeitado no mundo dos aventureiros em duas rodas. Motociclista das antigas, que tem centenas de milhares de quilômetros rodados por todos os cantos desse mundão, sempre com motos de pequena cilindrada, reformadas ou customizadas por ele mesmo como terapia e por puro prazer de mexer com mecânica.

Leia então o desabafo do Jeff

” Como viajo muito, eu queria uma moto sob medida, que atendesse às minhas necessidades de espaço para bagagem, ferramentas e outros apetrechos. Acabei decidindo fazer eu mesmo. Comecei a dois anos e ainda não terminei, claro, essas coisas nunca acabam. 

A moto escolhida: uma Honda NX 200

A moto escolhida: uma Honda NX 200

Publicidade

Depois de analisar muito meus conceitos de moto, decidi comprar uma linda e velhinha Honda NX-200. Baixa cilindrada, leve, robusta, mecânica simples, mercado de peças eterno por ser parente da Strada e por ser Honda. As peças da Honda são muito intercambiáveis e fáceis de encontrar. Outra característica que me interessava é o fato de não ser visada pela bandidagem. Apenas tirei dela tudo e que eu não queria e acrescentei tudo o que eu queria.

Daí "comprei terreno" Coisinha simples mas, enquanto eu passeava na ambulância, roubaram as carenagens e outras peças

Daí “comprei terreno” – enquanto eu passeava na ambulância, roubaram as carenagens e outras peças. Das três uma: ou vendia seus destroços por preço de banana; ou reformava com tudo original; ou dava asas à imaginação e fazia uma coisa totalmente louca. Adivinhe?

O que aprendi com essa aventura:

1º) Comprar moto velha e reformar pensando em conseguir uma moto barata? Esqueça; vai gastar o preço de uma nova. Com o que já gastei poderia ter comprado uma Ténérézinha equipada, todo o vestuário e ainda sobraria grana para as tralhas de camping.

As especificações básicas do projeto

As especificações básicas do projeto

Publicidade

2º) Reformar sem conhecer bem mecânica ou ter amigão do peito que conheça? Esqueça; vai chegar uma hora em que perde a graça, na verdade começa a dar raiva, ou pior, vontade de desistir.

3º) Reformar sem ter bom jogo ferramentas, além de bancada equipada (morsa, esmeril, etc)? Esqueca; vai passar raiva, espanar parafusos, quebrar parafuso lá dentro, arrendondar cabeça, etc, etc. Outra coisa, trabalhar com ela no chão vai destruir a sua coluna.

O painel, que incluiinclui voltímetro, amperímetro, manômetro do óleo e um relógio que funciona com horímetro de trecho. Ainda vou tentar instalar um CHT e um EGT, além é claro de fazer um cabo de controle da mistura.

O painel, principal conta cou outro auxiliar que inclui voltímetro, amperímetro, manômetro do óleo, marcador de combustível e um relógio que funciona com horímetro de trecho. Agora só falta pensar no design final

4º) Reformar para ter moto originalzinha? Só se for HD 1948. Mesmo assim se tiver amigos que valorizem e partilhem, senão: esqueça.

Publicidade

5º) Reformar para aprender mecânica de moto? Esqueça; você não aprende assim. Se quiser aprender mecânica vai para o Senai ou arranje trabalho em uma oficina. Você não aprende porque simplesmente não tem repetição diária e nem variedade de modelos e problemas.

Praticamente pronta, com autonomia para mais de 500 km. Prioriza a praticidade e utilidade em vez da beleza

Praticamente pronta, com autonomia para mais de 500 km e espaço para muita bagagem. Ainda tem muita coisa para ser feita, sempre priorizando a praticidade e utilidade

6º) Se você acha que vai encontrar facilmente mão-de-obra para resolver os problemas que excedem ao seu conhecimento, esqueça; existem áreas em que é difícil conseguir trabalho especializado de qualidade, como:

elétrica: incrível como é difícil encontrar mecânicos de motos que entendam da parte elétrica, a maioria toca na base do achômetro.

solda: se você for um chato perfeccionista, contrate trabalho profissional. O mesmo vale para trabalhos de pintura ou de adesivagem. Estava esquecendo, escolha profissionais que tenham espírito artístico e aceitem desafios, senão você vai ter um chato falando que “é-melhor-não-mexer-porque-pode-dar-mer**-doutor”.

Testando a máquina na estrada, a caminho de Três Lagoas

Testando a máquina na estrada, indo de Vitória (ES) para Três Lagoas (MS)

7º) Partir para uma aventura dessas para esnobar e se exibir para os amigos? Esqueca; os caras não vão saber avaliar a extensão do seu esforço. Nem o conceito. Nem a poesia. Nem o zen desse tipo de aventura. “

Portanto, se você pretende reformar uma moto, lembre-se dos conselhos acima, feitos por quem já passou por esse tipo de “aventura” mais de uma vez.

Separador_motos

O motonliner Jeff Bragança enviou-nos seu texto e fotos através do “Você no Motonline“. Faça isso você também, compartilhe suas idéias e aventuras com milhares de leitores que também são apaixonados por motos.