Quando nos preparávamos para viajar até o Peru, nos chegou a informação que deveríamos ter autorização de entrada nos países pelos quais passaríamos, e tal permissão só era emitida pelos respectivos consulados.
Com menos de 30 dias para saída, liguei primeiro no consulado da Bolívia, pois esta não faz parte do Merco Sul.
A informação que eu tive foi assustadora, e os passos burocráticos ameaçavam a realização da viagem no tempo previsto.
Era preciso redigir uma carta solicitando a entrada e circulação pela Bolívia, no entanto esta carta deveria ser traduzida por um Tradutor Juramentado.
Após a tradução, era necessário enviar para o Itamarati chancelar. Acontece que o Itamarati não tem balcão de atendimento, não recebe e-mails e só atende via Correios e este na época estava em greve. Ainda que estivesse funcionando, a correspondência leva até 10 dias úteis para ser vistada pelo Itamarati que lhe envia tudo pelo Correio novamente.
Vamos supor que com sorte, entre idas e vindas, você estivesse com a tal tradução chancelada em 20 dias, agora seria necessário ir até o consulado Boliviano para receber a chancela deles pela bagatela de R$60,00.
Estava levemente desesperado quando a atendente do consulado boliviano me solta a seguinte informação – “Senhor, não há garantias que a fiscalização lhe peça essa documentação!” – alívio geral… “Grato pela informação”!
Esse trâmite “tecnicamente” deve ser feito para cada país que você for rodar, o que no nosso caso envolveria Paraguay, Bolívia, Peru, Chile e Argentina.
Para!
Outra exigência é que houvesse uma autorização do banco financiador liberando a moto para viajar no exterior.
No nosso caso, o Bradesco agiu rápido, mas de forma errada ao enviar a tal autorização.
Como essa liberação é feita com dados da Carta Verde* nos foi autorizado a rodar pelo Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile – mas e o Peru e Bolívia?
Depois de muitos e-mails, tive que solicitar uma extensão do seguro para Bolívia e Peru e conseguir a autorização correta por parte do banco.
Sabe quantas vezes me pediram essa autorização? Nenhuma!
No documento da moto está o meu nome como proprietário, e apesar de constar no campo “Observação” – “Alienação: Banco BRADESCO” a policia caminera deve até desconhecer a palavra “alienação”.
O que realmente nos foi cobrado nas fiscalizações?
*Carta Verde – é um tipo de DPVAT válido nos países do Merco Sul e cobre despesas de acidentes contra terceiros, tanto pessoas quanto veículos… mas é um seguro para os outros, não para você. Então caso infelizmente você se acidente, não terá nenhum tipo de cobertura.
O valor da Carta Verde varia de acordo com o valor da moto, a quantidade de países e o tempo de viagem. Pode-se retirar em despachantes e seguradoras nas fronteiras… até sai mais barato, no entanto há que se ter paciência, pois é uma atividade a mais que simplesmente passar a Aduana.
Nós optamos por sair de casa com ela pronta e guardada em uma pasta, e de todos os países, ela foi solicitada na aduana do Chile e da Argentina… a Bolívia também pediu embora não faça parte do Merco Sul e tão pouco exija tal documento… vai entender.
Custo, cerca de R$300,00 no nosso caso – 52 dias – valor venal da moto R$34mil – 3 países do Merco Sul.
Carteira Internacional de Vacinação – a Febre Amarela é uma epidemia que assola a América Latina e mais de dois terços do Brasil, então é de suma importância estar devidamente vacinado.
Após a vacina você receberá uma carteirinha que deve ser trocada nos postos da ANVISA pela Carteira Internacional. Ela nos foi cobrada na entrada da Bolívia e em algumas fiscalizações.
Custo, tanto a vacina quanto a carteira é de graça.
Permissão Internacional para Dirigir (PID) – a carteira de habilitação internacional é geralmente cobrada em países da Europa, mas há relatos de policiais Argentinos solicitando este documento.
Ele pode ser emitido ou diretamente no DETRAN (haja paciência para ser atendido) ou junto a seguradoras ou despachantes.
A validade é igual a sua CNH, então vale a pena fazer as duas juntas, já que o custo pode chegar a R$250,00.
Em nenhum momento nos foi solicitada a PID e em toda fiscalização e Aduana apresentei minha CNH sem problemas… mas vai saber!
SOAT – até janeiro de 2011 o Peru aceitava a Carta Verde, por ser um simpatizante do Merco Sul, porém agora foi instituído o SOAT que ainda não conseguimos encontrar um lugar que emita no Brasil… nem mesmo no Consulado.
Entramos no Peru por Copacabana na Bolívia, margeando o Lago Titicaca e ali nos foi solicitado o SOAT. Argumentei que a informação que eu tinha é que ele poderia ser comprado ali, mas o mesmo não seria possível. Resumo da história, tivemos que pagar S/20,00 (vinte Soles – cerca de R$13,00) de propina e seguimos viagem.
Em Juliaca compramos o SOAT por US$13,00 com validade de 30 dias e em todas as fiscalizações foi solicitado esse documento.
Existe muito mito envolvendo documentações e para ajudar, na pratica a teoria é outra e nunca sabemos ao certo o que nos será solicitado, então é melhor pecar pelo excesso que pela falta.
Obs: Para facilitar a discussão sobre esse assunto criamos um espaço no final da página ou no fórum para os motonliners.