Essa moto vem em sabores diferentes. Um mais picante, NC 700X é Bigtrail. Tem também uma naked que não veio ao Brasil, a NC 700S, e o quase scooter Integra, também ausente aqui. Mas a mais nova integrante dessa família está no Brasil e é a CTX 700N. Ela, na verdade é uma versão reduzida da CTX 1300, uma moto que inaugura um novo conceito e design da Honda. Não é a moto do Batman, como foi associada sua imagem no título do teste do motonliner. É na verdade um estudo bem aprimorado, partindo de linhas horizontais que formam uma imagem de veículo seguro e estável.
Diferente de tudo o que a própria Honda já fez dentro do segmento, a base é a mesma da série Honda 700 dois cilindros. O mesmo chassi, motor e rodas em uma roupagem custom que agrada aos olhos de quem a vê passar e, principalmente, agrada até os pilotos menos afeitos ao estilo. Se você é daqueles que torce o nariz ao pensar numa custom, chegou o momento de você rever seus conceitos. Vale uma experiência com a Honda CTX 700N para refrescar a mente sobre antigos pensamentos.
Com a base igual às irmãs, acaba sendo incrível como pequenas mudanças podem fazer várias motocicletas completamente diferentes. A CTX 700N é um excelente exemplo disso. Nova calibração da suspensão, pequenas mudanças na traseira do chassi e uma roupagem de acordo com o espírito da moto fazem desla uma custom com qualidades de outras motos mais voltadas à performance, sem abrir mão do estilo, do conforto e do grande prazer de pilotar.
Ser ruim nas curvas costuma ser uma das desculpas de quem não gosta das custom. Pois a CTX faz curvas como poucas e sua suspensão responde tão bem quanto as melhores da sua categoria. Outra característica desta classe costuma ser a posição de pilotar meio “relaxada” demais. A CTX oferece de fato uma posição de pilotagem coerente com as mais radicais das custom e sem abrir mão da naturalidade.
Pés apontando para o céu, guidão largo e assento envolvente lhe põe de cara para o vento em uma posição confortável e relaxante. O ronco grave do escapamento é combinado com o da admissão para aumentar a impressão de poder que o motor apresenta. Bom torque em baixas rotações permite uma boa aceleração que ao limite próximo dos 6000 rpm já te leva a boas velocidades, empurrado pelo motor dois cilindros paralelos. Aliás, é o mesmo da NC 700X que exige trocas rápidas durante a aceleração pois a faixa limite chega logo.
Alguns pilotos mais acostumados ao grito de um motor virando alto sentem falta dessa esticada maior. Na CTX, assim como na NX700 x não adianta querer acelerar muito. Troque as marchas cedo e ela vai mostrar como se chega rápido a boas velocidades, condizentes com a proposta. Torque e elasticidade sem rotações altas e com pouco ruído. E é bom saber que os cavalos estão ali e que se precisar acelerar o motor vai responder forte e a velocidade chegará rapidamente. Um casamento que deu certo porque essa característica do motor se adapta melhor à forma de pilotar das custom.
Ele é um motor levemente sub-quadrado (diâmetro de 73mm e curso de 80mm) que tem sua potência máxima de 47,6 cv já em 6.250 rpm e torque de 6,12 kgf.m em meros 4.750 rpm. Essa é a prova que demonstra a extrema elasticidade em rotações baixas, diferente dos motores “normais”. O grande torque permite uma pilotagem quase displicente na adequação do giro do motor à velocidade da moto. Se a velocidade permitir uma rotação um pouco acima da lenta, ao acelerar, o motor já aceita a aceleração sem titubear e te leva até o limite do corte do motor para você colocar a próxima marcha, de forma constante e sem ressaltos.
A suspensão, a mesma da naked NC 700S, teve seu curso alterado. Ficou com 110mm e isso possibilitou alterar a estrutura para um banco bem mais baixo e o principal, deixou toda a geometria da moto adequada para uma estradeira ou melhor, “custom”. Aumentou o rake, trail e distância entre eixos, tudo resultado dessa única alteração na altura da suspensão traseira, que mudou toda atitude da moto. Além disso, o tanque de gasolina foi colocado sob o banco com seu bocal logo à frente, no lugar onde se encontra na NC 700X o porta capacete. Bom para adicionar bolsas laterais, “sissy bar” ou outros acessórios na traseira que assim fica totalmente desimpedida.
Os freios com ABS são eficientes e adequados à proposta. Em frenagens mais fortes, nas customs se exige mais cuidado e nesta moto percebe-se um comportamento mais balanceado, deixando uma sensação de maior segurança em frenagens. A distribuição de peso com o piloto sentado mais atrás deixa a frente um pouco leve, fazendo com que para se aplicar o freio dianteiro com eficiência maior, a pressão das mãos sobre o guidão deve levar a força do peso do piloto para aumentar a pressão sobre a roda dianteira. Essa é a opção para pilotagem mais agressiva. No uso normal, a distribuição da pressão aplicada entre os dois freios, é levemente superior na traseira, como na maioria das customs. Mas você deve insistir no freio dianteiro para obter mais eficiência de frenagem.
O tanque, com pouco mais de 12 litros parece pequeno, mas não é. A moto é muito econômica, fez a média de 26,62 Km por litro, sendo que no nosso percurso de estradas fez a melhor média, de 27,14 Km/l. Nessa tocada você consegue uma autonomia de mais de 300 Km. Assim, a CTX 700 N se mostra mais como uma verdadeira devoradora de asfalto. Confortável, com boa autonomia e econômica, porque se você tem menos explosões por km rodado, andando em baixas rotações, você queima menos combustível. Simples assim. Os instrumentos, mesmos da NC oferecem as principais informações que o piloto precisa. O tacômetro de barras em cristal líquido dá uma boa visão nessa moto, porque o visor está em um bom ângulo, que não favorece muitos reflexos. Os botões ganhariam mais acesso e ofereceriam mais segurança se estivessem disponíveis no punho. Detalhes que a Honda ainda não incorporou nos seus principais produtos e que seria bem aceito.
O segmento de motos custom de grande cilindrada tem características próprias e bem peculiares. Entre as mais vendidas estão alguns modelos Harley-Davidson, a Yamaha Midnight Star e a própria Honda Shadow. A CTX 700N pelo preço (R$32.712,00 – FIPE) e por suas características de design diferenciado, deverá se inserir com destaque neste segmento. Mas isso não representa grande volume. Aliás, dentre as que mais vendem, os volumes não passam de 100 motos por mês para cada uma.
Há ainda as Triumph, a linha Kawasaki (Vulcan) e as Suzuki, (Boulevard) todas que também tem volumes modestos, mas marcam presença neste meio. E essa é a peculiaridade do segmento: muitos modelos, diferentes marcas, praticamente seus proprietários as tem mais para exibição e passeios, cada um com sua tribo e todos muito felizes. Pela boa dirigibilidade, esta Honda pode agradar motociclistas do sexo feminino que cada vez mais entram no mundo das motos e podem fazer uma diferença importante a favor desta nova Honda. A saber!