Após alguns meses de expectativas, enfim a Hunter 350 está entre nós. A clássica urbana é o principal produto da Royal Enfield em volume de vendas no exterior e promete revolucionar a presença da marca aqui no Brasil. Será?
Primeiras impressões com a Hunter 350
O lançamento da Hunter aconteceu nesta semana, em São Paulo (SP). Para mostrar a vocação urbana e agilidade do modelo, a ação contou com um breve teste ride pelas ruas centrais da cidade mais populosa das Américas.
Antes de falar como foi rodar com a novidade, é interessante compreender sua importância. A Hunter é a moto mais vendida da Royal na Índia e acelerou a expansão da companhia para vários mercados. No Brasil, segundo diretores da empresa, deve fazer dobrar o número de emplacamentos anuais da marca – ou seja, sozinha, vender mais de 10 mil motos/ano. As expectativas são altas.
Estilo e preço; segredo do sucesso
Alguns fatores estão por trás do sucesso do modelo. Entre eles, o estilo clássico moderno, combinado com o bom nível de acabamento. Com linhas arredondadas e suaves, remete às motos dos anos 1960 e 70, mas sem o apelo pesado de modelos mais puristas como a Classic 350, considerada ‘retrô demais’ para muitos motociclistas. Ou seja, um visual mais suave e universal, sem deixar de ser clássico.
Outro aspecto é a favorável relação custo e benefício, já que estamos falando da moto mais barata da Royal Enfield. Em mercados como a Índia, a Hunter chega a custar 25% menos que a Classic 350 (no Brasil a diferença é de 4%). Isso compartilhando basicamente os mesmos recursos eletrônicos e projeto.
Ainda, o modelo pega carona na imagem positiva que a Royal vem construindo internacionalmente. Aqui, por exemplo, a marca chegou em 2017 com apenas uma concessionária e hoje já são 25 pontos de vendas, além de mais de 30.000 motos rodando pelas ruas do país. Aos poucos, a operação está se consolidando.
Ficha técnica da Hunter 350
A Hunter adota a mesma Plataforma J já vista nas demais 350 cc da marca, Meteor e Classic. Assim, compartilha uma série de itens como motor, chassi, suspensões, elétrica, freios.
Ou seja, o motor é o já conhecido monocilíndrico de 349 cc e arrafecimento a ar. Ele gera 20,2 cv e 2,7 kgf.m de potência e torque máximos, a 6.100 e 4.000 rpm. O câmbio é o tradicional de 5 velocidades.
Porém, a Hunter tem algumas exclusividades na geometria. A principal é o chassi, reformulado em alguns ângulos para ser mais estreito, curto e ágil. As rodas também são exclusivas, aro 17″ e calçando largos pneus sem câmara 110/70 e 140/70. O tanque tem capacidade para 13 litros (4 de reserva).
A suspensão dianteira é telescópica, com tubos de 41 mm tem 130 mm de curso. Atrás há dois amortecedores com ajuste de pré-carga e 90 mm de curso. As inéditas rodas 17 contam com freios ABS. O disco dianteiro tem 300 mm, enquanto o traseiro possui 270 mm. As pinças são da Bybre.
Como tem menos componentes e acabamentos em metal, a Hunter chega a ser 14 kg mais leve que as irmãs. Assim, marca 181 kg na balança, já abastecida e pronta para rodar.
Como é rodar com a Royal Enfield Hunter
A Hunter tem uma série de pequenas mudanças técnicas em relação as demais 350 cc da marca e é curioso como esses pequenos fatores somados resultam numa grande diferença de experiência ao guidão. Mais leve e curta, a Hunter muda de direção com facilidade e tem comportamento muito mais ágil. Além disso, a posição de pilotagem é ereta, mas com as pernas levemente recuadas. Ou seja, diferente de pilotar uma Classic e Meteor. É outra moto.
O ride foi curto, então é cedo para dar um veredito sobre o nível de conforto, mas o conjunto de banco e suspensões soa promissor. Também não podemos cravar acerca do desempenho, mas a Hunter parece ter aceleração um pouco mais ‘esperta’ que as demais, provavelmente em razão do peso menor.
Outro ponto positivo que deve ser mensurado é o visual. O design limpo é favorecido pelo bom nível de acabamento e encaixe das peças, além de contar com detalhes que enriquecem o conjunto – como o logo bordado no banco. Interessante, considerando o preço final do produto.
Consumo e top speed da Hunter 350
Como o ride foi urbano e curto, esteve limitado às condições viárias do centro de São Paulo. Logo, não conseguimos fazer medições técnicas. Além disso, a marca não revelou dados oficiais sobre consumo e aceleração na apresentação do modelo.
No exterior, a Hunter 350 tem velocidade final próxima dos 115 km/h reais, cerca de 120 km/h no painel de ponteiros. Já o consumo fica na casa dos 35 km por litro em perímetro urbano. No Brasil, com concentração maior de etanol na gasolina, ela tende a consumir um pouco mais.
Veja também:
Hunter 350 na estrada e cidade
Um veredito depende de uma avaliação completa, após muitas centenas (ou milhares) de quilômetros percorridos, expondo o modelo a situações adversas e todos os usos que terá nas mãos dos proprietários. Ou seja, é cedo demais para isso.
Entretanto, é possível afirmar que a Hunter 350 parece promissora. É uma moto com identidade, distante das demais Royal Enfield 350cc tanto em comportamento como em visual.
A ciclística ágil a indica como uma boa opção para o trânsito urbano, pois muda de direção com facilidade e oferece bom nível de conforto. Já para rodovias e viagens, o desempenho tímido do motor é um limitador que não pode ser ignorado, assim como já acontece nas Classic e Meteor. Apesar de garantir passeios divertidos e despretensiosos, ele tende a comprometer usos mais severos, como ultrapassagens ou longos roteiros com garupa e bagagem.
Vale a pena a compra?
A Hunter tem preço sugerido de R$ 19.990 na versão Dapper e R$ 21.990 na Rebel (foto abaixo), com pintura em dois tons e sistema de navegação Tripper. Como não incluem despesas com frete e seguro, esses valores devem variar dos encontrados nas lojas.
Com esse posicionamento de mercado, o modelo é uma opção interessante aos que buscam um moto acessível e alternativa às tradicionais street japonesas. Especialmente se rodar nas cidades, cenário para o qual foi concebida. Ao pegar a estrada é preciso curtir o passeio despretensiosamente, sem pressa de chegar e ciente de suas limitações.
Além disso, a Hunter conta com ABS nas duas rodas, cavalete central, tomada USB e painel com indicador de marchas, algo nem sempre encontrado nessa faixa de preço. Entretanto, a relação custo e benefício é submetida ao preço final do produto. Se ela custar acima de R$ 24 mil nas lojas outras concorrentes entram na equação, com desempenho, tecnologia e versatilidade superiores à Hunter.