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Qual o melhor capacete do mercado? Qual capacete vale a pena? Afinal, entre tantas opções, por qual optar? Foi-se o tempo que escolher um capacete era questão de dinheiro no bolso, de saber quanto podia gastar num equipamento básico de segurança e que custava caro, muito caro. Além disso, as opções nacionais eram poucas e quem podia, trazia do exterior. Aqueles anos rebeldes acabaram, a moto deixou de ser um veículo marginal e tudo mudou.

Pela praticidade, capacetes abertos são os preferidos por aqueles que usam scooters

Pela praticidade, capacetes abertos são os preferidos por aqueles que usam scooters

Desse modo, felizmente a indústria se desenvolveu bastante, cresceu muito, surgiu a regulamentação do uso e da fabricação de capacetes e hoje temos o que está aí, com dezenas e até centenas de opções para cada tipo de uso, inclusive os importados, de todos os preços, níveis de qualidade e para os mais variados bolsos.

Qual capacete escolher para andar de moto?

Face a esta enorme quantidade de opções, não é assim tão fácil a escolha de um capacete. E ela deve ser muito criteriosa porque estamos falando do principal equipamento que pode salvar vidas em caso de acidente com motocicleta. Claro, junto com o capacete, há calças e jaquetas com proteções, luvas e calçados, tudo fabricado especificamente para uso por motociclistas, também com muitas opções disponíveis. Mas vamos ficar apenas no capacete.

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Hoje já é bem comum os motociclistas terem mais de um capacete e muitos chegam a ter até três diferentes capacetes, para usos diversos, como uso em dias mais frios, para off-road, para viagens, para uso urbano com scooter…. enfim, os preços se tornaram muito mais acessíveis e as opções estão aí, para sofisticar a escolha e ocupar espaço na prateleira de cada motociclista. Mas a escolha do capacete, seja para qualquer tipo de uso, deve seguir alguns critérios básicos para não acabar se transformando num incômodo.

Vamos falar de dois usos bem específicos e que exigem mais cuidado na escolha, sob pena de acabar sendo um grande transtorno usar o capacete errado. Estamos falando de capacetes para quem viaja muito e por muito tempo e para quem gosta de praticar esportes (ou lazer) fora-de estrada.

Capacete para quem viaja muito

Conversamos com Ricardo Kadota (Rock_Ténéré), viajante com mais de 40 mil km rodados por vários países da América do Sul e pelo Brasil, com diferentes motos. Veja o que ele diz sobre a escolha de um bom capacete para viajar.

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Os capacetes articulados são comuns em viagens, pela praticidade e, também, por proporcionar um encaixe com melhor contorno do crânio. Além disso, oferecem praticamente a mesma segurança dos fechados. Praticamente.

Os capacetes articulados são comuns em viagens, pela praticidade e, também, por proporcionar um encaixe com melhor contorno do crânio. Além disso, oferecem praticamente a mesma segurança dos fechados. Praticamente.

  1. Peso – Se for muito pesado, em longas viagens faz diferença.
  2. Campo de visão – Seus olhos não podem ter no campo de visão periférica as bordas do capacete. Se tiver, quanto menos, melhor.
  3. Manipulação – Verifico se é fácil colocar, afivelar, desafivelar e retirar.
  4. Conforto – Vestir bem, ter um bom encaixe na cabeça, ficar firmemente preso no crânio e não apertar onde não precisa, encaixe para as orelhas, vedação acústica, contato do tecido com a pele, ventilação adequada…. tudo isso é fundamental porque ficar desconfortável por horas e horas não vai resultar agradável ao final de um dia de viagem.
  5. Comunicação – Eu acho importante ter espaço para o fone e o microfone do intercomunicador, pois quem viaja pode querer conversar com outros do seu grupo ou mesmo com o (a) garupa.

    Para quem viaja muito - ou pretende viajar - é importante lembrar dos comunicadores, que requerem espaço especial no capacete

    Para quem viaja muito – ou pretende viajar – é importante lembrar dos comunicadores, que requerem espaço especial no capacete

  6. Acabamento – Observe o acabamento do capacete e não aceite peças mal encaixadas, cola aparente ou borrachas e acabamentos plásticos com rebarbas. Tudo isso, com o uso intenso, tende a piorar rapidamente e pode deixar você na mão no meio de uma viagem.
  7. Higienização -Um bom capacete deve ser fácil de limpar, sobretudo a forração que tem contato direto com sua cabeça. Por isso escolha um que seja fácil retirar e lavar o forro.

    Forro removível é essencial para a higienização, tanto para o uso em estradas quanto para o offroad

    Forro removível é essencial para a higienização, tanto para o uso em estradas quanto para o offroad

  8. Turbulência – Claro que é difícil testar na hora da compra, mas pergunte para outros viajantes que tenham a mesma moto que você sobre turbulência no capacete, porque isso tem mais a ver com o desenho da frente da moto (bolha ou para brisa).
  9. Ventilação – Procure um capacete que tenha um bom sistema de entradas indiretas para ventilação quando em movimento. Uma boa solução é escolher um capacete que permita pequena abertura da viseira, apenas uma fresta mesmo, pois isso além de ser bem confortável no calor, é decisivo nos dias de chuva ou muito frio para a viseira não embaçar por dentro.
  10. Viseira – A viseira de seu capacete é a única proteção do seu rosto contra pedras, pedriscos, insetos e outros “objetos” que voam pelos caminhos. Portanto, escolha um capacete com viseira regulamentada, com no mínimo 2 mm de espessura e que tenha tratamento anti embaçante e um bom sistema de segurança para não soltar, mas que seja fácil de remover para limpeza.

    O mercado oferece diversas opções quando o assunto é 'viseira'. Procure por materiais de qualidade e pela que melhor se encaixa ao seu uso

    O mercado oferece diversas opções quando o assunto é ‘viseira’. Procure por materiais de qualidade e pela que melhor se encaixa ao seu uso

Capacete para off-road

Pedimos ao nosso repórter colaborador Jan Terwak, que costuma fazer trilha, enduro e pratica também o motocross, para ele dar dicas específicas para quem quer um capacete para uso no fora-de-estrada, seja na prática esportiva ou apenas nos passeios e trilhas com os amigos. Confira o que recomenda o Jan.

O capacete off road deve ser leve e muito bem ventilado

O capacete off road deve ser leve e muito bem ventilado

Antes de mais nada é preciso entender que o uso fora-de-estrada é completamente diferente de outros usos. Os obstáculos são mais frequentes, os sustos e os tombos também. Por isso não dá para se arriscar com um capacete sem qualidade e boa procedência comprovadas. Não compre seu capacete para fora-de-estrada apenas pelo preço. Lembre-se também que as quedas são muito comuns e o capacete sofre mais nessas pequenas quedas, com choques em pedras, árvores e cascalho.

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É claro que todas as recomendações que o Ricardo Kadota (Rock_Ténéré) faz eu também faço. Mas algumas são mais importantes no caso do fora-de-estrada. Peso, ajuste na cabeça e facilidade para limpeza são as necessidade fundamentais que um bom capacete para off-road deve atender. Imagine você na trilha, chacoalhando tudo, com um capacete pesado e balançando na sua cabeça e, além de tudo, empoeirado ou – pior – cheio de lama? Não dá, ninguém merece.

Alguns modelos de capacetes off road têm viseira integrada (ao invés de usar óculos). Ganhando em visibilidade e perdendo em ventilação também podem ser adotados ao uso urbano e até viagens (desde que em velocidades moderadas)

Alguns modelos de capacetes off road têm viseira integrada (ao invés de usar óculos). Ganhando em visibilidade e perdendo em ventilação também podem ser adotados ao uso urbano e até viagens (desde que em velocidades moderadas)

O que considerar antes da compra

Por isso que o peso (o mais leve possível) é fundamental. Hoje em dia a tecnologia está tão à frente que os capacetes estão cada vez mais resistentes e ao mesmo tempo mais leves. Sobre o capacete estar justo na cabeça, não significa que ele deva estar apertado, mas firme nos pontos certos do crânio, exatamente para não balançar. As orelhas devem ter espaço para encaixar, mas não limitar a audição, pois ela é importante na prática do fora-de-estrada.

O sistema de fixação é tão importante quanto o material do qual o casco é composto

O sistema de fixação é tão importante quanto o material do qual o casco é composto

Outro aspecto que você deve considerar é que a cinta de fixação deve ser com o duplo “D” ao invés da catraca de fechamento e abertura rápidos. Como já mencionei, as quedas são mais constantes e as catracas de acionamento rápido estão mais sujeitas à abrir e permitir que o capacete se desloque numa queda e cause problemas. Finalmente, outro detalhe que você deve olhar atentamente é o espaço para colocação e fixação do óculos de proteção. Eu sei que há modelos de capacetes com viseira, mas quem pratica o esporte raramente os escolhe, porque a ventilação fica precária dentro do capacete.

"Mas na trilha andamos devagar, então qualquer capacete serve". Em meio a pedras, árvores, galhos, buracos e saltos, não pense assim

“Mas na trilha andamos devagar, então qualquer capacete serve”. Em meio a pedras, árvores, galhos, buracos e saltos, não pense assim

Por isso, verifique se o capacete permite que o óculos protetor fique bem encaixado no seu rosto e se ele permanece fixo atrás do capacete. Não é assim tão raro ver no meio da trilha piloto ajustando o óculos porque a cinta elástica se movimenta e deixa o óculos mal encaixado. Lembre-se também que seu capacete para off-road deve ter uma pala protetora do sol, pois como a abertura para o rosto nos capacetes desse tipo é maior, o rosto fica mais exposto e o sol pode incomodar.

Conclusão

Finalmente, escolha um capacete cujo material da forração seja sintético, confortável ao toque e que possa ser retirado para lavar, mas lavar mesmo, não apenas limpar, porque no off-road você terá poeira, lama, água (suja, muitas vezes) e outras coisinhas indesejáveis dentro do seu capacete. É isso. De resto, fica a recomendação também de nunca ir sozinho para a trilha ou o passeio fora-de estrada. Faça um grupo pequeno com no mínimo três motos e divirta-se!”

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Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.