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Crédito para dar, vender e endividar

Os cartäes de loja incentivam o consumo exagerado. Al‚m disso, aqueles ditos “sem anuidade” tˆm sempre outras taxas, que podem at‚ onerar mais que as convencionais

“Boa tarde. A senhora possui o CartÆo Sonda? Se quiser, pode fazer agora mesmo.” Quem nunca teve de responder a essa pergunta, em um supermercado ou em um grande magazine, e recebeu insistentes propostas para fazer um cartÆo da loja, que levante a mÆo. A £ltima moda ‚ oferecer anuidade gr tis, o que pode ser bastante tentador … primeira vista. No entanto, nÆo existem cartäes cujos custos nÆo sejam pagos pelo consumidor. Sai a anuidade, entram as taxas de manuten‡Æo, de utiliza‡Æo e tantas outras.

No caso do supermercado Sonda, rede de doze lojas na Grande SÆo Paulo, a oferta ‚ de um cartÆo sem anuidade. A atendente nÆo fornece dados adicionais, que s¢ serÆo obtidos no balcÆo de informa‡äes ou por meio do folheto publicit rio. O uso do cartÆo de cr‚dito implica um custo de manuten‡Æo de R$ 3,90, toda vez que for emitido um extrato – ou seja, todo mˆs em que for feita alguma compra com o cartÆo. Se utilizado mensalmente, o desembolso ser  de R$ 46,80 no ano – valor que nÆo fica atr s do das taxas de anuidade.

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Mas como cada empresa adota uma pol¡tica diferente, o importante ‚ ficar atento, perguntar sobre custos e questionar a cobran‡a de qualquer taxa nÆo especificada na hora da contrata‡Æo. Em geral, ‚ poss¡vel encontrar o valor das cobran‡as em letras min£sculas no contrato ou nos folhetos de propaganda. Poucos, no entanto, alertam sobre tarifas, apesar de o C¢digo de Defesa do Consumidor (CDC), em seu artigo 6§, assegurar o direito de receber informa‡äes adequadas e claras sobre os servi‡os ofertados.

No Carrefour, a anuidade ‚ gr tis, mas ‚ cobrada uma taxa de R$ 1,99 todo mˆs em que o cartÆo for utilizado. Mais uma vez, o problema ‚ o consumidor s¢ descobrir a existˆncia da taxa quando chegar a primeira fatura.

Os estabelecimentos ainda oferecem cartäes diferentes aos clientes: alguns podem ser usados apenas na pr¢pria rede, como ‚ o caso dos cartäes das Lojas Marisa; e outros podem ser usados tamb‚m nos estabelecimentos credenciados, como o do Carrefour e o do Sonda.
“Fazer com que o private label (como ‚ chamado o cartÆo que s¢ pode ser usado em determinada loja) seja aceito em outros estabelecimentos ‚ uma questÆo estrat‚gica e envolve custos. Ampliar a utiliza‡Æo traz benef¡cios aos clientes, por nÆo precisarem carregar outros cartäes, mas tamb‚m traz receitas ao varejista, que recebe porcentagem de vendas”, afirma Andr‚ Alexandre Alves, especialista em marketing de varejo pela Universidade de SÆo Paulo (USP).

A utiliza‡Æo do cr‚dito em outro varejista, entretanto, faz com que o limite para ser usado na pr¢pria rede fique menor. Por isso, muitos preferem que o cartÆo seja v lido exclusivamente em suas lojas. Outros resolveram a questÆo estabelecendo limites para o uso fora da rede. O consumidor, no meio de tudo isso, precisa tomar cuidado para nÆo achar que os cartäes das lojas sÆo seus grandes amigos, e acabar endividado.

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