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Estimuladas pela onda da reduĆ§Ć£o da velocidade nas vias urbanas iniciada pelo prefeito de SĆ£o Paulo (SP) e que comeƧa a ser propagada a outros municĆ­pios brasileiros, cada vez mais pessoas entram para o maravilhoso mundo das motos – scooters, cubs, motonetas e outros veĆ­culos de duas rodas assemelhados. “JĆ” que Ć© pra andar devagar, eu me sinto mais seguro e confiante para andar de motinho”, me confidenciou um senhor de quase 60 anos enquanto abastecia seuĀ scooter num posto na Marginal do TietĆŖ, em SĆ£o Paulo, onde a velocidade mĆ”xima Ć© 50 km/h.

Ele me pediu para preservar sua identidade e nĆ£o fotografĆ”-lo, mas soltou o verbo e me contou que usava motocicleta nos anos chamados “romĆ¢nticos”, lĆ” por volta de 1970 e 1980, mas que a violĆŖncia e agressividade do trĆ¢nsito o afastou das motos na cidade.Ā Ele disse tambĆ©m que alĆ©m da reduĆ§Ć£o da velocidade, nĆ£o faz qualquer sentido comprar uma moto maior. “AlĆ©m de nĆ£o poder acelerar e andar uma pouco mais rĆ”pido, hĆ” os assaltos que tiram a tranquilidade de qualquer motociclista que pilota uma moto mĆ©dia ou grande”, pondera acertadamente enquanto enumera os casos de conhecidos dele que foram vĆ­timas de assaltos.

Apesar do exemplo deste senhor ser mais difĆ­cil de encontrar, a situaĆ§Ć£o Ć© muito comum hoje. Voltar a utilizar motocicleta em funĆ§Ć£o do infernal trĆ¢nsito urbano, do altĆ­ssimo custo para mover-se de automĆ³vel e da precariedade do transporte coletivo na maioria das cidades brasileiras, Ć© uma das melhores opƧƵes que muitos estĆ£o fazendo.Ā Juntam-se a estes “retornados” os novatos – estudantes, trabalhadores, donas de casa, profissionais liberais – enfim, pessoas comuns que se enchem de coragem e, apesar das muitas opiniƵes contra, optam por movimentar-se nas grandes cidades com motocicletas, e temos uma verdadeira legiĆ£o urbana de novos motociclistas nas ruas que, predominantemente, utilizam motos (bem) pequenas.

SĆ£o 24 modelos de estilos diferentes e preƧos muito diferentes; o importante Ć© decidir a que melhor se adapta a vocĆŖ

SĆ£o 24 modelos de estilos diferentes e preƧos muito diferentes; o importante Ć© decidir a que melhor se adapta a vocĆŖ

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SĆ£o scooters, motonetas e atĆ© ciclomotores que ganham as ruas todos os dias e buscam seu espaƧo como todos os outros veĆ­culos.Ā E aĆ­ estĆ” o perigo, buscar espaƧo. Hoje hĆ” muito mais motociclistas e motoristas buscando espaƧo. Claro, o espaƧo cresceu, mas nĆ£o na mesma proporĆ§Ć£o do aumento da frota circulante. Por isso, entrar para esta legiĆ£o urbana exige atenĆ§Ć£o tanto no momento da escolha da moto quanto na maneira de conduzi-la em meio aos outros veĆ­culos, todos muito maiores e mais pesados.

Independentemente de qual modelo dentre as pequeninas motos vocĆŖ escolher, lembre-se sempre que a imensa maioria dos outros veĆ­culos que estĆ£o nas ruas sĆ£o mais rĆ”pidos que o seu. Por isso, fique atento aos seguintes alertas:

  1. Olhe os espelhos retrovisores sempre e se algum outro veĆ­culo (moto inclusive) estiver muito prĆ³ximo, tente dar passagem;
  2. Evite ficar na frente nos semĆ”foros para nĆ£o atrapalhar um eventual motorista (ou motociclista) apressado, pois sua pequena moto nĆ£o tem capacidade de arrancada rĆ”pida e isso pode colocar em risco sua pilotagem;
  3. Seja gentil, dĆŖ passagem aos veĆ­culos maiores e mais rĆ”pidos; gentileza gera gentileza!
  4. NĆ£o entre em qualquer tipo de competiĆ§Ć£o; alĆ©m das suas chances de “vitĆ³ria” serem quase nulas, vocĆŖ estarĆ” se arriscando por nada; lembre-se que o importante Ć© chegar inteiro e em seguranƧa;
  5. Sinalize todas as manobras e nĆ£o se irrite se os outros nĆ£o fizerem isso; faƧa a sua parte;
  6. Respeite seus limites, da sua moto, da via onde estĆ” circulando e dos outros veĆ­culos;
  7. Circule pelo corredor entre os carros apenas quando o trĆ¢nsito estiver parado ou muito lento;
  8. Use TODOS os equipamentos bĆ”sicos de proteĆ§Ć£o ao motociclista: calƧas, jaqueta com proteƧƵes, luvas, botas e capacete; o fato de sua moto ser pequena nĆ£o diminui os ferimentos em caso de acidente;
  9. Treine as freadas; um volume significativo de acidentes com motos acontecem quando se utiliza os freios;
  10. FaƧa uma verificaĆ§Ć£o completa na sua moto ao menos semanalmente: luzes (farol, piscas, luz de freio), estado dos freios e pneus e aspecto geral; se necessĆ”rio, troque, ajuste ou faƧa um reaperto geral na moto.

    Marque suas preferidas, faƧa test-drive e escolha aquela que melhor "vestir"

    Marque suas preferidas, faƧa test-drive e escolha aquela que melhor “vestir”

Quanto Ć  escolha da moto, hĆ” 24 opƧƵes de vĆ”rias marcas, algumas motos muito semelhantes, cujos preƧos (FIPE, setembro/2015) variam entre R$2.968,00 a R$8.770,00. Ficaram foraĀ as motos preferidas dos profissionais – motofretistas e mototaxistas – que sĆ£o as street de 125 e 150 cc, e decidimos incluir apenas aquelas que estĆ£o um degrau abaixo dentro do segmento de entrada. Primeiro vocĆŖ deve pensar se quer ou nĆ£o trocar marcha. Lembre-se que para quem nĆ£o tem experiĆŖncia anterior, este pode ser um empecilho enorme para aventurar-se nas ruas. Caso opte por uma moto com troca de marchas, vocĆŖ pode escolher uma com cĆ¢mbio semi-automĆ”tico, sem exigĆŖncia de uso de embreagem, ou uma clĆ”ssica, com o uso da embreagem na mĆ£o esquerda.

PorĆ©m, se vocĆŖĀ nĆ£o quer passar marcha, escolha uma moto com transmissĆ£o tipo CVT (Continuously Variable Transmission – TransmissĆ£o Continuamente VariĆ”vel) e aĆ­ Ć© sĆ³ acelerar e frear. Nesse caso, vocĆŖ vai acabar escolhendo um scooter. Nas outras opƧƵes, a maioria dos modelos disponĆ­veis sĆ£o motonetas ou motos street. Aquelas com motor de atĆ© 50 cc, consideradas ciclomotores perante a legislaĆ§Ć£o, hĆ” a opĆ§Ć£o ao condutor de obter a ACC (AutorizaĆ§Ć£o para ConduĆ§Ć£o de Ciclomotor) para pilotĆ”-la ao invĆ©s da CNH (Carteira Nacional de HabilitaĆ§Ć£o) cujo processo Ć© mais simples. No entanto, os ciclomotores tem restriĆ§Ć£o de circulaĆ§Ć£o em vias de trĆ¢nsito rĆ”pido e devem circular sempre ao lado direito da via, conforme o que determina o CTB (CĆ³digo de TrĆ¢nsito Brasileiro).

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Finalmente, antes de decidir qual moto comprar, verifique ainda a disponibilidade de lojas e concessionĆ”rias da marca onde vocĆŖ possa fazer manutenĆ§Ć£o de sua moto e eventualmente comprar peƧas de reposiĆ§Ć£o. Verifique tambĆ©m as condiƧƵes para garantia que cubra eventual defeito de fabricaĆ§Ć£o e o preƧo das revisƵes e das peƧas de manutenĆ§Ć£o regular, como pastilhas de freio, embreagem e pneus. Os dados sobre concessionĆ”rias extraĆ­mos dos sites oficiais de cada marca, mas no caso da Shineray nĆ£o fica claro se hĆ” assistĆŖncia tĆ©cnica e se a loja Ć© exclusiva da marca. Por esta razĆ£o chamamos de “lojas”.Separador_motos

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixĆ£o pelo mundo das motos e a larga experiĆŖncia na indĆŗstria e na imprensa. Acredita que a moto Ć© a cura para muitos males da sociedade moderna.