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De vez em quando aparece alguém querendo ter aulas para aprender a andar de bicicleta porque pretende comprar uma moto.
Acredito que este seja o caminho correto. Um passo por vez. Já ouvi falar sobre várias pessoas que mesmo sem saber pedalar conseguiram tirar carta de moto.

A inércia da moto é maior do que em uma bicicleta o que faz com que o corpo do condutor tenha menos influência na dinâmica do equilíbrio. Um ciclista consegue facilmente movimentar uma bicicleta lateralmente, em pendulo, porque ela é leve. Aprender a controlar a emoção e refinar a coordenação motora no conduzir uma bicicleta ajuda não só os futuros motociclistas, mas qualquer condutor de veículo motorizado.
Quanto mais leve o veículo, mais sensível. Bicicletas não andam em linha reta, seguem em frente fazendo zig-zags. Tem que virar o guidão e frear com suavidade ou a bicicleta não perdoa. O segredo do bom ciclista é ser suave, não lutar contra a bicicleta. Quanto mais suave, quanto mais o ciclista deixa a bicicleta realizar sua dinâmica própria, quanto mais aproveita a inércia do momento, menos energia é gasta ao pedalar, mais rápido a bicicleta roda, mais segurança se tem. “Ciclismo é a arte da suavidade”.

Seria muito bom se as crianças fossem obrigadas a pedalar desde bem pequenos e que junto a isto fosse dado noções básicas de dinâmica e condução defensiva. Meu sonho seria que todos tivessem aulas de BMX, que é o kart das bicicletas, onde se aprende as técnicas finas de condução. O ideal seria que as pessoas fossem educadas para ter respeito pela “finesse” técnica, primeiro com bicicletas e depois com motos e carros. A maioria não ia conseguir ser fino, mas pelo menos ajudaria a quebrar certos mitos, bobagens e mentiras que são ditas e repetidas sobre o que chamam de “pilotagem”. Pilotagem, que bobagem! Piloto que é piloto sabe seu lugar e nas ruas vai na boa e sábia condução defensiva. Chegar em casa são e salvo, e principalmente tranqüilo é o que há de chique.

Bicicleta é a bola da vez. Seu uso está crescendo muito rápido principalmente em grandes centros urbanos. Entre os ciclistas há muita confusão, muita informação errada e desinformação; diz-se muita besteira, daí a quantidade tão grande de pessoas tomando chão da bicicleta. Como se fala em tombo por aqui. Nossa! Infelizmente tem muita gente que acha chique tomar tombo, que faz parte da formação de um ciclista. Barbaridade! É verdade, basta ouvir as conversas. Há uma quantidade enorme de novos ciclistas que vão a uma bicicletaria, compram uma bicicleta chique e saem pedalando como se estivessem dirigindo um carro ou uma moto. Usam a referência que tem. Não pode dar certo. Bicicleta é bicicleta, moto é moto, carro é carro. A bicicleta costuma trazer para fora a criança que há dentro de si, o que depois de barbado não costuma funcionar bem. Adulto não precisa ser uma criança, principalmente pedalando.

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Bicicleta é insegura? Não. Como diz Luiz, “qualquer veículo mal conduzido é inseguro”. Verdade! A questão é que todo nosso trânsito está louco, fora do padrão de normalidade. A bem da verdade, não só o trânsito, mas todo o país. Convivemos com a insegurança como se esta fosse uma coisa normal, inerente à vida de qualquer sociedade. Definitivamente não é assim! Resultado da falta de cultura sobre o que deve ser uma cidade, uma sociedade, o comportamento individual, sobre nossos deveres e, porque não dizer, direitos. Direito à normalidade, direito à paz. O brasileiro perdeu a noção de normalidade. E a bicicleta, que é a mania da vez, cresce com os mesmos vícios da sociedade. Não é a bicicleta que é insegura, mas a sociedade que está viciada em insegurança. Quem s ó pensa em insegurança não tem tempo para ser seguro.

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