A nova geração da Honda CB 350 é uma daquelas motos que têm tudo para fazer sucesso no Brasil. É bonita, bem resolvida, tem uma proposta clara e itens de série interessantes. Porém, foi desenvolvida num mercado muito longe do nosso e com um objetivo claro: fazer frente à Royal Enfield. Conheça o modelo, o contexto em que foi criado e seus trunfos para se destacar no segmento.
Honda CB 350 e Classic 350
Antes de apresentar a CB em si, é preciso conhecer o enorme mercado das motos clássicas na Índia. Por lá, num único mês o nicho pode vender mais de 70 mil unidades! Para comparação, em todo o ano de 2023, a Royal emplacou ‘apenas’ 12,4 mil unidades no Brasil – e foi um recorde.
A nova geração da CB 350 chegou em 2020 esbanjando estilo e tecnologia. Desde então, recebeu várias cores e versões, mas a missão permanece: destronar a Royal Enfield
Este nicho imenso é dominado pela Royal Enfield, mas várias marcas estão em busca de conquistar seu espaço. Entre elas, fabricantes locais como a Yezdi (que criou uma espécie de multiverso da RE) e a Jawa. E também grandes players do exterior, como Benelli e Honda.
Classic 350, disponível há muito tempo e em inúmeras versões, é a líder das motos clássicas na Índia
CB 350 é uma cópia da Royal?
Se você olhar de perto, notará que praticamente todas as motos do segmento à venda na Índia tem nítidas semelhanças de design. E, para evitar e resistência do público, a Honda optou por manter esta tradição, desenvolvendo uma moto realmente similar às Royal Enfield em visual e proposta. Nascia, em 2020, a CB 350.
Claro que, oficialmente, a nova geração remete às antigas Honda dos anos 1970. Porém, considerando o mercado atual, a principal ‘inspiração’ parece ter sido a Classic 350, líder do nicho. Até o desempenho modesto é semelhante ao da moto indiana.
Afinal, a Honda chegou movida por um motor de 1 cilindro, arrefecimento a ar e 348 cc. Apesar do tamanho, entregava ‘apenas’ 20,8 cv e 3.0 kgf.m de torque, deixando claro que era uma moto pensada para estilo e economia, não adrenalina. Para comparação, na Classic eram 19,1 cv e 2,8 kgf.m, entregues pelo motor de 346 cm³.
CB 350 H’ness foi lançada na Índia em 2020 e aos poucos chegou em vários países. Infelizmente, Brasil ainda não entrou pra lista
Assim como na Royal, o câmbio era de 5 velocidades e as rodas, grandes, com aros de 19 polegadas na dianteira e 18 atrás. A Honda, porém, tinha tanque maior (de 15 litros, ante 13,5) e era 14 kg mais leve, marcando 181 kg na balança quando abastecida.
Uma ‘CB Signals’?
Também chamada de H’ness, a CB chegou nas versões DLX e DLX Pro. Logo recebeu uma variação com ares de esportividade, a RS. A edição tem acabamento próprio, com elementos escurecidos, além de traseira afilada e itens exclusivos, como banco, tanque, setas e lanternas. Uma combinação que ficou muito bonita, aliás.
Nova geração da CB 350 está ainda mais parecida com a Classic 350, da Royal Enfield
Mas no fim de 2023 as semelhanças com a Classic ficaram inegáveis. A Honda apresentou uma nova geração da CB 350 com visual ainda mais saudosista, com direito a escapamento baixo e longo, banco bipartido, apoios no tanque, ‘canaletas’ nas suspensões dianteiras e pintura em tons foscos – inclusive numa opção de bege, cor característica da Classic Signals. Ou seja, uma Honda propositalmente semelhante à principal rival.
Aqui, a Classic 350 Signals
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O visual parece, mas a tecnologia…
Há inúmeras semelhanças entre CB 350 e suas rivais da Royal na ficha técnica, desempenho e design. Porém, quando o assunto é tecnologia a Honda toma distância. Afinal, a japonesa apostou neste tópico para construir seu espaço num mercado que já tinha uma líder.
Iluminação full-LED, controle de tração, embreagem assistida e deslizante, ABS nas duas rodas e até conectividade com comandos por voz. A Honda ‘recheou’ a CB 350 – aqui, na versão RS
Assim, a lista de itens de série era generosa. Já na primeira geração, a japonesa oferecia iluminação full-LED, controle de tração, freios ABS nas duas rodas, pisca alerta e cavalete central. Para conquistar seu espaço, trazia até embreagem assistida e deslizante. E ia além. Para atrair o interesse dos indianos, oferecia conectividade e até comandos por voz, o HSVCS, na versão DLX Pro.
Quanto custa a nova CB 350
Apesar de todos os esforços da concorrência, a Royal Enfield segue dominando o segmento das clássicas na Índia com mais de 80% de participação. E o fator preço não parece ser determinante para a preferência, uma vez que as rivais têm valores bem próximos.
Mais nova e melhor equipada, CB 350 chega a custar menos que a Classic em algumas versões. Mas os indianos ainda preferem a marca local
A Classic 350 custa, em média, de 202 a 224 mil rúpias – cerca de R$ 12,2 mil a R$ 13,6 mil em conversão direta. Já a CB 350, mesmo melhor equipada, varia de 209 a 220 mil rúpias (R$ 12,6 mil a R$ 13,3 mil). Além da Índia, a Honda está à venda em vários países, inclusive o Japão, onde é oferecida como GB 350. Infelizmente, o Brasil não faz parte desta lista.
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