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Texto de Hugo Carlos, de São Bernardo do Campo (SP)

Desde que comecei a ler sobre motos na Internet reparo que em todos os fóruns que frequento sempre tem alguém incomodado com a leitura dos velocímetros. E os colegas consultados costumam incluir nos comentários sobre o tema a afirmação de que é a legislação brasileira que “obriga” que os velocímetros marquem mais que o real. Aí eu fui pesquisar um pouco mais e encontrei o seguinte documento sobre regulação do tema: Portaria nº 115/1998 do INMETRO .

Velocímetro virou peça de marketing?

Velocímetro virou peça de marketing?

Esta portaria regulamenta o funcionamento de instrumentos de aferição de velocidade instantânea (incluso radares). Lá consta a variação permitida na aferição, que como toda margem de erro, pode ser superior ou inferior à medida apresentada e é descrita como segue:

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4.2 Erros máximos admitidos

4.2.1 Erros máximos admitidos em apreciação técnica de modelo em laboratório.

a) Para medidores de velocidades com indicação analógica
± 1,5 km/h para valores medidos até 100 km/h
± 1,5% para valores medidos superiores a 100 km/h
A informação registrada não deve diferir em mais de 1 km/h da indicação do
instrumento.

b) Para medidores de velocidades com indicação digital
± 1 km/h para valores medidos até 100 km/h
± 2 km/h para valores medidos superiores a 100 km/h
A informação registrada deve coincidir com a indicação do instrumento.

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4.2.2 Erros máximos admitidos na apreciação técnica de modelo em condições de uso.
± 3 km/h para valores medidos até 100 km/h
± 3% para valores medidos superiores a 100 km/h

É interessante notar que a redação da portaria deixa claro o que é admissível como margem de erro e não OBRIGA a existir margem de erro, como sugere-se às vezes em discussões na internet. Não tenho conhecimento técnico necessário para afirmações que reflitam a verdade, mas imagino que seja muito difícil conseguir colocar em veículos marcadores de velocidade instantânea com precisão maior do que a descrita pela portaria (margem de erro de 3%).

Os GPS tem marcação mais exata, mas tem um atraso de envio do sinal, ou seja, em situações de variações rápidas de velocidade a informação que você lê é de instantes anteriores à velocidade atual. Não é tão ”instantâneo” quanto um aparelho que calcule por rotações da roda ou da embreagem ou do motor, que por sua vez ficam à mercê de diversas variações ambientais que impedem a precisão da medição: calibragem, atrito, altitude, inclinação, qualidade do sensor que coleta as rotações, qualidade do calculador que transforma a rotação em km/h, entre muitas outras.

Caso realmente seja inviável medidores mais precisos, então os fabricantes de veículos colocam velocímetros que sabidamente marcam velocidades maiores que as reais? Isso acabou virando uma peça de marketing? Afinal, “quanto dá de final” ainda é uma pergunta bem popular, principalmente entre os motociclistas.

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Espero que pessoas com conhecimentos melhores colaborem para esclarecer essas dúvidas!