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A Fazer 250 é fruto de um dos projetos mais acertados da Yamaha no Brasil e ajudou a marca a ganhar espaço no mercado brasileiro. O modelo 2018, que chegou no final do ano passado às ruas, tem a missão de continuar impulsionando a marca para reconquistar mais espaço. Para isso, a moto sofreu significativas mudanças que reforçaram as mesmas características das versões anteriores, agora com um leve toque de esportividade, mas sem perder seu caráter urbano.

Para tentar entender essa mistura que podemos chamar de “mais do mesmo”, já que a mexida na moto deixou-a melhor do que antes em muitos aspectos, utilizamos a moto nas situações onde ela é normalmente usada pela sua legião de consumidores e fãs (são mais de 300 mil unidades vendidas desde 2006). Fizemos um circuito que misturou cidade e estrada, totalizando 680 km e duas constatações práticas são claras: ela está mais rápida e ágil, porém penalizou um pouco do conforto para longos trajetos das versões anteriores.

Estas duas novidades ficam bem fáceis de explicar: um novo chassi mais leve que encurtou a moto e a posição das pedaleiras um pouco recuadas, junto com o guidão em posição mais alta. Uma mistura que acabou deixando essa posição de pilotagem ligeiramente indefinida, o que fica sensível após períodos mais longos de pilotagem. Se a ideia era dar mais esportividade, o recuo das pedaleiras faz sentido, mas o guidão mais alto vai na direção contrária disso.

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Apesar dessa indefinição quanto à posição de pilotagem da nova Fazer 250, continua sendo um grande prazer conduzir a moto, sobretudo em trechos sinuosos, seja no trânsito ou na estrada, pois está mais fácil mudar a moto de direção rapidamente, reagindo instantaneamente a qualquer movimento do piloto. Soma-se a isso as respostas do acelerador que estão mais vigorosas, fruto de uma faixa de torque melhor distribuída e que surge já em rotações mais baixas, a Fazer 250 mantém a qualidade da pilotagem. Mas essa agilidade toda poderia ser ainda maior, não fosse o pneu traseiro mais largo, que passou de 130/70-17 do modelo anterior, para 140/70-17, uma mudança que deixou a moto com mais porte, mas cobra seu preço na agilidade.

Fazer 250 ABS 2018

Fazer 250 ABS 2018

Rodas mais largas

Fazer 250 ABS 2018

Fazer 250 ABS 2018

Posição de pilotagem mais esportiva

Fazer 250 ABS 2018

Fazer 250 ABS 2018

Design frontal impõe respeito

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Fazer 250 ABS 2018

Fazer 250 ABS 2018

Semelhança com motos maiores

Fazer 250 ABS 2018

Fazer 250 ABS 2018

Caster menor possibilita manobras mais fáceis e rápidas

Fazer 250 ABS 2018

Fazer 250 ABS 2018

Posição das pedaleiras mais recuadas

Fazer 250 ABS 2018

Fazer 250 ABS 2018

Tanque de combustível com capacidade para 14 litros

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Fazer 250 ABS 2018

Fazer 250 ABS 2018

Suspensões copiam e absorvem bem as irregularidades do piso

Fazer 250 ABS 2018

Fazer 250 ABS 2018

Freios ABS de série

Fazer 250 ABS 2018

Fazer 250 ABS 2018

Faróis e lanternas em LED

Na apresentação da nova Fazer 250, no início de novembro do ano passado, a Yamaha usou a palavra surpreendente e nós usamos a palavra aperfeiçoada para definir a nova moto. Agora que tivemos contato mais intenso e em condições de uso regular com a moto, podemos dizer que as duas palavras definem bem a moto. O grupo de engenheiros multinacional (indianos, japoneses e brasileiros) que trabalharam para mudar e melhorar a moto, conseguiu colocar elementos que surpreendem, aperfeiçoam e de fato renovam a moto, o que parecia difícil de acontecer.

Além da melhora sensível na agilidade e nas respostas da moto com o novo chassi e das pequenas mudanças técnicas no motor, surpreendeu bastante a boa média de consumo que fizemos com ela em uso normal, que ficou em 34,4 km/l. No teste da Fazer 250 anterior que fizemos, em 2011, a moto não passou de 30 km/l. Abastecemos todo o tempo com gasolina comum e a pior marca de consumo foi feita no inicio do teste – 30,8 km/l -, quando pegamos a moto com o tanque cheio e não sabemos exatamente qual a proporção da mistura etanol/gasolina. Pelo resultado, acreditamos que havia boa dose de etanol na mistura.

Após este primeiro tanque de combustível, abastecemos com gasolina e a média de consumo subiu significativamente para 37,8 km/l, quando rodamos boa parte em estradas simples e rodovias, sempre próximo do limite de velocidade de 120 km/h. O tanque de combustível, que agora tem capacidade para 14 litros (o anterior tinha capacidade para 18,5 litros) admite autonomia fácil para além dos 400 km e surpreende também o fato de que tudo o que se vê imitando o tanque de combustível é apenas uma cobertura de plástico e o tanque de combustível está por baixo de tudo.

Apesar de não ter feito qualquer modificação no motor, dois itens são completamente novos e são fundamentais para que o desempenho da moto siga sendo destaque, sobretudo com o torque avantajado mais presente em baixas rotações. O primeiro é a caixa de ar muito maior, que alimenta melhor a mistura ar/combustível e melhora a resposta do motor. O segundo é o escapamento, que permite melhor fluxo de gazes na saída e gera um ronco mais grave e encorpado. Estas duas mudanças deram à moto 0,6 cv a mais de potência, o que é pouco perceptível na velocidade final, mas muito sensível nas respostas em rotações mais baixas.geometria_fazer250

Não mexer no motor da moto, apesar do “clamor popular” por modernização, como arrefecimento líquido e outras mudanças que lhe dessem mais potência, foi uma decisão conservadora da fábrica, que não quis colocar em risco a confiabilidade e resistência do projeto atual. O motor segue sendo o mesmo, com um cilindro, arrefecimento misto (ar e óleo), 249,5 cm³ de capacidade cúbica, duas válvulas acionadas por comando simples no cabeçote (SOHC – Single Over Head Camshaft) que gera 21,3 cv (gasolina) e 21,5 cv (etanol), ambos atingidos a 8.000 rpm e torque de 2,1 kgf.m a 6.500 rpm independente do combustível ou da mistura que estiver no tanque.

Há ainda mais dois detalhes periféricos ao motor, mas que influem diretamente no bom desempenho: o sistema de injeção de combustível que ganhou um bico injetor de 10 furos, padrão para motos de alta cilindrada, e uma nova relação coroa e pinhão, agora com 46 e 15 dentes respectivamente. O primeiro aumenta a eficiência da atomização da mistura ar e combustível no interior da câmara de combustão e o segundo se ajusta ao câmbio de cinco marchas para que o torque seja melhor distribuído.

Alças traseira são bonitas, mas faltam ganchos para ajudar na fixação de cargas

Alças traseira são bonitas, mas faltam ganchos para ajudar na fixação de cargas

O maior responsável por todas as mudanças na Yamaha Fazer 250 é o novo chassi, que está 4 kg mais leve e agora é do tipo diamante, com o motor fazendo parte da estrutura (era berço duplo). Fabricado em tubos de aço, o chassi manteve a boa rigidez do conjunto e atua positivamente para o equilíbrio e controle absolutos da moto em manobras rápidas ou em baixa velocidade. A rapidez e agilidade nas mudanças de direção se explicam pela diminuição no ângulo de caster e no trail, que agora são de 24,5° e 98 mm (26,5º e 104 mm na Fazer 250 anterior) respectivamente.

Os freios seguem o bom padrão da marca e oferecem total segurança, sem qualquer consideração negativa. Agora equipada com ABS de série na versão única, os freios respondem bem e atendem corretamente a necessidade da moto com os discos nas duas rodas (282 mm na dianteira e 220 mm na traseira). Já as suspensões melhoraram muito, tanto no tocante a conforto quanto a estabilidade. Na dianteira o garfo telescópico agora tem tubos de 41 mm de diâmetro (antes eram de 37 mm) e curso 10 mm maior (130 mm) e na traseira o amortecedor único mudou de posição e agora tem sete posições de ajuste para a pré-carga da mola.

A Fazer 250 ABS pelada: tanque escondido e de menor capacidade

A Fazer 250 ABS pelada: tanque escondido e de menor capacidade

O sistema copia e absorve bem as irregularidades do piso sem transmitir desconforto ao piloto e mantém os pneus grudados na piso em todas as condições, corrigindo a maciez excessiva da suspensão no modelo anterior. As rodas de liga leve são mais largas e estão equipadas com pneus Pirelli Sport Demon medida 100/80-17 na dianteira e na traseira aumentou de 130/70-17 do modelo anterior, para 140/70-17, o que oferece um rodar macio e boa aderência em qualquer condição.

No período que andamos com a Fazer 250 em São Paulo, impressionou a quantidade de motociclistas que pararam para olhar a moto de perto. “Parece a XJ6”, “Está diferente” e “Ficou top” foi o que mais ouvimos. A verdade é que ninguém ficou indiferente à ela e as mudanças estéticas realmente chamam muito a atenção e deixam dúvidas se é “apenas” a Fazer 250 mesmo. Ponto para os designers da Yamaha, que se inspiraram na XJ6 para dar identidade familiar à nova Fazer 250 e acertaram na mosca. Linhas esportivas, banco em dois estágios, pneu traseiro mais largo, farol dianteiro e lanterna traseira em LED, tudo conspira para dar à moto um ar mais moderno.

Linhas modernas dão à moto semelhança com motos maiores

Linhas modernas dão à moto semelhança com motos maiores

Há carenagem por toda a moto, escondendo a grande viga lateral do chassi, o tanque de combustível e a parte traseira até a rabeta, dando à ela mais porte e presença, mas complicando limpeza e manutenção fora da concessionária. O painel é totalmente digital agrega funções, como os indicadores de consumo instantâneo e média de consumo, além das funções tradicionais: velocímetro, o hodômetro total e dois parciais (trip-1 e trip-2) e “Fuel Trip” (que indica a quilometragem rodada na reserva), relógio, tacômetro e luzes indicadoras de piscas, farol alto, neutro, alerta de motor e do sistema Blueflex.

A Yamaha demorou para fazer mudanças significativas na sua moto, mas valeu a pena esperar. A marca consegui manter o que a moto tinha de excelente, melhorou muitos itens que necessitavam de mudança e modernizou o produto para dar-lhe mais longevidade. Resta saber se a concorrente Honda, com sua CB Twister não vai contra-atacar para se manter na liderança. A nova Yamaha Fazer 250 tem agora garantia de 4 anos e quatro opções de cores: azul metálico, branco metálico, preto sólido e vermelho com acabamento fosco. O preço na primeira quinzena de janeiro de 2018 é de R$15.229,00 (tabela FIPE).

Ficha Técnica Yamaha Fazer 250 ABS 2018

Motor Um cilindro, SOHC, 2 válvulas, arrefecido a ar, 4 tempos
Cilindrada 249,5 cc
Diâmetro x Curso 74,0 x 58,0 mm
Potência Máxima 21,3 cv/8.000 rpm (Gasolina) – 21,5 cv/8.000 rpm (Etanol)
Torque Máximo 2,1 kgf.m/6.500 rpm (Gasolina) – 2,1 kgf.m/6.500 rpm (Etanol)
Alimentação Injeção Eletrônica
Taxa de compressão 9,8:1
Peso Líquido 149 kg
Câmbio 5 velocidades
Dianteira Garfo telescópico
Curso da Suspensão Dianteira 130 mm
Traseira Balança traseira tipo Monocross
Curso da Suspensão Traseira 120 mm
Dianteiro Disco de 282 mm com sistema anti bloqueio (ABS)
Traseiro Disco de 220 mm com sistema anti bloqueio (ABS)
Altura do assento 790 mm
Comprimento total 2015 mm
Largura Total 770 mm
Altura Total 1070 mm
Altura mínima do solo 160 mm
Distância entre eixos 1360 mm
Tanque de Combustível 14 litros (3,2 litros reserva)

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Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.