As primeiras especulações sobre a vinda da Royal Enfield para o Brasil geraram muitas dúvidas sobre os modelos que seriam trazidos e como tais motos se comportam em terras brasileiras. E agora, enfim, pudemos acelerar as motos em nosso chão e ver como elas se saíam! Na semana passada fomos convidados pela Royal Enfield para passar o dia inteiro rodando nos três modelos que já estão sendo comercializados por aqui, rodando em um percurso com cerca de 140 km que testemunhou a essência clássica prometida pela marca inglesa-indiana.
Aceleramos entre as cidades de Itupeva e Serra Negra (SP), onde tivemos a oportunidade de enrolar o cabo com a Continental GT, a Classic e a Bullet. São modelos que remetem a uma época longínqua, da década de 50, nos possibilitando uma verdadeira viagem no tempo. Estamos falando de um tipo diferente de moto, destinada a um nicho específico, feito para quem curte um rolê com estilo, degustado sem pressa, sem olhar o relógio e se preocupar com que horas vai chegar. Eles definem isso como “Motopurismo”.
Seguindo sua receita de clássicas autênticas e ‘puras’, a Royal Enfield aposta na simplicidade e minimalismo, com motos de acabamento simples e mecânica bastante robusta. Apesar de estarmos falando de motos com 500 cc, não espere um desempenho arrebatador, pois essa não é a proposta delas. A ordem aqui é sentir o torque em baixa e apreciar a viagem.
O mesmo motor nos três modelos
O mesmo propulsor serve de base para Bullet, Classic e Continental GT. Ele conta com injeção eletrônica, é arrefecido a ar e trabalha em conjunto com câmbio de 5 marchas, embreagem multidisco em banho de óleo. Apesar das aperfeiçoes que o tempo trouxe, a Royal Enfield manteve algumas características da década de 50, como pistão com curso longo e engrenagem volante, responsável pelo torque em baixos giros.
A Classic e a Bullet utilizam exatamente o mesmo motor. São 499 cc, que oferecem 27,2 cv de potência a 5.250 rpm e torque de 4,2 kgf.m a 4.000 rpm. Já a Continental GT recebeu melhorias para corresponder ao apelo mais esportivo de sua proposta café racer. O motor sofreu diversas alterações para ganhar mais cilindrada e potência. Com 535 cc, ele oferece 29,1 cv a 5.100 rpm e 4,49 kgf.m a 4.000 rpm. É um motor que cresce de forma gradual, que não gosta de giros altos, mas saiba acelerá-lo que a diversão é garantida.
Tanto na Continental quanto nas irmãs os motores são monocilíndricos e vibram bastante quando exigidos em altas rotações, passando essa sensação diretamente para as mãos e pés. Quando atingimos altos giros a vibração atrapalha, inclusive, o ato de olhar pelo espelho. Mas a pegada dessas motos é outra e não adianta querer extrair o máximo de potência delas, afinal, elas não foram fabricada para isso. O divertido mesmo é jogar a quinta marcha e curtir o passeio sem preocupações.
Test ride da Royal Enfield Continental GT
A Continental GT foi a moto que mais me agradou durante o teste, em partes pelo seu estilo, em noutras pelo desempenho e posição de pilotagem mais agressiva. Nela as pedaleiras são posicionadas para trás, remetendo o estilo de uma autêntica café racer da década de 60.
Das três, a Continental é a que oferece maior performance. Ela é leve e ágil, e com seus 184 kg encara curvas muito bem. A moto é dotada de um chassi de duplo berço e rodas de alumínio, além de freios a disco nas duas rodas, assistido com pinças Brembo – que aliás, freiam a moto com eficiência. O sistema de suspensão utiliza garfo telescópico na dianteira e dois amortecedores Paioli na traseira. Ela é calçada com Pneus Pirelli Sport Demon. O assento é um tanto quanto duro e a posição de pilotagem, embora divertida, não facilita para trechos mais longos.
Como foi rodar nos modelos Classic e Bullet
Mecanicamente falando, não existem muitas diferenças entre a Classic e a Bullet, afinal compartilham o mesmo chassi de berço simples, motor, painel e freios. A Classic, como o próprio nome sugere, é mais clássica, com design do início dos anos 1950, consagrado no pós-Segunda Guerra Mundial. Ela é a mais confortável das três RE, mérito do mais que estiloso assento com molas e sistema de amortecimento. O banco na motocicleta testada é monoposto, mas no Brasil será oferecido assento do garupa como opcional.
A Bullet é a porta de entrada para a Royal Enfield, com o menor preço entre os três modelos: R$ 18.900. Tanto a Bullet, quanto ela quanto têm o guidão elevado e pedaleiras colocadas à frente, garantindo uma posição de pilotagem relaxada e ereta. Ambas empregam chassi que utiliza o motor como parte da estrutura, suspensão dianteira com garfos telescópicos de 35 mm e curso de 130 mm e suspensão traseira com amortecedores a gás duplos – com curso de 80 mm que se mostraram acertados para o uso na cidade, ignorando pequenas irregularidades do asfalto. Os freios também cumpriram o seu papel, com um disco único de 280 mm na dianteira e o sistema traseiro a tambor (bem que poderia ser a disco), com 153 mm.
Conclusão
A Royal Enfield começa sua atuação no Brasil trazendo para cá três motocicletas honestas, que cumprem o que prometem. Elas seguem receitas dos anos 1950 e 60 à risca, com visual, construção e motores dignos do pós-guerra e dos pegas apostados em cafés ingleses, prometendo uma experiência de pilotagem diferente do que já tínhamos em nossas concessionárias. Portanto, apontam como opções interessantes para quem curte estilo retrô e não quer investir muito dinheiro. Agora resta saber como o mercado brasileiro vai reagir a essas novidades. E você, gostou?!
Preços da Royal Enfield no Brasil
- Bullet 500: R$ 18.900
- Classic 500: a partir de R$ 19.900
- Classic 500 ABS: a partir de R$ 20.900
- Continental GT: R$ 23.000
- Continental GT ABS: R$ 24.500
Fichas Técnicas Royal Enfield
Bullet |
Classic |
Continental GT |
|
Motor / Tipo | um cilindro, 4 tempos, refrigerado a ar | ||
Cilindrada | 499 cc | 535 cc | |
Diâmetro x Curso | 84 mm x 90 mm | 87 mm x 90 mm | |
Índice de Compressão | 8.5:1 | ||
Potência Máxima | 27.2 cv @ 5250 rpm | 29.1 cv @ 5100 rpm | |
Torque Máximo | 4,2 kgf.m @ 4000 rpm | 4,49 kgf.m @ 4000 rpm | |
Sistema de Ignição | Ignição eletrônica digital | ||
Embreagem | Úmida, multi-placas | ||
Câmbio | 5 marchas | ||
Lubrificação | Carter úmido | ||
Óleo Lubrificante | 15W 50 API, SL Grade & above, JASO MA | ||
Alimentação de Combustível | Injeção Eletrônica de Combustível | ||
Filtro de Ar | Elemento Filtrante de Papel | ||
Partida | Elétrica e pedal | ||
Tipo | Quadro com estrutura única, motor faz parte da estrutura | Quadro com estrutura dupla | |
Suspensão dianteira | Telescópico, garfo de 35 mm, curso de 130 mm | Telescópico, garfo de 41 mm, curso de 110 mm | |
Suspensão traseira | Amortecedores à gás duplos com 5 ajustes pré-definidos de carga, curso de 80 mm | Amortecedores Paioli à gás duplos com ajuste de pré-carga, curso de 80 mm | |
Distância entre eixos | 1360 mm | ||
Altura em relação ao solo | 140 mm | 135 mm | 140 mm |
Comprimento | 2140 mm | 2060 mm | |
Largura | 800 mm | 790 mm | 760 mm |
Altura | 1080 mm | 1090 mm | 1070 |
Altura do assento | 800 mm | 800 mm | |
Peso | 195 kg | 190 kg | 184 kg |
Capacidade do Tanque | 13.5 litros | ||
Pneus Dianteiros | 90/90 – 19 | 100/90-18, 56 H Pirelli Sport Demon | |
Pneus Traseiros | 110/80 – 18 | 130/70-18, 63 H Pirelli Sport Demon | |
Freio Dianteiro | Disco único de 280 mm, pinça com 2 pistões | Disco flutuante Brembo 300 mm, 2 pistões e pinça flutuante | |
Freio Traseiro | Tambor único de 153 mm | Disco único de 240 mm, pistão, com pinça flutuante | |
Sistema Elétrico | 12 volt – CD | ||
Bateria | 12 volt, 14 Ah | ||
Farol | 60 / 55 W, halógena | ||
Lanterna traseira | 21 W/5 W |