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Em 2017 856.631 motocicletas de 30 marcas diferentes foram emplacadas no Brasil. Duas destas marcas – Honda e Yamaha – detém 92,3% da venda de moto e 4,1% são divididos pelas outras oito associadas à Abraciclo – associação que reúne os fabricantes de motocicletas no Brasil. O restante 3,6% é vendido pelas outras 20 marcas que aparecem nos dados de emplacamentos registrados pelos Detrans de todo o País e informados pela Fenabrave – Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos.

Apesar de expressivo, este volume representa um recuo de 13 anos no desempenho de vendas da indústria de motocicletas instalada no Brasil. Em 2004, o mercado brasileiro absorveu cerca de 890 mil motocicletas e crescia no invejável ritmo de 10% ao ano em média. Mas após alcançar seu ápice em 2008 e repetir a marca espetacular de quase 2 milhões de motocicletas vendidas no mercado interno em 2011,  o que se viu foram sucessivas quedas ano após ano, acumulando um decréscimo de 55,9% de 2011 para 2017.

Venda de moto nos últimos 6 anos: ladeira abaixo, mas os freios são bons e indústria prevê recuperação em 2018

Venda de moto nos últimos 6 anos: ladeira abaixo, mas os freios são bons e indústria prevê recuperação em 2018

Apesar dessa redução quando se olha o período mais longo, de 2016 para 2017 há quem comemore bom desempenho. Dentre as marcas que possuem alguma expressão no mercado brasileiro, Harley-Davidson, Yamaha, BMW e Triumph, a primeira com a expressiva marca de quase 12% e a segunda com quase 7% de crescimento em 2017, puxaram a fila dos que tem algo a celebrar. BMW e Triumph ficaram com 1,9% e 0,5% respectivamente, mas não terem caído em vendas já é motivo para ficarem felizes, sobretudo no cenário desanimador dos últimos tempos.

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Num mercado em queda, apenas  4 exceções; bom sinal?

Num mercado em queda, apenas 4 exceções; bom sinal?

No lado dos que venderam menos em 2017, quem mais perdeu foi a Traxx, uma das únicas marcas chinesas que conseguiu manter-se no mercado por alguns anos baseada no mercado de ciclomotores, inclusive com uma fábrica em Manaus (AM) e afiliação à Abraciclo, mas que não resistiu à crise e à regulamentação que obrigou ciclomotores a terem licenciamento. Para a Traxx o tombo foi de 77%, parecido com o que aconteceu com a Shineray, que também baseou seu sucesso de vendas nos ciclomotores e amargou queda de 73%. A terceira marca que mais caiu em 2017 foi a Dafra (45%), seguida de Suzuki (41%), Kawasaki (24%), Honda (8%) e Ducati (1%).

Perda da líder -  Honda - é igual à do mercado total, o que significa que quando a Honda se recuperar, o mercado vem junto. Indian, Triumph e KTM mostram a diferença em período menor, já que começaram depois de 2011

Perda da líder – Honda – é igual à do mercado total, o que significa que quando a Honda se recuperar, o mercado vem junto. Indian, Triumph e KTM mostram a diferença em período menor, já que começaram depois de 2011

No período de 6 anos (2011-2017), apesar do cenário de queda forte no mercado, há algumas marcas que conseguiram crescer em volume no mesmo período. Exceção à Shineray, cujo crescimento é fruto da regra que obrigou ciclomotores a serem licenciados e não de crescimento real de vendas, BMW, Harley-Davidson, Triumph, Ducati e KTM cresceram de forma importante no mesmo período que o mercado decresceu quase 56%. Três pontos comuns aproximam todas elas: iniciaram atividades industriais já no momento de crise (exceto a BMW, que começou em 2009 com a Dafra), saíram das mãos de representantes e passaram a ser operadas diretamente por uma subsidiária da fábrica (exceção novamente à BMW) e todas atuam no mercado de motos premium (acima de 500 cc).

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Fabricante

Venda Total em 2017

Participação de mercado

HONDA 666.185 79,29%
YAMAHA 115.232 13,72%
SHINERAY 14.676 1,75%
SUZUKI 6.960 0,83%
BMW 6.626 0,79%
DAFRA 6.307 0,75%
HARLEY-DAVIDSON 5.295 0,63%
TRAXX 5.021 0,60%
KAWASAKI 4.459 0,53%
10º TRIUMPH 3.919 0,47%
11º HAOJUE 2.374 0,28%
12º DUCATI 1.184 0,14%
13º KTM 773 0,09%
14º KYMCO 593 0,07%
15º ROYAL ENFIELD 317 0,04%
16º INDIAN 259 0,03%
OUTRAS 6.451 0,77%

Destaques sobre a venda de moto no Brasil

  • Apenas as regiões Sul e Sudeste mostraram crescimento (pequeno) de vendas em 2017: 3,9% e 1,9% respectivamente;
  • As quedas regionais são puxadas pela região Norte, com -14,1%, seguido pelo Nordeste com -11,1% e – 5,4% no Centro-Oeste;
  • A média de venda de moto por dia em 2017 foi de 3.700 unidades; mas esse número já chegou a quase 8 mil em 2011;
  • A única modalidade de venda de moto que cresceu em 2017 foi o financiamento, com 9,8%;
  • Venda à vista e pelo consórcio caíram 7,8 e 20%, respectivamente;
  • A distribuição da venda que era razoavelmente equilibrada entre as três modalidades, agora é liderada pelo financiamento (40,4%), à vista (30,7%) e consórcio (29%);
  • Além das marcas conhecidas presentes no mercado brasileiro, outras 14 marcas ainda emplacam motocicletas por aqui: Jonny, Wuyang, Dajiang, Marva, Sundown, Motocar, Avelloz, Huari, Haobao, MV Agusta, Bull, Bravax, Kasinski e Souza.

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Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.