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Enfim aceleramos a nova CB 300F Twister. Sonho de consumo para muitos que sobem das 150/160 cc e representante da Honda num segmento borbulhante onde novas marcas e modelos não param de chegar, a street média é o principal lançamento da marca nos últimos meses – no último ano, talvez. Mas afinal, como anda a nova Twister 300?

O test ride aconteceu na região de Salesópolis (SP), percorrendo cerca de 150 km pelo interior do estado, e ressaltou o que em breve serão conhecidos como pontos altos do modelo. Estável, gostosa de pilotar, econômica, progressiva, com bom torque e visual que chama a atenção. Mas nem tudo são flores. Saiba onde a nova Honda 300 cc surpreendeu positivamente e no que ela poderia ser melhor.

twister 300 - dourada

A CB 300F Twister chegou rodeada de expectativas. Econômica, estável e com bom desempenho para a proposta, parece pronta para atender todas

 

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Teste ride com a nova Twister 300

Antes de falar como anda vamos relembrar quem é a nova CB 300 F Twister. Evolução (e substituta) da CB 250F Twister vendida de 2015 a 2022, mantém a base mecânica da antecessora e agrega uma série de itens inéditos, além de motor atualizado para entregar desempenho superior.

Assim, o lançamento tem embreagem assistida e deslizante, novo painel LCD completo, iluminação full LED e tomada USB-C. As suspensões também são novas, com tubos de 41 mm na dianteira (muito parecida com as antigas bengalas da CB 500F) e mola dupla atrás, onde o curso migrou de 108mm para 120 mm, mas sem regulagens. A roda traseira passa a calçar pneu mais largo, 150/60-17.

painel twister 300

Novo painel é muito mais completo que o da antiga 250F Twister. Mesmo com o excesso de reflexos característico dos modelos blackout, tem boa leitura

 

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Novo motor

Ele mantém a base do propulsor usado nas CB 250F e CRF 250F, mas adotou uma série de componentes novos e foi redimensionado. A maior diferença está no pistão, que passou de 71 mm para 77 mm (mantendo o curso de 63 mm), elevando a cilindrada de 249,5cc para 296,5 cc. O radiador de óleo também ficou maior.

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Motor mantém a base do visto na CB 250F Twister, mas tem novos componentes, está maior e mais potente. Na hora de acelerar a diferença é notável

Com o aumento na capacidade volumétrica, mais potência. Agora são 24,7 cv a 7.500 rpm e 2,6 kgf.m a 5.500 rpm, mantendo o câmbio de 6 marchas. Ou seja, está 10% mais potência e 15% mais torque que a antecessora, com 22 cv e 2,2 kgf.m.

 

Primeiras impressões

O primeiro contato agrada. A nova Twister 300 tem belo visual, adotando a nova identidade visual da Honda que remete diretamente a modelos atuais como a CB 500F e a CB 750 Hornet. O acabamento é bom, com encaixes precisos e plásticos texturizados.

 

Um destaque é o novo tanque, envolto por carenagens plásticas que possibilitaram adotar um design mais agressivo e pontiagudo. Ele também garante um encaixe mais preciso das pernas no tanque, já que é estreito na base – e volumoso na parte superior, buscando uma ‘cara’ de moto de maior cilindrada.

Ao girar a chave liga o painel LCD. Com fundo invertido (blackout), informa sobre status da bateria, marcha engatada, rotação do motor, hora, hodômetro e nível de combustível. O computador de bordo exibe a velocidade e consumo médios, personalizados para os trip A e B. Bacana, completo e com boa leitura.

 

Pontos positivos

É hora de rodar com a nova CB 300F Twister… e de observar um de seus pontos positivos: a ergonomia. Como o chassi é praticamente o mesmo da antiga CB 250F, as pedaleiras estão nos mesmíssimos lugares. Porém, o guidão está mais baixo (é quase reto) e as pernas mais coladas com o tanque. Isso garante uma posição mais envolvente com a moto, com leve inclinação à esportividade. Ou seja, bem diferente da ‘posição CGzona’ da antiga Twister 250F.

tanque twister 300

Tanque estreito e guidão baixo contribuíram para uma melhor ergonomia. Com um toque de esportividade, deixou para trás a ‘sensação CGzona’ da antiga CB 250F Twister

O segundo ponto positivo é a ciclística. As novas suspensões e pneus Pirelli Diablo Rosso III garantem ótima estabilidade em curvas sinuosas de baixa ou alta velocidade. Já na cidade ela é ágil como a antiga 250F e confortável (para uma street de leve apelo esportivo, claro), sem passar impactos à coluna em imperfeições no asfalto ou lombadas. A Honda parece ter encontrado o meio termo entre rigidez e conforto.

A Honda parece ter acertado em cheio na calibragem da suspensão e pneus: nova Twister é estável na estrada e confortável na cidade

Já o terceiro é o desempenho. A nova Twister 300 tem ótima arrancada e acelera com facilidade até os 130 km/h. Além disso, mantem com tranquilidade velocidades na casa dos 120 km/h em sexta marcha. Ou seja, desempenho compatível com de uma street média, muito mais preocupada com equilíbrio e economia do que com atingir velocidades vertiginosas.

Para fechar, o consumo. Mesmo sem chegar aos 39,7 km/litro aferidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia durante testes de homologação do modelo, a nova CB 300F mandou bem. Em nosso teste, a nova Twister 300 fez cerca de 35 km por litro de gasolina, exibidos no computador de bordo. Mais econômica que sua antecessora, diga-se de passagem.

Se você quer chegar aos 180 km/h com uma 300cc, busque uma naked – e não reclame do consumo. Desempenho da nova Twister 300 é compatível com a proposta

 

Consumo e top speed da nova Twister 300

Bom, o consumo nós acabamos de pincelar aqui. Mas como ela ficou mais econômica que a 250F, tendo motor maior e mais potência? A resposta está no torque. Como o torque subiu é preciso acelerar menos, consumindo menos. Com a moto amaciada e numa tocada voltada à economia (como não passar dos 90 km/h em sexta marcha numa rodovia), provavelmente ela registrará médias acima dos 35 km/litro.

honda cb 300 f twister (14)

Neste primeiro contato, nova CB 300F teve velocidade final de 150 km/h e consumo na casa dos 35 km por litro. Nada mau

 

Mas o top speed, quanto a nova Twister 300 dá de final? Foi um test ride curto e sem as condições ideias para essa medição, mas pudemos tirar uma base. Na ocasião ela chegou a 150 km/h no painel, exatos 139,5 km/h no GPS – curiosamente, o número indicado pelo IMT durante a fase de testes. Parecia ter fôlego para ir um pouco além, mas é impossível precisar quanto. Nada mau para uma moto urbana, com ótima aceleração e voltada à economia.

Veja também:

 

Onde poderia melhorar

Antes mesmo de chegar ao mercado a nova CB 300 F Twister sofreu com duras críticas do público – até gravamos um vídeo falando sobre. Algumas reclamações eram embasadas, outras nem tanto.

Entre os pontos mais citados está a ‘simplificação’ do modelo brasileiro em relação ao disponível no exterior (lembrando que ele foi desenvolvido aqui, por brasileiros e então exportado). Lá fora ela chega a oferecer conectividade bluetooth com comando por voz e suspensão dianteira invertida, tão lembrada por internautas tupiniquins.

No punho direto há pisca alerta, mas no esquerdo faz falta um botão que navegue pelas opções do painel. Sem ele é preciso tirar a mão do guidão enquanto pilota

Particulamente, achei a nova suspensão dianteira, telescópica e com tubos de 41 mm, tão acertada que não senti falta de um recurso mais sofisticado que certamente encareceria o produto. Porém, concordo que ela deveria ter controle de tração, tal qual a CB 300F asiática. A tecnologia já é encontrada em modelos menores da Honda, como a PCX 160, e reforça a segurança em condições adversas como ruas sujas, estradas de terra ou dias de chuva.

Outro detalhe que fez falta foi um botão junto ao punho para navegar pelas funções do painel. Sem ele, é preciso tirar a mão esquerda do guidão com a moto em movimento todas as vezes que você quer se informar sobre consumo, velocidade média ou distância percorrida nos trips, por exemplo.

Nova Twister 300 poderia ter controle de tração, recurso que está se popularizando até em modelos menores

Para fechar, a diminuta oferta de cores. A cinza está disponível apenas na versão básica ABS, enquanto a dourada é encontrada somente na ABS e a vermelha, nas duas. Se o comprador gostou mais da preta e não abre mão da segurança do freio antibloqueio, por exemplo, ele terá de escolher entre um dos dois.

Aliás, Honda tem sido bem econômica neste assunto. A PCX, por exemplo, tem apenas uma opção de cor para cada versão. Já se o cliente quiser uma Africa Twin topo de linha, Adventure Sports, terá de se contentar com o branco – e com o fato de ter outras tantas motos idênticas a sua na rua.

honda cb 300 f twister (8)

Se o cliente gostar da CB cinza, terá de se contentar com freios CBS. Se quiser a dourada, precisará pagar pelo ABS

 

Preço

Aqui, um ponto curioso da nova Twister 300 dada a divergencia de números quando o assunto é preço. O valor sugerido pela marca é de R$ 18.900 na versão CBS e R$ 19.800 na ABS. Já a tabela Fipe, que não separa as versões, afirma que o valor médio praticado pelo mercado é de R$ 21.039 (fevereiro 2023). Porém, é muito comum ver concessionárias cobrando valores na casa dos R$ 26 mil. Ou até mais.

 

Conclusão: vale a pena comprar a nova Twister 300?

Como rodamos apenas um dia e por cerca de 150 km, é difícil cravar que a CB 300F Twister é uma excelente moto. Mas tudo aponta para este caminho.

A nova Honda é como uma street média tem de ser: econômica e ágil na cidade, mas prazerosa e com bom desempenho (tanto de potência quanto de ciclística) na estrada para garantir passeios divertidos em finais de semana. Além disso, tem ótimo preço – desde que negociada por algo muito próximo do valor sugerido ou aferido pela Fipe.

Honesta, bonita e com preço competitivo, nova CB 300F Twister tem potencial para estabelecer novos recordes no segmento

Ainda deve levar um tempo até o modelo se solidificar no mercado e espantar o fantasma da antiga CB 300R, vendida entre 2009 e 2015, que ainda gera confusão em muitos potenciais consumidores. Caso o projeto se mostre tão resistente quanto é promissor e o preço se mantenha competitivo, podemos estar diante de uma nova recordista de vendas, batendo os números da antiga CBX 250 (2001 a 2008) e honrando o legado do nome Twister.

Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza